https://soundcloud.com/nuno-teixeira-264830877/sacavenense-1-7-sporting-o-musical
Eles sabem que, provavelmente, vão perder. Perderão, quase de certeza. Mas este é o jogo da vida deles. É o jogo em que eles demonstram ainda mais o amor pela camisola, o amor pelo jogo. Como contou um deles, antes deste encontro: “Trabalho da uma às cinco da manhã no Metro. Chego a casa às seis horas, durmo até às sete e meia, depois levo o meu filho à escola e sigo para o treino. Isto é o amor que temos ao clube e ao futebol”. E ao jogo.
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Estádio do Jamor, Taça de Portugal. Não, não é a final. O Sacavenense gostava que fosse, mas não é. É ainda a terceira eliminatória.
Em campo vão estar, pelo Sporting: Max, Coates, Neto, Inácio, Borja, Antunes, Matheus Nunes, João Mário, Nuno Santos, Jovane e Šporar. Qualquer adepto atento ao futebol em geral conhece todos estes futebolistas.
Pelo Sacavenense são titulares: Tiago Mota, Carlos Bebé, Ricardão Santos, Diogo Duque, André Pires, Daniel Pinto, Carlos Saavedra, João Job, Léo Mofreita, Didi e Iaquinta. Qualquer adepto atento ao futebol em geral não conhece qualquer destes futebolistas. Pode lembrar-se do nome Iaquinta, mas de um italiano que viria a ser condenado em tribunal.
Que diferença entre um plantel e outro. Nas bancadas vazias do Jamor até comentavam: “Coitados”…
Mais uma vez, um Nuno sportinguista marcou cedo nesta época. O Santos, logo ao terceiro minuto. Na fase seguinte a equipa de Sacavém até conseguiu aguentar o jogo, estava melhor, parecia que nem ia sair goleada dali. Mas perto da meia hora, Coates apareceu lá na frente, marcou. Um golo quase caído do céu, diga-se.
Jovane apontou o terceiro logo a seguir, numa grande penalidade. 0-3 ao intervalo mas 0-4 logo aos dois minutos da segunda parte. Olha um defesa a bisar. Coates andou a aprender com um ex-rival que agora anda pela cidade de Manchester.
E eis que, aos 52 minutos, surge o momento do jogo. Iaquinta. Foi mesmo ele. Um dos dois jogadores do Sacavenense que trabalham na Metro de Lisboa. Vais trabalhar à uma hora da madrugada, já a seguir, mas vais contente: marcaste um golo ao Sporting! Bem, por um lado, esperemos que esta partida não siga para prolongamento. Porque já começou às nove e um quarto da noite e, se ainda tiver tempo extra, a noite fica mesmo longa… Mas será uma noite diferente para Iaquinta. Uma companheira dos seus gritos de alegria.
1-4 no marcador. E assim parecia que ia ficar. Sem prolongamento. Vais chegar a tempo ao emprego. Até que, nos últimos minutos, três golos provenientes de Alcochete: dois de Pedro Marques e um de Gonçalo Inácio. Contas fechadas.
Quanto ficou mesmo? Sete a um. Bom, este Sporting do evangelista Ruben gosta mesmo de ganhar e de marcar muitas vezes. Três golos ao Gil Vicente, quatro ao Tondela, quatro em Guimarães, sete no Jamor… Sete no Jamor? O evangelista não tinha vencido aqui por 7-1? Pois tinha. Logo no seu primeiro jogo como líder da equipa principal do Sporting…de Braga. Pois, um evangelista costuma gostar do sete.
E, ao som do piano, embalem-se no sonho. Os homens do Sacavenense tinham o sonho de afastar o Sporting da Taça, disse o próprio treinador. Ficaram com o sonho.
Mas, ao som do piano, fiquem com as memórias de um jogo histórico. Não memorizem o desfecho. Memorizem que dividiram o relvado com um dos maiores clubes portugueses.
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