A dois dias do início do Mundial de Futebol, dirigentes das associações de futebol da Europa criticaram o presidente da FIFA, Joseph Sepp Blatter, e pediram que deixe o cargo em 2015.
As declarações vieram à tona durante o congresso anual da FIFA, que teve lugar em São Paulo, na sequência de uma onda de suspeitas de corrupção contra o órgão.
A FIFA está a investigar acusações de corrupção na eleição do Qatar como país-sede do Mundial 2022.
O presidente da associação holandesa de futebol, Michael van Praag, disse que Blatter não deve tentar a reeleição no próximo ano e que já está na altura de colocar um fim ao seu reinado.
“A imagem da FIFA deteriorou-se devido a tudo o que tem acontecido nos últimos anos”, disse van Praag, que também é membro do comité executivo da UEFA. “As pessoas relacionam a FIFA a corrupção e subornos. Poucas pessoas ainda levam a FIFA a sério e, não importa o ponto de vista, Blatter é o principal responsável.”
Num discurso, van Praag dirigiu-se a Blatter afirmando que “não está a tornar as coisas fáceis para si mesmo, e considero que não seja mais o homem certo para esse cargo.”
Inaceitável
Greg Dyke, presidente da federação inglesa de futebol, também criticou Blatter em público, qualificando como “totalmente inaceitável” o fato do dirigente ter dito que as acusações contra ele tinham motivações racistas. “As acusações feitas não têm nada a ver com racismo, são alegações de corrupção”.
O dirigente britânico ainda afirmou que as acusações precisam ser investigadas com seriedade. “Muitos de nós estamos profundamente preocupados com estas acusações. Já é hora de a FIFA parar de atacar o mensageiro e considerar a mensagem – e compreendê-la”, atacou.
Escândalo
Durante o encontro em São Paulo, Blatter teria dito a delegados da FIFA que gostaria de se candidatar para um quinto mandato nas eleições de 2015
O vice-presidente da UEFA, David Gill, também pediu a Blatter que não tente reeleger-se.
O escândalo envolvendo a escolha do Qatar ganhou um novo capítulo na semana passada, quando o Sunday Times publicou que Mohammed Bin Hammam, ex-principal dirigente de futebol do Qatar que está no centro das acusações, pagou 3 milhões de libras a autoridades de futebol de todo o mundo para conseguir o apoio para a escolha do país.
O ex-dirigente é acusado de ter usado seus contatos na família real e no governo do Qatar para conseguir acordos e favores e, assim, garantir a realização do torneio no país.
Segundo os emails obtidos pelo jornal, alguns deles vistos pela BBC, Bin Hammam:
- Visitou o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir “relações bilaterais entre a Rússia e o Qatar um mês antes da votação para os países-sede das Copas de 2018 e 2022;
- Intermediou conversas entre o governo e o executivo da FIFA na Tailândia, Worawi Makudi, para concretizar um acordo de importação de entre o país e o Qatar;
- Convidou o ex-executivo da FIFA na Alemanha, Franz Beckenbauer, a ir a Doha apenas cinco meses antes da votação juntamente com empresários do setor do petróleo e do gás, que o haviam contratado como consultor. A empresa disse que explorava investimentos no Qatar, mas não chegou a fechar negócios. Beckenbauer negou-se a comentar o assunto;
- Intermediou encontros entre nove executivos da FIFA, entre eles o presidente Joseph Blatter, e membros da família real do Qatar;
- Intermediou um encontro entre a equipa de campanha do Qatar e o presidente da UEFA, Michel Platini. Platini, que admite ter votado pelo Qatar, diz que Bin Hammam não participou da reunião e diz não ter nada a esconder.
ZAP / BBC
Deixe um comentário