O hacker português Rui Pinto, colaborador do Football Leaks e indiciado de seis crimes, vai ser extraditado para Portugal para responder perante a justiça portuguesa, decidiu esta terça-feira o Tribunal Metropolitano de Budapeste, numa audiência pública.
Rui Pinto, que está em prisão domiciliária, em Budapeste, na Hungria, desde 18 de Janeiro, deverá ser imediatamente detido quando chegar a Portugal.
A sessão arrancou às por volta das 10:15 (09:15 em Lisboa) e serviu para as partes apresentarem ao tribunal os respetivos fundamentos.
Rui Pinto opôs-se à extradição: “É uma questão de vida ou de morte que não me envie para Portugal”. O pirata informático, suspeito de estar envolvido no caso dos e-mails dos Benfica, disse ser alvo de ameaças de morte – “eu sou um alvo a abater”. “Obviamente estamos a falar de uma máfia e todos os cuidados têm que ser poucos”, sustentou.
“As autoridades portuguesas nunca me tentaram contactar. Sabem a minha morada em Portugal, o meu número de telemóvel, mas nunca me enviaram uma carta. Peço à juíza que não me envie para Portugal. É uma questão de vida ou de morte“, apelou.
Aos jornalistas portuguesas presentes, disse que França lhe propôs a integração num programa de proteção de testemunhas. “Infelizmente, as autoridades portuguesas meteram-se no meio”, criticou, dizendo que “os alarmes soaram” no Ministério Público quando surgiram notícias que ligavam Rui Pinto ao caso dos emails do Benfica.
“Infelizmente, não posso confiar nas autoridades portuguesas. Já deram provas de que em casos relacionados com futebol são completamente parciais”, afirmou.
Rui Pinto tomou como exemplo o caso e-Toupeira, no qual, disse, “há uma clara apatia das autoridades portuguesas”, notando que falta de “vontade” para perseguir os alegados criminosos. O mesmo acontece com o fundo Doyen: “Existem provas claríssimas que esse fundo é gerido pela máfia do Cazaquistão, mas, apesar disso, as autoridades portuguesas não quiseram investigar”, disse.
Rui Pinto foi detido em 16 de janeiro, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) por duas situações: acesso aos sistemas informáticos do Sporting Clube de Portugal (SCP) e do fundo de investimento ‘Doyen Sports’ e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do SCP e do então treinador Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a ‘Doyen’ e vários clubes de futebol.
Em 13 de fevereiro deste ano, o tribunal húngaro rejeitou o recurso do Ministério Público daquele país para que Rui Pinto passasse a prisão preventiva, mantendo o português em prisão domiciliária, enquanto aguarda o desenrolar do processo de extradição para Portugal, ao qual se opôs.
Rui Pinto terá acedido, em setembro de 2015, ao sistema informático da “Doyen Sports Investements Limited”, com sede em Malta, que celebra contratos com clubes de futebol e Sociedades Anónimas Desportivas (SAD). O ‘hacker’ é também suspeito de aceder ao email de elementos do conselho de administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD ‘leonina’.
Rui Pinto está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.
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