Esta terça-feira, Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que o Mundial 2018 de futebol foi atribuído pela FIFA de “forma absolutamente legal”.
A Presidência russa negou “categoricamente”, esta terça-feira, a existência de qualquer tipo de subornos na obtenção da organização do Mundial 2018 de futebol e garantiu que ganhou o direito a receber a competição de uma “forma totalmente legal”.
“Vimos o que saiu na imprensa e não entendo no que se está a falar. A Rússia obteve o direito de acolher o Campeonato do Mundo de uma forma absolutamente legal. Não houve suborno algum. Negamos isso categoricamente”, garantiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na habitual conferência de imprensa diária.
Peskov disse que a Rússia “organizou o melhor Mundial da história” e que “todo o país está orgulhoso” da forma como a mais importante competição de seleções foi organizada.
O Kremlin reagiu assim a um documento do procurador-geral de Brooklyn, nos Estados Unidos, tornado público esta terça-feira, em que aponta que vários dirigentes da FIFA receberam subornos para que votassem favoravelmente à atribuição dos Mundiais de futebol de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respetivamente.
As suspeitas em relação a irregularidades nas votações para a organização destes Mundiais já existiam, mas é a primeira vez que a justiça de um país afirma que a votação para o Qatar e para a Rússia está repleta de ilegalidades.
Jack Warner, antigo presidente da CONCACAF (Confederação de futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), terá recebido cinco milhões de dólares (cerca de 4,6 milhões de euros) para votar favoravelmente à Rússia em 2018. Em dezembro de 2010, a Rússia superou na votação final pela organização do Mundial 2018 a concorrência de Portugal/Espanha, Inglaterra e Bélgica/Holanda.
Ainda de acordo com o procurador de Brooklyn, Richard Donoghue, o pagamento a Jack Warner, então vice-presidente da FIFA, foi feito através de uma rede complexa de intermediação de empresas, numa acusação que inclui também Rafael Salguero.
Salguero, que foi presidente da Federação de futebol da Guatemala e membro do comité executivo da FIFA, é acusado de ter recebido um milhão de dólares (cerca de 920.000 euros), em troca do seu voto à Rússia.
A procuradoria de Brooklyn avança também com subornos em troca de votos para o Mundial do Qatar, que decorrerá em 2022, e entre os visados estão o antigo presidente da Confederação Brasileira Ricardo Teixeira e o ex-presidente da CONMEBOL (Confederação sul-americana) Nicolas Leoz, falecido em agosto de 2019.
Vários inquéritos foram abertos em vários países, em relação a suspeitas de corrupção na atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022, e nos Estados Unidos a acusação envolve 45 pessoas, no chamado caso “Fifagate”.
Jack Warner, de 77 anos, cuja extradição foi pedida pelos Estados Unidos, mantém-se em Trindade e Tobago, com o seu recurso contra o pedido ainda no supremo tribunal, em Londres, mas que constitui a mais alta jurisdição do direito trinitário.
Este dirigente é também acusado de ter vendido o seu voto na atribuição do Mundial de 2010 à África do Sul, e já no último ano foi condenado a pagar 79 milhões de dólares à CONCACAF, enquanto Rafael Salguero já cumpriu três anos de prisão domiciliária, após colaboração com a justiça.
O brasileiro Ricardo Teixeira continua no Brasil e fora da jurisdição norte-americana.
A investigação e acusação divulgada segunda-feira também aponta “baterias” à multinacional norte-americana 21st Century Fox, da qual os executivos Hernan Lopez e Carlos Martinez terão feito pagamentos à CONMEBOL para a obtenção de direitos televisivos.
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