Ao contrário de outros países, como Portugal, o Japão já permite a entrada de adeptos nos recintos desportivos, mas com condicionantes: não há cânticos e têm de estar sentados.
A pandemia de covid-19 deixou milhares de adeptos fora dos estádios nas principais ligas europeias, mas no Japão a entrada já é permitida desde o início de julho. Tipicamente, escreve o jornal norte-americano The New York Times, os adeptos japoneses não só são barulhentos, como são altamente orquestrados e disciplinados.
Normalmente, há todo um espetáculo fora de campo, nas bancadas, onde os fãs cantam, apoiam, tocam tambores e fazem esvoaçar as enormes bandeiras com o emblema da equipa. Agora, a situação é completamente oposta, já que muitas destas atividades estão banidas, com medo de que a euforia gere contacto e, consecutivamente, um surto do novo coronavírus.
O silêncio reina no estádio, com os adeptos a quebrarem-no momentaneamente apenas para aplaudir um golo ou algum momento de brilhantismo.
Esta terça-feira, por exemplo, o Japão registou apenas 301 novos casos de covid-19, um valor inferior ao de Portugal, que registou 425. Os nipónicos fizeram um ótimo trabalho no controlo da pandemia, principalmente se tivermos em consideração que a sua população é mais de 10 vezes maior que a de Portugal.
A abertura dos estádio ao público é apenas uma das medidas implementadas para manter a economia saudável. Os adeptos agradecem e, em contrapartida, apenas têm de se manter ordeiros. É um quid pro quo que os amantes de futebol nipónicos estão dispostos a participar. Muitos deles usam máscara e vêm munidos com álcool gel para evitar a propagação do vírus.
No estádio, todos submetem-se à avaliação de um termómetro infravermelho nos torniquetes. Marcas no chão mantêm os adeptos a uma distância social enquanto fazem filas, escreve o Times.
Apenas adeptos com lugar anual são permitidos, mantendo dois lugares de distância entre si e sempre com uma fila alternadamente vazia. Durante o jogo, ninguém se levanta. Além disso, é-lhes pedido que forneçam o nome e informações de contacto para que seja possível rastreá-los caso haja um caso positivo no estádio. Até ao momento, esse registo mantém-se inviolável.
“Abanar uma bandeira ou tocar tambores pode deixar as pessoas entusiasmadas”, disse Shoji Fujimura, gerente no escritório de resposta ao coronavírus da J-league, o principal escalão japonês. “E isso pode fazer com que outros se reúnam, o que pode fazer com que todos levantem as suas vozes”.
Kiyomi Muramatsu, adepto do FC Tokyo desde 2000, diz que a prioridade é proteger todos. “Não queremos causar problemas ao FC Tokyo ou voltar à situação em que não eram permitidos espetadores no estádio”, disse.
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