As reações à decisão de não levar a SAD do SL Benfica a julgamento causaram indignação em algumas figuras do FC Porto e do Sporting CP. “18 anos depois, um novo atentado, desta vez ao futebol português”, escreveu Fernando Madureira.
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) decidiu esta quarta-feira não levar a julgamento a SAD do Benfica no âmbito do processo e-Toupeira, mantendo a decisão instrutória da juíza Ana Peres, do Tribunal Central de Instrução Criminal.
O próprio Tribunal da Relação aponta falhas à investigação da PJ e do Ministério Público, considerando que “não foi demonstrado, nem investigado sequer” se a administração da SAD do SL Benfica tenha querido que Paulo Gonçalves tivesse aquela conduta.
As reações não tardaram a surgir e logo em grande força. De acordo com o jornal Record, o Benfica foi o primeiro a divulgar uma nota seu site, reafirmando a licitude dos seus atos e do seu comportamento. “A Benfica SAD e seus mandatários sempre manifestaram total confiança nas decisões da Justiça e sempre colaboraram com as instituições na descoberta da verdade, respeitando essas instituições e não comentando materialmente as decisões judiciais”, lê-se na nota oficial.
“A Benfica SAD reafirma, como sempre o fez, a licitude dos seus atos e comportamentos, e reitera perante os seus sócios, adeptos e simpatizantes o compromisso de serenidade, confiança e determinação na defesa do seu bom-nome e na descoberta da verdade”, concluiu o emblema da Luz.
“Pelos vistos, crime é desmascarar criminosos”
Quem não reagiu da melhor maneira ao saber que os “encarnados” não iriam enfrentar julgamento foi o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques.
Através de uma publicação no Twitter, o funcionário do FC Porto mostrou o seu desagrado com a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa. “Quando alguém corrompe alguém em benefício de ninguém. Em Portugal, pelos vistos, crime é desmascarar criminosos“, escreveu.
Quando alguém corrompe alguém em benefício de ninguém. Em Portugal, pelos vistos, crime é desmascarar criminosos
— Francisco J. Marques (@FranciscoMarkes) September 11, 2019
Segundo o Record, o diretor de comunicação do emblema azul e branco diz não ter dúvidas que Paulo Gonçalves agia em benefício os “encarnados”, tal como alegadamente demonstra um documento apresentado no programa do Porto Canal, “Universo Porto – da Bancada”.
Em causa estava uma carta da Benfica SAD enviada ao Instituto Português do Desporto e da Juventude, datada de 14 de novembro de 2017, e assinada pelo então assessor jurídico do Conselho de Administração, Paulo Gonçalves. Para Francisco J. Marques, isto é prova da influência do ex-assessor junto da SAD.
“Um novo atentado ao futebol português”
Quem também teceu duras críticas à decisão desta quarta-feira foi o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira. O cabecilha da claque portista fez alusão aos ataques de 11 de setembro, para referir a decisão desastrosa do tribunal.
https://www.instagram.com/p/B2RQ_TtgopS/
“11 de setembro, uma data jamais esquecida!!! 18 anos depois um novo atentado desta vês [sic] ao futebol português… De luto”, escreveu na publicação feita no Instagram.
“Banco dos réus desfalcado”
O FC Porto afirmou esta quarta-feira que o processo E-Toupeira “vai chegar a julgamento com o banco dos réus desfalcado“, depois de o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) não ter pronunciado a SAD do Benfica.
“A FC Porto Futebol, SAD constata que o processo E-Toupeira vai chegar a julgamento com o banco dos réus desfalcado do elemento a quem aproveitou o crime, no plano desportivo”, começa por referir o clube portista em comunicado divulgado no seu site oficial.
Os ‘dragões’ apontam “interpretações divergentes sobre a natureza e grandeza das provas que tornassem inequívocas as relações entre mandados e mandantes, sendo certo que partilhavam o mesmo corredor no Estádio da Luz”.
O FC Porto diz ainda que é “evidente que a SL Benfica Futebol SAD não foi pronunciada em consequência de uma ‘guerra’ entre o Ministério Público e a Magistratura”.
“Benfica julga que manda na Justiça”
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, admitiu não estar surpreendido com a decisão do tribunal de não levar a SAD benfiquista a julgamento.
“Nada me surpreende. Agora, dá a ideia, também pelo que vi escrito, a propósito de uma multa que o FC Porto levou por causa de um pano que os Super Dragões exibiram num jogo qualquer, que o Benfica não estava de acordo e queria que o FC Porto levasse um jogo de interdição. Pelos vistos, o Benfica julga que, pelo menos, manda na disciplina desportiva. Se calhar julga que manda na Justiça. Mas não faço ideia, porque não sou comentador. Vocês é que têm de comentar. Se fiquei admirado? Absolutamente nada”, atirou Pinto da Costa.
“Avaliação da Justiça? Não faço, porque não sou avaliado. Havia um comentador, que era o professor Marcelo, que dava notas. Eu nunca dei notas a ninguém. Portanto, não tenho de avaliar, nem a Justiça, nem seja o que for. Tenho apenas de ficar triste quando vejo que a Justiça quer justificar decisões culpabilizando uma instituição que, repito, merece o respeito de todos os portugueses, que é a Polícia Judiciária”, acrescentou, citado pelo jornal O Jogo.
“Leões” perplexos
Como não podia deixar de ser, as reações à decisão do tribunal alargaram-se até ao universo leonino. Como tal, o Sporting CP emitiu um comunicado, onde ilustra a sua “perplexidade” com a decisão tomada e promete continuar “bater-se pela verdade desportiva com energia e intransigência”.
“A Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD comunga da perplexidade geral face ao Acórdão, conhecido hoje, que decidiu não pronunciar a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, no caso vulgarmente conhecido como ‘e-toupeira’ e foi por isso que, em tempo, acompanhou o recurso oportunamente apresentado pelo Ministério Público”, lê-se no comunicado sportinguista.
O emblema de Alvalade considera ainda ser “incompreensível a cisão operada e agora mantida entre a referida SAD e o Dr. Paulo Gonçalves, o qual, a ser assim, teria agido de motu proprio, com objetivo e finalidades difíceis de conceber“.
Por fim, o clube diz que continuará a zelar pela verdade desportiva, continuando atenta a diversos processos sob investigação que possam ser “merecedores de sanção adequada nos planos criminal e desportivo
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