O presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting considerou “esgotadas as hipóteses de manutenção” de Bruno de Carvalho na presidência do Sporting. O dirigente contra-ataca e pede, por sua vez, a demissão de Jaime Marta Soares.
“Os sócios deram um sinal, disseram aquilo que querem, por isso, ou o próprio Bruno de Carvalho toma a melhor atitude para respeito do que os sócios querem ou nós utilizaremos toda a nossa competência estatutária para fazer regressar a paz ao Sporting”, afirmou Jaime Marta Soares.
No domingo, no jogo frente ao Paços de Ferreira em que os jogadores leoninos foram aplaudidos e o presidente assobiado, Bruno de Carvalho acusou os adeptos ‘verde e brancos’ de serem “ingratos e de memória curta”, remetendo os pedidos de demissão para as reuniões magna do clube.
“Vim aqui porque acho que nós temos o direito de mostrar os nossos descontentamentos. Agora, o que não é admissível é o facto de me adjetivarem. Se querem demissão, há um sítio próprio. Agora, não aceito que me chamem nomes“, começou por dizer o dirigente leonino no auditório Artur Agostinho. “Quem, de facto, me chamou tem que depreender que não andei na escola com eles, nem comi no mesmo prato. Peço que vão chamar nomes à família deles”.
“Esta ingratidão é de memória curta, faz parte da cultura do Sporting. Tenho a certeza que quem fez isto ainda não leu o post. Vão muito cedo para as roulotes e quando lerem vão perceber. Continuo a achar que o post é perfeitamente normal e tudo isto é normal”.
Questionado sobre se o presidente tem condições para continuar na liderança do clube, o líder da Mesa da Assembleia Geral do clube foi perentório: “Pelo que se viu ontem no estádio, não”.
“Os clubes ficam e as pessoas passam e o que têm a fazer é deixar história do seu passado – e Bruno de Carvalho deixa -, mas isso não lhes dá o direito de pensarem que o clube é propriedade de alguém a não ser dos sócios. Ninguém pode pensar de outra forma, a partir do momento que se tem outra interpretação, não se está a respeitar o que é o desejo de todos”, frisou o presidente da Mesa da Assembleia Geral.
“Por isso, na minha opinião, estão esgotadas as hipóteses de manutenção da atual presidência, para o Sporting retomar a paz que se impõe e se deseja. O tempo urge, não há tempo a esperar, e eu espero que ele tenha consciência disso”, acrescenta.
Bruno de Carvalho contra-ataca
No Facebook, esta manhã, o presidente do Sporting, que disse estar “a caminho do hospital” (recorde-se que ontem o dirigente saiu do relvado com uma alegada dor de costas), já reagiu às declarações de Marta Soares.
“O Dr. Jaime Soares criou a maior confusão vista na história do Sporting CP, ao conduzir, de forma infantil e incompetente, uma AG. Com essa sua atuação, provocou a necessidade na Direção de fazer uma nova AG. E eu a vir a público defender um homem que não tem defesa possível. Este foco de problemas vem agora ameaçar-me“.
“Eu tinha-o avisado que mais uma dele e quem pediria a sua saída seria eu e não apenas os Sócios, como o fizeram, de forma esmagadora, só o mantendo porque eu o pedi. Escusa de reunir a MAG que, diga-se, nunca se reviu nele nem esteve a seu lado, pois serei eu a pedir novamente à Direção para se fazer uma AG para os sócios se voltarem a pronunciar sobre nós e, separadamente, sobre os Presidentes da MAG e do CFD. Se os Sócios não tiverem a memória curta, sairá pela porta pequena como em Poiares“.
Mais tarde, o dirigente voltou ao ataque na mesma rede social. “A vida tem coisas engraçadas”, começa por dizer. “Ontem, o Jaime Soares dava-me palmadinhas nas costas, e desejava-me as melhoras e que hoje fosse um dia muito bom para mim e para a ‘Joaninha’. De repente, o poder caiu na rua e já veio atraiçoar quem sempre o defendeu. E colocou em perigo coisas importantíssimas da SAD“.
O presidente do Sporting anunciou ainda que vai deixar de escrever este tipo de posts. “Querem viver na ignorância e sem defesa à altura das necessidades do nosso Clube? Se o Sporting CP fica mais forte desta forma, seja feita a vontade da maioria”.
