O SC Braga fez a festa na cidade dos estudantes. Na noite deste domingo, os “Gverreiros” do Minho venceram o Benfica por 2-0 e conquistaram a terceira Taça de Portugal no historial do clube.
Lucas Piazón inaugurou o marcador e, perto do fim, Ricardo Horta fechou as contas, num duelo que ficou marcado pelas expulsões de Helton Leite, Taarabt, Piazón e Eduardo (treinador de guarda-redes dos minhotos).
As “águias”, que são a equipa mais titulada na Taça de Portugal, com 26 conquistas, não vencem a prova desde 2017, quando eram orientadas por Rui Vitória, e perdem a segunda final de forma consecutiva, depois de terem caído na edição passada diante do FC Porto.
O jogo explicado em números
- Ambos os treinadores optaram por delinear o mesmo sistema táctico – 1x3x4x3. Nos “arsenalistas”, Sequeira juntou-se a Vítor Tormena e Raúl Silva na linha defensiva e o ataque foi formado por Lucas Piazón, Abel Ruíz e Ricardo Horta. Nota para a ausência do influente Fransérgio. Nas “águias”, Morato foi a novidade, na vaga habitualmente ocupada pelo lesionado Lucas Veríssimo. Vertonghen recuperou de mazela física e também foi titular.
- Duelo repartido no primeiro quarto-de-hora. O Benfica começou mais pressionante, mas aos poucos os “guerreiros” acertaram as marcações e equilibraram a contenda, desperdiçando até a ocasião de maior perigo nesta fase. Aos 15 minutos, Abel Ruiz, sobre o lado esquerdo, cruzou, mas ninguém surgiu para finalizar o lance. Dois minutos volvidos, Helton Leite foi expulso após ter feito falta sobre o dianteiro espanhol, deixando a equipa lisboeta reduzida a dez elementos. Pizzi acabou por ser o sacrificado para a entrada de Vlachodimos.
- Com mais um elemento, o domínio do SC Braga começou a intensificar-se (três remates contra um). Galeno, sempre com movimentos da esquerda para a zona central, era quem mais dava dores de cabeça a Diogo Gonçalves e companhia. O melhor elemento em cena era Grimaldo, que acumulava um GoalPoint Rating de 5.6. O espanhol tinha dois remates – o único benfiquista -, apenas um passe falhado em 12 tentados (eficácia de 92%), 21 acções com a bola e duas intercepções.
- A cinco minutos do intervalo, Abel Ruiz assistiu Ricardo Horta, que tinha a baliza à mercê, mas antes que a bola chegasse aos pés do avançado, Otamendi vestiu a pele de salvador e fez um corte irrepreensível que impediu a festa minhota. A jogada, no entanto, voltou a deixar a nu a fragilidade “encarnada” em controlar a profundidade – tal como no lance que redundou na expulsão de Helton Leite – e a falta de coordenação entre os centrais e os alas.
- Na resposta, um toque de Tormena evitou que Seferovic inaugurasse a contenda e, instantes depois, Weigl desperdiçou excelente oportunidade para marcar. Perante Matheus, o alemão atirou com força, mas o guardião respondeu e realizou uma excelente intervenção.
- Porém, já em período de descontos, Piazón apontou um golaço a mais de 30 metros da baliza. Vertonghen e Vlachodimos não comunicaram, o grego saiu da baliza de forma precipitada e o médio aproveitou para “abrir o livro” e fazer o tento inaugural da final.
- Helton Leite e Vlachodimos ficarão umbilicalmente ligados aos dois lances que mudaram o contexto do encontro. Ao minuto 17, um erro de cálculo do brasileiro, que saiu da baliza e acabou por derrubar Abel Ruíz.
- Com a expulsão do antigo jogador do Boavista, o SC Braga começou a controlar as incidências do duelo.
- Já em período de descontos, e numa fase em que Seferovic e Weigl rondaram o golo “encarnado”, Odysseas entregou o “ouro” que Piazón roubou, apontado uma obra-de-arte.
- O médio foi o MVP na primeira metade, não só graças ao grande golo marcado, mas também a um passe valioso gizado, 20 acções com o esférico, três recuperações da posse, uma acção defensiva no meio-campo adversário e um GoalPoint Rating de 6.6.
