O SL Benfica terá pago 250 mil euros pelo direito de preferência dos jovens formados na Academia Demba Sanó, de Cátio Baldé. No entanto, nenhum jogador desta academia chegou diretamente ao Estádio da Luz.
No verão, o empresário guineense Cátio Baldé foi acusado de corrupção passiva por ter pagado mais de 20 mil euros a um funcionário da embaixada portuguesa na Guiné-Bissau. O suborno tinha o objetivo de conseguir vistos para atletas que o agente queria levar para testes no SL Benfica.
Cátio Baldé terá abordado o funcionário depois de, em fevereiro de 2014, a embaixada ter negado os pedidos de vistos de entrada em Portugal a três jovens futebolistas.
O empresário assumiu ter oferecido “algum dinheiro” a um funcionário da embaixada, mas diz que só “à luz da cultura europeia é que esse ato é considerado corrupção”.
“Fiz o que todo o mundo faz”, afirmou, deixando claro que o clube da Luz não deve ser envolvido no processo.
Esta não é a primeira vez que o empresário do internacional português Bruma é apanhado num escândalo semelhante. Em 2017, foi um dos arguidos de uma investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), conhecida como Visa Branco.
Cátio Baldé vive e trabalha em Portugal desde os anos 80 e representa vários jogadores guineenses em clubes europeus. Em 2016, o empresário foi nomeado diretor executivo da Federação de Futebol da Guiné-Bissau, prova da sua influência no futebol guineense. Demitiu-se dois anos depois, sem explicar porquê.
“Quando o Sporting abriu a Academia [2004], o Aurélio Pereira contactou-me e sou colaborador externo. Criei a Academia Demba Sanó e comecei a trazer jogadores para a Europa”, disse Baldé em entrevista à Sábado. A academia conta com olheiros nos Camarões, na Nigéria, no Senegal e até no Brasil.
No entanto, foi o Benfica que acabou por beneficiar com a exploração da academia. As ‘águias’ terão pago 250 mil euros a Cátio Baldé para assegurar o direito de preferência dos jovens formados na Academia Demba Sanó, escrevia o Record em dezembro de 2017.
O contrato entre as entidades, revelado na internet, surgiu como compensação pela formação de Úmaro Embaló, júnior do Benfica. Entrou em vigor a 28 de dezembro de 2015 e finalizou a 30 de junho de 2017, tendo sido automaticamente renovado por mais um ano.
No contrato, alegadamente assinado por Luís Filipe Vieira, Domingos Soares Oliveira e Cátio Baldé, pode ler-se que “a academia obriga-se a não negociar com terceiros qualquer atleta” sem conhecimento das águias.
Em 2018, noticiava-se que o Benfica tinha garantido a contratação de Emerson Mendonça, médio de 19 anos formado na Demba Sanó. O jogador estava também no radar de Sporting e FC Porto. Contudo, acabou por nunca ir para o Estádio da Luz, acabando por assinar pelo SL Cartaxo, na época passada. Atualmente, segundo o portal ZeroZero, está sem clube.
No mesmo ano, o SL Benfica procedeu à contratação de Alfa Baldé, jogador formado na academia de Cátio Baldé, mas que passou ainda pelo Ponte Frielas, de Loures, antes de chegar ao Benfica.
Portanto, o Benfica gastou 250 mil euros para ficar com o direito de preferência de jogadores formados na academia de Catió Baldé durante dois anos e meio, mas acabou por não reivindicar esse direito.
A academia esteve também envolvida no escândalo do pagamento por vistos de entrada em Portugal. O funcionário da embaixada recebeu uma das tranches do pagamento através da conta da Academia Demba Sanó Sport, no valor de 5 mil euros.
Pouco mais de uma semana depois, quatro jovens jogadores pediram vistos para prestar provas no Benfica. “Sem explicação legítima, foram emitidos no dia seguinte ao invés de demorarem semanas ou meses”, salienta o Ministério Público.
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