CD Aves 0-0 FC Porto | “Dragão” com pólvora seca fica pelo nulo

O FC Porto não conseguiu melhor do que um empate a zero, na noite desta quarta-feira, na visita ao terreno do Desportivo das Aves.

Num duelo de opostos nesta 27ª jornada da Liga NOS, os “azuis-e-brancos” dominaram por completo a partida, desperdiçaram inúmeras ocasiões – realce para a grande penalidade falhada por Zé Luís aos 19 minutos –, somaram o terceiro empate nas últimas quatro jornadas e poderão ver o rival Benfica contabilizar os mesmos pontos caso vença em Vila do Conde o Rio Ave.

Desta forma, o emblema da Invicta deixou de ser a única equipa que marcou golos em todos os jogos desta edição da prova. O FC Porto marcava há 40 duelos consecutivos.

Por sua vez, a equipa de Nuno Manta Santos, que não tinha vencido nenhuma das últimas sete partidas e que vinha de cinco desaires de rajada e apenas um golo apontado, somou um ponto na estóica luta que mantém para assegurar a permanência no escalão máximo do futebol nacional. Nota especial para Fábio Szymonek que foi gigante na baliza e travou todos os raides que lhe surgiram no caminho…

O jogo explicado em números

  • Na equipa da casa, aposta em três defesas – Buatu, Diakhité e Bruno Morais – e Afonso Figueiredo ocupou a vaga de Ricardo Mangas – expulso ante o Tondela – no corredor esquerdo. Tomás Esteves, que tinha actuado por 15 minutos no triunfo ante o Casa Pia por 3-0 na fase de grupos da Taça da Liga, foi a principal novidade no “onze” portista, que contou ainda com as presenças de Diogo Leite, Uribe e Otávio. De fora ficaram os castigados Alex Telles e Manafá, e no banco, por opção, Danilo Pereira e Marega.
  • Aos 14 minutos, Mbemba deu o corpo às balas e travou o remate de Pedro Soares, que poderia ter inaugurado o marcador. Foi o primeiro ataque dos avenses, num período em que o domínio dos visitantes era total, com uma posse de bola de 79%, 88% na eficácia dos 128 passes feitos e dois “tiros” bloqueados.
  • Cinco minutos volvidos, o árbitro Carlos Xistra assinalou grande penalidade na sequência de um lance que teve como protagonistas o guarda-redes Fábio Szymonek e o médio Otávio. Porém, da marca dos 11 metros, Zé Luís atirou e viu o guardião contrário esticar-se para o lado direito e dessa forma deter o remate do ponta-de-lança. Ocasião soberana desperdiçada pelos líderes do campeonato.
  • Aos 36 minutos, os números diziam que o Aves tinha três remates, nenhum dos quais enquadrado à baliza, 11 faltas cometidas e 25% da posse de bola. Por sua vez, o FC Porto tinha feito quatro tentativas ao alvo adversário, um canto e 75% da posse de bola. Sérgio Oliveira – uma ocasião criada e seis passes falhados em 34 tentativas – ia se destacando. Menção ainda para o defesa-central dos da casa, Oumar Diakhité, com quatro alívios e um remate.
  • As ocasiões do FC Porto sucediam-se a uma velocidade furiosa. Em cima do intervalo, o cabeceamento de Pepe ficou a milímetros de entrar na baliza do Aves, mas saiu ao lado. Além dos seis remates e dos 13 cruzamentos, a equipa de Sérgio Conceição não conseguia assumir a liderança do marcador.
  • Ao cabo dos primeiros 45 minutos (mais quatro de descontos), registava-se um empate a zero, num embate em que houve mais transpiração do que inspiração. Tal como seria de esperar, o FC Porto dominou as incidências desde os primeiros instantes mas não conseguiu marcar. Zé Luís desperdiçou uma grande penalidade, Pepe ficou próximo do golo e houve outras ocasiões que os “azuis-e-brancos” não souberam finalizar a preceito. O Aves, que luta desesperadamente pela sobrevivência, aguentou as sucessivas investidas e gizou duas boas situações, por intermédio de Pedro Soares e de Diakhité. Na primeira metade, o melhor elemento dentro das quatro linhas foi Otávio. O camisola 25 amealhava um GoalPoint Rating de 6.2, com realce para 18 passes certos em 22 tentativas (82% de eficácia), cinco passes progressivos correctos, 30 acções com a bola e três faltas sofridas. Corona, que jogou com “muleta” de Zé Luís, numa posição mais interior, apresentava 5.8 e Sérgio Oliveira 5.7 – ambos surgiam logo a seguir como jogadores em destaque. Pedro Soares (5.5) era a melhor unidade dos donos da casa.
Tecatito Corona, jogador do FC Porto
  • A segunda parte começou como terminou a primeira metade, com os “dragões” ao ataque. Sérgio Oliveira falhou o alvo por pouco e instantes depois, Luis Díaz em óptima posição rematou obrigando Fábio a uma boa intervenção. Aos 53, Szymonek voltou a levar a melhor no frente-a-frente com o extremo colombiano.  
  • Face ao nulo, Sérgio Conceição procedeu à primeira alteração no encontro, retirando o estreante Tomás Esteves e fazendo entrar Marega, que se juntou a Zé Luís na linha de ataque e fez com que Corona recuasse para o lado direito da defesa. Nuno Manta Santos respondeu, quando fez entrar em cena Rúben Oliveira e Zidane Banjaqui saiu.
  • O assalto ao cofre avense prosseguiu. Marega disparou um míssil e Fábio Szymonek voltou a dizer não aos visitantes. Neste período, a estatística dizia que havia 12 remates – seis nesta etapa final – do FC Porto contra quatro – apenas um na segunda parte – do Aves e 76% da posse de bola para os forasteiros.
  • À “lei da bomba”, aos 80 minutos, Sérgio Oliveira tentou a sorte e viu o guarda-redes adversário voar e impedir o primeiro golo do duelo. Na sequência de um canto, Tiquinho Soares arriscou, mas a defensiva avense cortou o perigo. A narrativa continuava, FC Porto em constantes acções ofensivas e os avenses defendiam-se como conseguiam. Em períodos de descontos, Soares ganhou nas alturas, mas cabeceou um pouco ao lado, naquele que foi o 18º remate dos “azuis-e-brancos” no encontro.
  • Já em período de descontos, Vítor Ferreira centrou e Marega, ao segundo poste, com tudo para marcar, viu Fábio Szymonek vestir a pele de herói e negar o golo aos visitantes. Foi o canto do cisne, perdão, dos “dragões”, que não foram além de um nulo na visita ao reduto do último classificado, não obstante as inúmeras ocasiões de golo que criaram e desperdiçaram…