“Não cedo um milímetro no meu amor a este Clube, à sua defesa, mas para mim terminou de vez esta guerra surda de vos querer manter informados pelo meu único canal de informação próprio, o meu Facebook. E estou ansioso por ver esse exército pronto para a luta, essa militância inquestionável, onde desde rivais, políticos, comunicação social, Ministério Público, Clubes, Liga, Federação, entre tantos, vão estar-se nas tintas, como sempre estiveram, até chegar esta Direcão”.
“Que este meu afastamento do Facebook seja a vossa felicidade! E eu que sempre julguei que seria o sermos campeões em tudo. Ingénuo! Quinta-Feira lá nos veremos, com assobios mas sem insultos. Eu quero é que o Sporting CP ganhe o resto… O resto é isso mesmo, efémero… Viva o Sporting CP, e o resto não interessa!”, conclui.
Jesus esteve “sempre do lado dos jogadores”
Na conferência de imprensa no final do jogo, o treinador do Sporting usou a palavra “dignidade” para qualificar o plantel, que passou por uma “semana complicada”.
Segundo a TSF, Jorge Jesus sentiu a equipa “fisicamente carregada” e “emocionalmente desconfiada” mas sublinhou que a vitória foi “importante face a tudo o que aconteceu”.
“Eu tinha que defender o clube e os jogadores, estive sempre do lado dos jogadores“, garantiu o técnico leonino. “Quem faz crescer os clubes são os jogadores, as pessoas têm de se convencer disso!”, referiu ainda aos jornalistas, citado pela rádio.
Por sua vez, o guarda-redes e capitão do Sporting desvalorizou mais um comunicado no Facebook do presidente, afirmando que a missão dos futebolistas é “treinar e jogar”.
“O nosso foco é treinar e jogar e foi isso que fizemos hoje. Focámo-nos ao máximo para este jogo e conseguimos a vitória, que era o mais importante disto tudo. Era ganhar e é para isso que lutamos todos os dias”, disse Rui Patrício.
“Estamos aqui para trabalhar e dar o nosso máximo em prol do Sporting. É isso que fazemos”, reafirmou, acrescentando: “Trabalhamos todos os dias para fazermos as coisas perfeitas. Sabemos que nem sempre as coisas correm como queremos, mas vamos continuar a dar o máximo em prol do Sporting”.
O número 1 dos leões deixou claro que os jogadores foram um “grupo unido” e que sabem o que têm de fazer. “Trabalhar, dar o nosso máximo, em todos os treinos, em todos os jogos, é isso que vamos continuar a fazer até ao final da época”, frisou.
O guarda-redes titular da seleção frisou ainda que o plantel vai “lutar” pelas competições em que o clube ainda está envolvido. “Ainda estamos em três competições e agora vamo-nos focar no jogo de quinta-feira. O nosso objetivo é passar e estamos focados nisso”.
“Sempre sentimos o apoio dos adeptos, pois é para ele que nós jogamos. Nós damos o nosso melhor pelos adeptos, porque o Sporting é isso. São esses adeptos que nos acompanham em todos os jogos, que querem que nós demos o máximo e nós também queremos dar o máximo por causa deles”, finalizou.
Como começou a crise no Sporting
Bruno de Carvalho criticou, na passada quinta-feira, as exibições de alguns jogadores do Sporting, a seguir à derrota em casa do Atlético de Madrid (2-0), na Liga Europa.
Na sexta-feira, 19 jogadores do plantel, entre os quais Rui Patrício, William Carvalho, Fábio Coentrão, Coates, Gelson Martins e Bruno Fernandes, divulgaram um comunicado em que manifestaram “desagrado” com as críticas do presidente do clube.
Em resposta, o dirigente partilhou um texto no Facebook em que suspendia os jogadores que subscreveram o comunicado e fazia saber que teriam de enfrentar a disciplina do clube.
No sábado, o treinador da equipa afirmou que os futebolistas não receberam qualquer nota de suspensão por parte do clube e garantiu que Bruno de Carvalho lhe deu “liberdade para convocar os jogadores” que entendesse para o jogo com o Paços de Ferreira.
Antes do encontro, Bruno de Carvalho voltou a colocar um ‘post’ no Facebook a criticar os futebolistas, afirmando que “serão mantidos os processos disciplinares” aos jogadores, que mancharam “o bom nome do presidente e do clube”.
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