A densidade de jogos de futebol, quer nos clubes quer nas seleções, complica os planos dos treinadores. E originam diversas lesões nos maiores clubes da Europa.
José Mourinho já era um crítico do calendário do ano futebolístico, sobretudo sempre que orientou clubes da Premier League, o Chelsea e o Manchester United. E agora, ao serviço do Tottenham, não mudou a sua postura.
Uma postura que até pode estar mais crítica por causa da covid-19. O vírus em forma de coroa que veio alterar o mundo também alterou o calendário do futebol. A época 2019/20 terminou mais tarde (onde terminou), a época 2020/21 começou mais tarde mas os campeonatos e taças nacionais mantêm-se, as competições europeias mantêm-se.
E os jogos entre seleções nacionais continuam a ser realizados. A pausa mais recente para jogos particulares e para compromissos da Liga das Nações, na Europa, originou uma publicação irónica do treinador português, no Instagram, onde aparece a fazer exercícios num ginásio.
“Incrível semana de futebol. Grandes emoções nos jogos da seleções, amigáveis soberbos e total segurança. Resultados aos testes da covid-19 após os jogos, pessoas estranhas a correr no campo enquanto há equipas a treinar e muito mais. Depois de outro treino com apenas seis jogadores, agora é hora de cuidar de mim”, escreveu, nesta semana.
Outros dois treinadores, que comandam grandes conjuntos mundiais, também lamentam a sucessão de jogos. Pep Guardiola, do Manchester City, foi claro: “Isto é demasiado. Depois do que aconteceu na temporada passada, só tivemos duas semanas de férias… Há um limite para os seres humanos”. Joachim Löw, selecionador da Alemanha, acrescentou: “Se os treinadores não forem muito prudentes, vamos ter problemas enormes no próximo verão”.
Problemas e mais problemas
Diversas grandes equipas europeias tiveram pouco tempo de descanso no último verão e, agora, as lesões acumulam-se e os casos de coronavírus acumulam-se
Com destaque para o Liverpool, o campeão inglês que tem uma defesa muito desfalcada: Joe Gómez, van Dijk e Trent Alexander-Arnold têm problemas físicos, além de Thiago, Fabinho e Alex Oxlade-Chamberlain.
Um ex-jogador do Liverpool, Dejan Lovren, avisou: “As pessoas perguntam-se por que há tantos lesionados. É simples: há muitos jogos. É impossível recuperar sabendo que este é um ano estranho por causa da covid. Não há tempo (eu, pessoalmente, tive oito dias de folga no verão), não houve pré-época em condições e depois há este calendário louco”.
Em Espanha, lembra o jornal Marca, há vários ausentes de peso: Dani Carvajal, Dani Parejo, Gerard Moreno, Diego Costa, Ansu Fati, Jesús Navas, Fede Valverde, Sergio Ramos, Sergio Busquets e Sergio Canales – os três últimos regressaram lesionados dos compromissos das seleções nacionais.
O mesmo diário desportivo reforça que a sequência de jogos não vai abrandar, deixando o exemplo dos dois maiores clubes espanhóis: o Real Madrid e o Barcelona vão jogar 10 vezes entre os dias 21 de novembro e 23 de dezembro.
O campeão europeu Bayern Munique também regista duas baixas importantes: Kimmich e Alphonso Davies, que provavelmente só voltarão a jogar em 2021.
Com tanto desgaste, aparecem novas queixas. Kylian Mbappé, que curiosamente também se lesionou entretanto, já tinha comentado: “Isto não é uma temporada nova, é o 60.º jogo da época anterior”. Toni Kroos atirou: “Somos fantoches da FIFA e da UEFA”.
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