Protestos em Hong Kong. LeBron acusado de apoiar regime chinês

A super estrela do basquetebol LeBron James juntou-se à polémica entre a NBA e a China, após apelidar de “mal-informado” o treinador dos Houston Rockets, Daryl Morey, que expressou apoio aos manifestantes em Hong Kong no Twitter.

LeBron foi acusado, de acordo com o jornal Sol, de apoiar o regime chinês, quando apelidou de “mal-informado” o treinador dos Houston Rockets, Daryl Morey, que expressou apoio aos manifestantes em Hong Kong no Twitter.

LeBron manteve o silêncio no auge das reações ao tweet de Morey, mas esta segunda-feira decidiu falar sobre as consequências negativas da liberdade de expressão. “Sim, nós temos liberdade de expressão. Mas por vezes, há ramificações pelo lado negativo que podem acontecer quando não se pensa nos outros, quando só se pensa em si próprio”, afirmou uma das principais figuras do basquetebol mundial.

“Tantas pessoas podia ter sido prejudicadas, não só financeiramente mas também fisicamente, emocionalmente, espiritualmente. Portanto, temos de ter cuidado com os nossos tweets, com aquilo que dizemos e com o que fazemos. Embora tenhamos liberdade de expressão, há muitos aspetos negativos que podem vir com isso”, acrescentou LeBron, citado pelo Notícias ao Minuto.

As palavras de LeBron James foram mal recebidas pelos manifestantes e, até para alguns dos fãs, LeBron passou de herói a vilão. “Os estudantes vêm protestar todos os fins de semana. São atingidos com gás lacrimogéneo ou disparam contra eles todos os fins de semana. A polícia espanca os estudantes e pessoas inocentes quase todos os dias. E depois ele diz algo assim?! Não podemos aceitar isso”, salientou James Lo, que gere uma página no Facebook de fãs de basquetebol em Hong Kong.

Alguns manifestantes que saíram às ruas chegaram mesmo a queimar camisolas de LeBron James. “Por favor, jogadores da NBA lembrem-se do que disseram antes: ‘As vidas dos negros importam’. As vidas dos cidadãos de Hong Kong também importam!”, disse William Mok.

Este mês, todos os patrocinadores oficiais chineses suspenderam os laços com a NBA, depois do polémico tweet do diretor-geral dos Houston Rockets a apoiar os protestos pró-democracia em Hong Kong. A televisão estatal da China (CCTV) anunciou que não iria exibir os jogos de pré-temporada da NBA, a marca Li-Ning e o Shanghai Pudong Development Bank (SPD Bank) anunciaram a suspensão do patrocínio aos Rockets.

Os protestos em Hong Kong, região administrativa especial chinesa, começaram em junho por causa da polémica lei da extradição, que permitiria extraditar suspeitos de crimes para território e países sem acordos prévios, como a China.

Entretanto, as emendas à legislação foram retiradas formalmente pelo Governo, mas os protestantes têm ainda outras quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos; que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins; um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe de Governo, Carrie Lam, e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

Num endurecimento da posição do Governo, Lam invocou uma lei de emergência da era colonial para criminalizar o uso de máscaras em manifestações, mas a decisão parece só ter aumentado ainda mais a violência dos protestos. Na semana passada, polícias dispararam pela primeira vez balas reais sobre manifestantes, ferindo dois adolescentes.

A transferência da soberania de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Tal como acontece com Macau, foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

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