O presidente do FC Porto foi ouvido, esta terça-feira, como uma das testemunhas do ex-dirigente leonino no julgamento da invasão à academia do Sporting, em Alcochete, que está a decorrer no tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Pinto da Costa foi ouvido esta tarde, por videoconferência, na qualidade de testemunha arrolada pela defesa de Bruno de Carvalho, tendo afirmado que não percebe por que razão foi chamado.
“Perguntaram-me se conhecia o presidente do Sporting. Felizmente conheci muitos e sou amigo ainda de alguns, que são vivos. Sinceramente não percebi bem por que vim cá. Aliás, a juíza agradeceu a minha presença e disse que não era da responsabilidade dela eu ter ido. Provavelmente sentiu que não vim adiantar muito. Também não podia adiantar porque, felizmente, desconheço totalmente este processo. O que podiam perguntar? Nem sei onde é Alcochete”, explicou o dirigente dos azuis-e-brancos, citado pela rádio TSF.
De acordo com a rádio, Pinto da Costa disse ter presenciado, a 4 de fevereiro de 2018, uma conversa que o deixou “chocado”, mas que encarou como sendo uma “brincadeira”, entre Bruno de Carvalho e Jaime Marta Soares, à data, presidente da Mesa da Assembleia-Geral (MAG) de Alvalade.
Segundo o presidente portista, o ex-dirigente leonino dirigiu-se ao então presidente da MAG dizendo: “Este também era dos croquetes e eu reabilitei-o”, ao que Marta Soares respondeu: “Isto ainda acaba tudo destituído”.
Esta terça-feira, também foi ouvido Carlos Vieira, ex-vice-presidente da direção de Bruno de Carvalho, que revelou que, na reunião no dia anterior à invasão, o treino foi alterado para a tarde por sugestão de Raul José, antigo treinador adjunto de Jorge Jesus.
Segundo a TSF, esta é uma informação que vai contra o que tem sido dito em tribunal, até pelo próprio treinador adjunto que, a 4 de dezembro, testemunhou que foi Bruno de Carvalho quem sugeriu que o treino fosse marcado para a tarde.
Durante a manhã de hoje foi também ouvido Eduardo Barroso, antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, que afirmou em tribunal estar convicto de que o ex-presidente não foi o mandante da invasão. “Se tivesse a noção de que o Bruno de Carvalho pudesse ser o mandante desta atrocidade, não estava aqui”, declarou.
Eduardo Barroso aludiu ainda a uma frase que lhe terá sido dita por Bruno de Carvalho: “Só descansam quando eu estiver preso ou morto”.
O coletivo de juízes ouviu também o judoca Jorge Fonseca, que falou de Bruno de Carvalho como alguém “que sempre tratou muito bem os atletas”; José Estorninho, antigo membro do grupo Stromp; João Trindade, antigo presidente do Conselho Leonino; José Ribeiro, ex-assessor do clube, e ainda o pai do ex-dirigente leonino, Rui de Carvalho.
O julgamento prossegue na quarta-feira, com a audição de dois arguidos, e tem sessões marcadas até final do mês de fevereiro. Hoje, a presidente do coletivo de juízes, Sílvia Pires, anunciou que Bruno de Carvalho vai ser ouvido no dia 28 de fevereiro. Mustafá, por sua vez, será ouvido em tribunal no próximo dia 26.
O processo tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.
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