Os advogados do hacker que esteve na origem das revelações do Football Leaks acusaram as autoridades portuguesas de “assédio judicial” contra o seu cliente.
“Os advogados abaixo assinado denunciam o incrível assédio judicial ao seu cliente, o senhor Rui Pinto“, indicam em comunicado o francês William Bourdon e o português Francisco Teixeira da Mota, defensores do hacker português.
Os dois causídicos reforçam na nota que “a detenção é desproporcional em relação aos factos, tendo em conta que estes não serão objeto de uma classificação penal”.
A 6 de junho, o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) decidiu manter em prisão preventiva Rui Pinto, negando assim provimento ao recurso apresentado pela defesa do arguido, alegando que, face aos factos indiciados no processo e correspondentes crimes, havia, caso fosse libertado, concretos perigos de fuga, de continuação da atividade criminosa e de perturbação do decurso do inquérito.
Em prisão preventiva desde 22 de março, o português, de 30 anos, foi detido na Hungria e entregue às autoridades portuguesas, com base num mandado de detenção europeu, estando indiciado pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.
Na base da emissão do mandado de detenção europeu estão acessos ilegais aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.
O colaborador do Football Leaks terá entrado, em setembro de 2015, no sistema informático da Doyen Sports, com sede em Malta, e é suspeito de aceder ao endereço de correio eletrónico de membros do Conselho de Administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD leonina.
O crime de tentativa de extorsão diz respeito ao episódio em que Rui Pinto tentou, alegadamente, extorquir entre 500 mil e um milhão de euros à Doyen, com a intermediação do seu advogado à data, Aníbal Pinto, que já foi constituído arguido neste processo.
No período em que esteve detido na Hungria, Rui Pinto assumiu ser uma das fontes do Football Leaks, plataforma digital que tem denunciado casos de corrupção e fraude fiscal no universo do futebol, no âmbito dos quais estava a colaborar com autoridades de outros países, nomeadamente, França e Bélgica.
Na semana passada, foi noticiado que o pirata informático também terá acedido ao correio eletrónico de magistrados do Ministério Público, elementos da Administração Interna, PSP, escritórios de advogados, FIFA, FC Porto, CD Nacional e Confederação Sul-americana de Futebol.
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