A iraniana Kimia Alizadeh desertou da República Islâmica, de acordo com uma carta publicada este sábado no Instagram. Escrita em persa, a carta é acompanhada de uma imagem a preto e branco da atleta nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, Brasil.
Na publicação, Kimia Alizadeh referiu que a decisão de sair foi difícil mas, como “uma das milhões de mulheres oprimidas no Irão”, esta saída era necessária, noticiou no domingo a NPR. “É mais difícil vencer essa decisão do que o ouro olímpico, mas continuo a ser filha do Irão, onde quer que esteja”, escreveu.
Kimia Alizadeh tinha 18 anos quando ganhou uma medalha de bronze em taekwondo, nos Jogos Olímpicos de Verão, de 2016. É a única mulher a ganhar uma medalha olímpica para o Irão. Na sua carta, acusou funcionários do Irão de sexismo e maus-tratos e criticou o uso obrigatório de véu em público.
“Eles levaram-me para onde quiseram. Eu vestia o que diziam. Todas as frases que eles me mandaram dizer, repeti”, escreveu a atleta, que não divulgou o local para onde foi nem a data em que saiu do país. Deixou claro, contudo, que não foi convidada para a Europa e que a sua decisão não foi resultado de qualquer oferta de asilo.
https://www.instagram.com/p/B7LtxeOnZZU/
A ISNA, agência de notícias semi-oficial do Irão, informou que a jovem havia fugido para a Holanda, mas não houve reação imediata por parte das autoridades iranianas.
De acordo com a NPR, não se sabe se Kimia Alizadeh competirá nos Jogos Olímpicos de Tóquio este verão sob a bandeira de outra nação. A sua deserção ocorreu num momento de alta tensão entre o Irão e os Estados Unidos (EUA).
No sábado, os iranianos tomaram as ruas de Teerão e de outras cidades, com cartazes onde pediam que o líder supremo do país, Ali Khamenei, deixasse o cargo. Estes protestos surgiram depois de o governo ter admitido que abateu acidentalmente um avião de passageiros ucraniano, vitimando as 176 pessoas que iam a bordo.
Nos últimos meses, várias figuras importantes do desporto deixaram de representar o país. Alireza Firouzja, campeã de xadrez, deixou de jogar pelo Irão em dezembro devido à proibição informal do país de competir contra jogadores israelistas.
Em setembro, Saeid Mollaei, atleta que pratica judo, mudou-se para a Alemanha. Também Alireza Faghani, um árbitro internacional de futebol iraniano, deixou o país e mudou-se para a Austrália, em 2019.
[sc name=”assina” by=”ZAP”]
Deixe um comentário