O melhor em campo GoalPoint

A “ressaca” da paragem do campeonato pode ter afectado muitos, mas não o médio portista. Com dois remates, sete passes para finalização, dez passes progressivos certos, impressionantes 120 acções com a bola, três desarmes e duas faltas sofridas, Sérgio Oliveira, não obstante a enorme exibição de Fábio Szymonek, foi eleito o MVP deste encontro, com um GoalPoint Rating de 7.6.

Jogadores em foco

  • Otávio 7.2 – Nos 82 minutos em que esteve em campo, gizou quatro passes para finalização, três cruzamentos, nove passes longos correctos em 11 tentativas, quatro recuperações de posse e quatro faltas sofridas. Acabou por pecar nas 17 perdas de bola que teve.
  • Corona 7.0 – Jogue onde jogar, acaba sempre por se destacar, com fintas e lances de constante perigo. Começou como médio-ofensivo e terminou a fazer todo o corredor direito. Foram 82 acções com bola, cinco cruzamentos, dois dribles eficazes em cinco tentados.
  • Fábio Szymonek 6.6 – A grande penalidade cometida sobre Otávio acaba por ter peso na nota final do brasileiro. De resto, o guardião foi um muro intransponível, com um grande penalidade defendida, oito intervenções, algumas de elevado grau de dificuldade. Rubricou uma exibição para mais tarde recordar.
  • Afonso Figueiredo 6.3 – Seis alívios, cinco intercepções, três faltas sofridas e muito acerto nas acções defensivas do capitão dos avenses.
  • Diogo Leite 6.0 – Fora do seu habitat natural – o centro da defesa -, ocupou a vaga de Alex Telles no lado esquerdo da defesa e não se deu nada mal. Foram cinco cruzamentos da sua autoria, 97% de eficácia nos passes – 83 certos em 86 tentativas -, 11 passes progressivos certos, 118 acções com a bola e sete duelos aéreos defensivos ganhos em oito tentados.
  • Vítor Ferreira 6.0 – Foram apenas 19 minutos em campo, mas o jovem médio voltou a justificar a aposta de Sérgio Conceição com um remate, dois passes para finalização – Expected Assists (xG) de 0,5 – e 20 acções com a bola.

Resumo

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Comentários

Um comentário a “CD Aves 0-0 FC Porto | “Dragão” com pólvora seca fica pelo nulo”

  1. Parabéns pelo excelente artigo. Até o título está bem escolhido, pólvora seca resume bem a actuação do FCP.
    Tivéssemos mais artigos assim, a focar no jogo e não em questões acessórias e o futebol seria muito mais interessante. E mais sadio.
    O Porto começa a ter o mesmo problema que o Benfica, jogam o suficiente para ganhar os jogos mas os avançados não marcam. Soares e Marega não marcam há 7 jogos, Zé Luís e Aboubakar é melhor nem fazer contas.
    Como disse o Ronaldo, os golos são como o ketchup. O primeiro avançado que desentupir a embalagem, provavelmente vai lançar a sua equipa para o título.

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