Jogadoras unem-se em protesto contra teto salarial imposto pela FPF

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) pretende impor um teto salarial no principal escalão feminino. Medida “discriminatória”, consideram as atletas.

Num direito de resposta enviado à Federação Portuguesa de Futebol, assinado por 132 jogadoras, as atletas defendem que “as jogadoras estrangeiras não terão interesse em vir para Portugal”, uma vez que “nunca poderão augurar mais e melhores condições de trabalho e competição proporcionais ao seu nível desportivo” e que o mesmo se aplica “às jogadoras nacionais que se encontram a jogar em clubes estrangeiros”.

“A captação de jogadoras estrangeiras, de máxima qualidade, que também implicam um melhoramento da competição a nível interno irá, necessariamente, sofrer um revés“, concluem as jogadoras num dos 193 pontos que compõem o documento de direito de resposta à consulta pública lançada pela FPF sobre a proposta de alterações regulamentares para a época 2020/21.

No mesmo documento, as jogadoras dizem sentir-se “injustiçadas” não apenas “nos salários”, como também “na forma como tudo é desenvolvido”, especificando a “logística, condições de treino, viagens para os jogos e o tipo de tratamento médico” dispensado pelos clubes.

“Na verdade, verifica-se uma material e clamorosa distinção de género institucional, embora mulheres e homens sejam chamados para desempenhar, com idêntica responsabilidade, o trabalho nas suas equipas e a participar em competições para o seu empregador. Estamos perante uma folha salarial discriminatória, na qual a FPF falhou positiva e clamorosamente na promoção da igualdade de género”, apontam as jogadoras.

A defesa da causa das jogadoras é apresentada em quatro partes: argumentação reveladora de que “a medida é avessa à própria missão da FPF“, demonstração de que “ofende os mais importantes diplomas nacionais”, de que é “violadora das regras de fair-play financeiro da UEFA” e, por fim, “manifestações internas que repudiam veementemente tal discriminação”.

A finalizar, o documento elenca também um conjunto de associações nacionais e internacionais a quem darão a conhecer o seu direito de resposta: a CITE — Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, a CIG — Comissão para a cidadania e Igualdade de Género, a Comissão Mulheres e Desporto do Comité Olímpico de Portugal e ainda o Instituto Europeu para a Igualdade de Género.

Cláudia Neto (Wolfsburgo), Dolores Silva (Sporting de Braga), Ana Borges e Nevena Damjanovic (Sporting), Sílvia Rebelo, Thembi Kgatlana e Darlene (Benfica) são algumas das 132 signatárias do documento.

De acordo com a rádio TSF, a FPF pretende impor um teto salarial de 550 mil euros devido “às circunstâncias excecionais decorrentes da pandemia de Covid-19”.

À Tribuna Expresso, fonte oficial da federação disse apenas que “os regulamentos de todas as provas” a cargo da entidade “estão em consulta pública” e “as sugestões de alterações serão analisadas e terão resposta“.

As jogadoras já criaram o movimento Futebol Sem Género, no qual se apela a “um futebol onde o género dominante é o respeito”.

[sc name=”assina” by=”ZAP” source=”Lusa” ]


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