O português Rui Pinto vai ficar em prisão preventiva, depois de ter sido ouvido esta sexta-feira por um juiz de instrução criminal no Campus de Justiça, avança a SIC.
O juiz justifica esta medida coação com base em três motivos: continuação da atividade criminosa, perturbação do inquérito e risco de fuga.
O alegado pirata informático, de 30 anos, está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.
A extradição para Portugal foi decretada pelo Tribunal Metropolitano de Budapeste, a 5 de março, e confirmada em segunda instância, após recurso de Rui Pinto, que tinha ficado em prisão domiciliária em 18 de janeiro, na capital húngara.
Rui Pinto chegou ao Campus de Justiça, pelas 15h30 desta sexta-feira, numa viatura descaracterizada, depois de ter pernoitado no estabelecimento prisional anexo ao edifício da PJ. À chegada ao tribunal, o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, recusou prestar informações aos jornalistas sobre o processo, mas reafirmou que o seu cliente teme ser julgado em Portugal. “É verdade, ele declarou isso, é verdade”, disse o advogado.
O arguido foi entregue às autoridades portuguesas na quinta-feira e viajou de imediato para Lisboa, depois de ter estado em prisão domiciliária em Budapeste, com base num mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Na base do mandado estão acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.
O colaborador do Football Leaks terá entrado, em setembro de 2015, no sistema informático da Doyen Sports, com sede em Malta, e é também suspeito de aceder ao endereço de correio eletrónico de membros do Conselho de Administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD leonina.
No período em que esteve detido na Hungria, Rui Pinto assumiu ser uma das fontes do Football Leaks, plataforma digital que tem denunciado casos de corrupção e fraude fiscal no universo do futebol, no âmbito dos quais estava a colaborar com autoridades de outros países, nomeadamente, França e Bélgica.
Ainda esta sexta-feira, a SIC avançou que Rui Pinto terá sido contactado por inspetores da Autoridade Tributária que estão a colaborar com procuradores do DCIAP na suspeita de crimes fiscais cometidos no futebol português. A Procuradoria-Geral da República confirmou a existência de inquéritos relacionados com estas suspeitas que estão a ser investigados no DCIAP, não revelando quantos inquéritos são nem se há arguidos constituídos.
O primeiro contacto terá ocorrido a 16 de janeiro, antes de Rui Pinto ter sido detido na Hungria. Os inspetores pediram ajuda ao alegado hacker sobre documentos que tinha em seu poder.
O advogado do português Rui Pinto vai recorrer da medida de prisão preventiva aplicada hoje ao seu cliente pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
“Naturalmente vamos recorrer. Pensamos que não havia razões para isto”, declarou aos jornalistas Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, que considerou “exagerada” a medida de coação e informou que o seu constituinte vai permanecer detido nas instalações da Polícia Judiciária.
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