O lendário futebolista argentino Diego Armando Maradona foi “abandonado à própria sorte” pela equipa de profissionais médicos que o atendeu nos dias anteriores à morte, a 25 de novembro de 2020, com um “tratamento inadequado, deficiente e imprudente”, segundo relatório pericial.
A junta médica que investigou as causas da morte determinou num documento de 70 páginas que Maradona “começou a morrer pelo menos 12 horas antes” do momento em que foi encontrado sem vida na sua cama e sofreu um “prolongado período de agonia”.
Maradona morreu semanas após ter sido submetido a uma cirurgia ao cérebro devido a um coágulo. Um painel de 20 peritos foi convocado pelo procurador de San Isidro, na periferia de Buenos Aires, para examinar a causa da morte e para determinar se tinha havido qualquer negligência.
O neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov e o psicólogo Carlos Diaz estão sob investigação, assim como dois enfermeiros, um coordenador de enfermagem e um coordenador médico. Do relatório poderá resultar um caso de homicídio por negligência, e numa pena de prisão até 15 anos.
O processo judicial foi motivado por uma queixa apresentada por duas das cinco filhas de Maradona contra Luque, a quem culparam pela deterioração do estado do pai após a operação ao cérebro.
O relatório conclui que Maradona “teria mais hipóteses de sobrevivência” se tivesse permanecido internado.
“Levando em conta o quadro clínico, clínico-psiquiátrico e o mau estado geral, deveria ter continuado a sua reabilitação e tratamento interdisciplinar numa instituição adequada”, escreveu a junta. Os especialistas indicaram que Maradona “não estava no pleno uso das faculdades mentais, nem em condições de tomar decisões sobre a sua saúde” no momento em que deixou a clínica de Olivos.
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