No seu habitual espaço de comentário na TVI, Miguel Sousa Tavares afirmou que o Sporting Clube de Braga “não tem adeptos”, considerando ainda que o Estádio Municipal de Braga é um dos “cinco elefantes brancos” herdados do Euro 2004.
Comentando o caso do Estádio Municipal de Braga, que a autarquia bracarense já adiantou que vai referendar a hipótese de o vender, o comentador afirmou que a obra projetada por Souto Moura é parte de uma “herança” com a qual nunca concordou.
“Isto é uma das heranças de uma coisa que chamaram desígnio nacional e que na altura eu sempre fui contra: o Euro 2004”, referiu, dando conta que existem outros exemplos este “desígnio”, como os estádios do Leiria, Aveiro, Faro e Coimbra”. Para o comentador, estes estádios são “elefantes brancos” que estão “desertos”.
Miguel Sousa Tavares considerou que o estádio do Vitória de Guimarães configura um caso diferente, uma vez que foi remodelado e possui massa adepta: “Guimarães é um caso diferente, porque Guimarães foi remodelado e porque Guimarães, o clube que joga lá, tem público. É o quarto clube português com mais adeptos e de facto tem adeptos”.
“Braga não tem assistência. Teve este fim-de-semana porque fizeram o jogo às quatro da tarde e os bilhetes eram quase de borla”, sublinhou quando questionado sobre as assistência do Braga. “Braga não tem adeptos de facto”, sustentou falando à TVI.
O comentador vai ainda mais longe. Partindo das afirmações do técnico “arsenalista”, Abel Ferreira, quando diz que o SC Braga compete em desvantagem com os “três grandes”, Miguel Sousa Tavares refuta, dizendo que FC Porto, Benfica e Sporting tiveram de “pagar 75% dos seus estádios”, notando que estes clubes ainda possuem encargos financeiros associados aos estádios. Em sentido oposto, “o Braga joga praticamente de borla por um preço simbólico num estádio que é todo sustentado pela câmara”.
“A desigualdade aqui é a favor do Sporting de Braga, curiosamente. Estamos a pagar estes custos, o estádio é muito bonito, não é nada funcional, de facto é lindíssimo, e eu só espero que a asneira pelo menos tenha ficado de emenda, porque eu quando oiço falar do Mundial de Futebol em Portugal ou dos Jogos Olímpicos em Portugal, apetece-me puxar da pistola”, rematou o comentador.
Mais de 165 milhões em gastos, aponta a autarquia
O presidente da Câmara Municipal de Braga anunciou esta segunda-feira que vai promover um referendo local para saber a opinião dos bracarenses sobre a hipótese de venda do Estádio Municipal de Braga devido aos gastos que tem obrigado a autarquia a fazer.
A decisão do referendo foi anunciada no mesmo dia em que a autarquia informou ter as contas bloqueadas por causa de uma condenação judicial ao pagamento de quatro milhões de euros ao consórcio que construiu aquele equipamento por obras a mais.
A possibilidade de vender o estádio municipal, onde joga o Sporting Clube de Braga, já foi colocada na mesa pelo atual executivo: “A decisão de alienação já tinha sido veiculada, até hoje era quase um desabafo. Hoje, depois disto tudo, é um desígnio”, disse.
De forma a justificar aquela decisão, o autarca apontou que uma obra orçamentada em 65 milhões de euros já obrigou a gastar 165 milhões, entre derrapagens e condenações judiciais, sendo que a fatura pode ainda não estar finalizada, uma vez que a autarquia já foi condenada em duas instâncias ao pagamento de mais dez milhões de euros por obras a mais (aguarda-se decisão do Supremo Tribunal Administrativo), correndo ainda uma outra ação judicial, na qual o arquiteto da obra, Souto Moura, exige o pagamento de mais quatro milhões de euros pelo projeto.
“O estádio tem sido um fator de entropia enorme para a gestão da CMB”, salientou Ricardo Rio. O autarca explicou que o atual executivo já pagou mais de “90 milhões de euros de dívidas do estádio, da parceria público-privada dos relvados e equipamentos desportivos, de devolução de fundos comunitários e de processos judiciais”.
Sobre a eventualidade de o “não” à venda do estádio ganhar o referendo, o autarca assumiu que tal “seria uma derrota política”, mas que, se assim fosse, o executivo iria governar de acordo com a vontade expressa pelos bracarenses.
[sc name=”assina” by=”ZAP” source=”Lusa” ]
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