Esta época, em média, o tempo útil de jogo na primeira divisão portuguesa é de apenas 49,26 minutos. Os árbitros são bodes expiatórios deste registo.
Dizem as regras do futebol que um jogo tem 90 minutos, mais uns pozinhos de descontos. Ironicamente, em Portugal, isto não é bem verdade. A média de tempo em que a bola esteve a rolar nas 21 jornadas da Liga NOS já realizadas esta época é de 49,26 minutos, de acordo com dados da InStat recolhidos pelo Expresso.
Sendo que cada parte tem 45 minutos, pode-se quase dizer que, no futebol português, não se joga uma delas. Ainda no mais recente FC Porto-Sporting CP, Sérgio Conceição lamentou: “A cada 15 segundos o jogo parava”. Ainda assim, este foi o único jogo entre dois dos ‘três grandes’ que superou a média de minutos de tempo útil de jogo desta temporada.
Se olharmos para o FC Porto-SL Benfica da 14.ª jornada, apenas se jogaram 44,64 minutos: nem um parte inteira. “É algo cultural e há um conjunto de situações em que o futebol português tem de melhorar”, disse ainda o treinador portista antes do mais recente Clássico.
Dados do Observatório do Futebol Europeu (CIES), divulgados em novembro de 2019, mostram que a Liga NOS tinha uma média de 51,9% de tempo útil de jogo. Entre 35 campeonatos analisados, a Liga portuguesa ficava à frente de apenas três: a Super Liga grega (50,9%), a Segunda Divisão espanhola (50,4%) e a Liga checa (50,2%).
A culpa por este registo é normalmente atribuída aos árbitros. Esta temporada, o número médio de faltas por partida na Liga NOS é de 32,34 – um valor bastante superior às 22,13 faltas da Premier League, por exemplo.
No entanto, em declarações ao Expresso, o ex-árbitro Duarte Gomes, considera que “é demasiado redutor e até leviano colocar a responsabilidade apenas nos suspeitos do costume”. Aliás, Duarte Gomes salienta que existem “arbitragens mais defensivas”, devido ao receio de errar e pela consequente escrutinação nos programas desportivos.
Olhe-se para o exemplo de Artur Soares Dias, um dos que menos faltas apita em Portugal — embora roce as 30 por jogo —, que apenas assinalou 11 no recente Manchester City-Borussia Mönchengladbach para a Liga dos Campeões. Depende do jogo e não do árbitro.
Fábio Martins, jogador do Al-Shabab da Arábia Saudita, que se destacou em Portugal ao serviço do Sporting de Braga e do Famalicão, distribui a responsabilidade aos “jogadores que caem” ao mínimo toque e “tentam sacar as faltas com alguma facilidade”.
Por sua vez, Duarte Gomes considera que “a postura de alguns é péssima, com simulações constantes, mãos na cara por toques na barriga e uma propensão enorme para o protesto, para o conflito, para o drama”.
[sc name=”assina” by=”ZAP” ]
Deixe um comentário