O Ministério Público constituiu, esta quarta-feira, sete arguidos na sequência de uma operação de combate ao branqueamento de “milhões de euros”, que envolveu buscas em sociedades anónimas desportivas, escritórios de advogados e cofres bancários do Norte.
“No inquérito não houve detenções, mas foram constituídos sete arguidos, dos quais uma pessoa coletiva e seis pessoas singulares”, revelou a Procuradoria-Geral Distrital (PGD) do Porto, na sua página oficial.
A procuradoria explica que está em causa, quanto ao objeto do processo, “a canalização para sociedade desportiva de quantias monetárias obtidas por sociedade comercial, tudo contornando o circuito tributário através de expedientes diversos”. O inquérito encontra-se em segredo de justiça, acrescenta.
No âmbito de inquérito investigam-se factos suscetíveis de integrar os tipos legais de crime de fraude fiscal qualificada e de branqueamento de capitais, sustenta.
Em comunicado, a Diretoria do Norte da Polícia Judiciária (PJ) refere que foram levadas a cabo dez buscas domiciliárias e três não domiciliárias nos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia, Trofa, Famalicão, Guimarães, Fafe, Matosinhos e Aveiro, sem especificar os alvos concretos.
A Procuradoria-Geral da República confirmou à agência Lusa que um dos alvos das buscas foram as instalações da SAD do Boavista.
“De acordo com o apurado até ao momento pela investigação, em causa estará a não entrega da prestação tributária devida, e a sua subsequente ocultação através do desenvolvimento de atividade empresarial relacionada com a realização e gestão de eventos desportivos”, indica a PJ. Até agora, afirma a polícia, “foi identificada uma vantagem patrimonial de milhões de euros”.
O Boavista já esclareceu que as buscas de que o clube foi alvo pela Polícia Judiciária e pela Autoridade Tributária sucederam devido a “empresa ou empresas que têm ou tiveram” ligações comerciais com o emblema portuense.
“Muito embora nada tivesse a ver, diretamente, com a instituição Boavista, mas com empresa ou empresas que connosco têm ou tiveram acordos comerciais, toda a disponibilidade e colaboração foram dadas às autoridades envolvidas. Queremos deixar claro que nenhum dirigente ou quadro da instituição Boavista foi alvo de buscas domiciliárias por parte das autoridades”, lê-se na página oficial do clube no Facebook.
O presidente do clube, Vítor Murta, que chegou a ser anunciado como arguido, também fez questão de deixar um esclarecimento aos adeptos. “Gostaria de tranquilizar todos os boavisteiros. Este é um tema que não tem a ver com o Boavista, tem a ver com uma empresa que no passado teve relações comerciais com o Boavista. Como tal fomos objeto de uma busca aqui no estádio por parte da Autoridade Tributária e Polícia Judiciária. Facultámos todos os dados solicitados”, afirmou o dirigente, citado pelo jornal O Jogo.
Também esta tarde, o Grupo Desportivo da Gafanha (GDG), em Ílhavo, distrito de Aveiro, disse estar a ser alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária (PJ), no âmbito de um inquérito crime relacionado com fraude fiscal e branqueamento.
Em declarações à Lusa, o presidente do GDG, Carlos Peleja, confirmou que elementos da PJ estão nas instalações do clube “a ver a contabilidade entre 2015 e 2017″, que corresponde ao período da direção liderada por João Paulo Ramos.
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