Nota artística: PAOK – Benfica, o musical

Eis o primeiro jogo oficial da época para um “grande” português. Eis o Benfica. Eis Jesus. Eish, os nervos! Eis a Grécia. Eish, a tragédia!

Uma equipa grega num lado. Uma equipa portuguesa no outro. Uma equipa alemã no meio. Grécia-Portugal-Alemanha: há alguns anos esta sequência conduziria a conversa até um triunvirato que ficou conhecido como Perestroika sem o amigo Peres.

Desta vez foi um trio da bola. Com o homem do apito que, há duas épocas, esteve noutro duelo entre estas formações, na mesma competição e quase na mesma fase. Naquele tempo os portugueses ganharam por 4-1 aos gregos. Desta vez o trio foi o mesmo e o desfecho foi igualzinho…

Um trio apareceu também na equipa do filho de Deus: um trio de caras novas. Um belga, que demonstraria mais tarde que ainda não conhece o guarda-redes da sua equipa; um Pedrinho, que pediu ajuda ao São Pedrinho antes de começar; e um Everton que tinha a sua cebola quase a chorar, antes do início. Nervos. E ainda um médio, que não é reforço, mas reforçou esta ideia de ansiedade pré-apito inicial – Pizzi parecia uma pizza de quatro estações, sem saber para qual se haveria de virar.

O exterior demonstrou tremeliques, antes do jogo, mas foi no jogo interior que o Benfica brilhou, ao longo de praticamente toda a primeira parte. O vice-campeão luso confirmou que é melhor do que o vice-campeão helénico. Nem os 25 graus às 21h20 locais incomodaram os homens da turma portuguesa.

Quem esteve incomodado com a própria cabeça foi o internacional do país dos relógios. Uma vez, duas vezes, três vezes em que os corredores aéreos lhe apareceram à frente. Não aproveitou nenhum. À terceira até começou a falar para a própria cabeça. Não sei se a cabeça falou com ele.

O guarda-redes do Benfica, que há-de passar umas horas extra com o novo colega belga, esteve descansado ainda antes do descanso. Pouco trabalho durante três quartos de hora para o atleta que é alemão mas é grego (será que posso dizer que estava a jogar em casa?).

A pausa arrebitou os gregos. O alemão que é grego passou a ver a bola mais perto de si. O corajoso Abel empurrou os seus jogadores para a frente.

O que vale é que Vertonghen marcou um golo e inaugurou o marcador a favor do Benfica. Ai não! Marcou para o PAOK. Akpom olhou para Este e, aos 17 minutos, a bola entrou.

O que vale é que Živković marcou um golo e empatou o jogo para o Benfica. Ai não! Marcou para o PAOK. Ele mudou-se para lá há meia dúzia de semanas. Nunca um antigo futebolista do Benfica tinha apontado golo decisivo contra o conjunto da Luz, em duelo da UEFA. Para que é que foste quebrar esse registo? Deixa estar!

Lá vamos com tudo para o ataque. Mas as ideias escasseiam. E lá voltaram os nervos. Até que, no meio desta reunião da ONU – oito países representados em cada 11 inicial – foi um duo português a construir o último golo, já demasiado perto do fim. Nem ouvi nenhum adepto do Benfica, a festejar lá no estádio…

Mais de uma década depois, o Benfica não vai estar na fase de grupos da Liga dos Campeões, após tantas presenças consecutivas.

– Meu Pai, porque me abandonaste? – perguntou o treinador.
– O Cristo Redentor está à tua espera – ouviu-se. Não sei de onde.

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[sc name=”assina” by=”Nuno Miguel Teixeira, ZAP” ]


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