- Vlachodimos esteve em foco no reinício quando impediu em duas ocasiões que Castro (48′) e Piazón (50′) ampliassem a vantagem minhota. Aos 54 minutos, Galeno ofereceu o 2-0 a Abel Ruíz, que atirou ao lado quando estava em excelente posição. Três situações que expuseram, mais uma vez, as inúmeras “crateras” que se abriam na zona mais recuada do Benfica. Dos oito remates “bracarenses”, três levaram a direcção do alvo, ao passo que das seis tentativas dos homens da Luz apenas um remate foi à baliza de Matheus.
- Face à avalanche de ocasiões criadas e desperdiçadas pelo adversário, Jorge Jesus foi obrigado a mexer, retirando Diogo Gonçales, Everton e Seferovic e lançando Nuno Tavares, Rafa e Darwin Núñez, respectivamente. No entanto, foi o SC Braga que continuou a rondar o golo. Mais uma vez, ninguém conseguiu travar Galeno, que galgou vários metros, entrou na área, pecando apenas no momento da finalização, e aos 62, Ricardo Horta não tocou no esférico por poucos centímetros.
- Numa rara incursão na área bracarense, Darwin esticou-se, mas não conseguiu acertar com o alvo. Depois, Rafa, entre inúmeros ressaltos, quase atirava a contar, valendo ao conjunto orientado por Carlos Carvalhal um corte na hora certa de Sequeira. Nesta etapa final, o SC Braga já tinha cinco remates (dois enquadrados) e o Benfica três (todos desenquadrados).
- A seis minutos dos 90, Ricardo Horta praticamente sentenciou a final. Tudo nasceu num roubo de bola de Esgaio a Rafa, Abel Ruíz assistiu e o camisola 21 desferiu um “míssil” que bateu Vlachodimos. Foi o 15.º tento do avançado esta época em todas as competições.
- O período final ficou manchado por cenas escusadas entre Eduardo e Taarabt, que resultou na expulsão de ambos (e de Piazón) e por um falhanço escandaloso protagonizado por Chiquinho.
O melhor em campo GoalPoint
O experiente central Raúl Silva rubricou uma exibição imaculada e foi o MVP da final com um GoalPoint Rating de 6.7. Durante 95 minutos, Raúl Silva liderou a defensiva bracarense, foi rápido nas dobras e certeiro sempre que teve de iniciar a primeira fase de construção da equipa.
Dos seus dados, realçamos dois passes para finalização, 12 passes progressivos certos, o máximo de 87 acções com a bola – mais ninguém o fez no jogo -, venceu os dois duelos aéreos em que interveio, recuperou a posse em dez ocasiões e realizou ainda quatro desarmes.
Jogadores em foco
- Galeno 6.4 – Diogo Gonçalves e Nuno Tavares deverão ter pesadelos nos próximos dias tal foram as vezes em que o ala fez o que quis deles. O brasileiro foi um verdadeiro “abre-latas” e esteve ligado a quase todos os lances perigosos da equipa. Ao todo, foi autor de quatro remates (dois enquadrados), dois passes para finalização, seis passes valiosos, oito acções na área “encarnada” (máximo do encontro), acertou cinco dos sete dribles tentados, teve ainda fôlego para fazer quatro desarmes, três intercepções e outras tantas acções defensivas no meio-campo contrário. “Châpeau”, Galeno.
- Ricardo Horta 6.4 – Um remate, um golo, quatro passes valiosos, apenas dois passes falhados em 34 tentados (94% de eficácia), seis recuperações e muita qualidade em todas as suas acções. É o verdadeiro “maestro” da equipa de Carvalhal.
- Sequeira 6.2 – Jogou como central canhoto na linha de três defesas e exibiu-se a um excelente nível. Sempre seguro, recuperou a posse em sete ocasiões e esteve intransponível no capítulo do desarme, atingindo o marco de seis.
- Ricardo Esgaio 6.1 – A forma como tirou a bola a Rafa, dando início ao golo que fechou as contas da final, ilustra na perfeição a “performance” serena do ala-direito, que demonstrou mais uma vez que tem valor para atingir patamares ainda mais elevados.
- Otamendi 5.7 – Depois de sete elementos do SC Braga, surge o central argentino na lista de jogadores com as melhores notas esta noite. O defensor atingiu o máximo de 12 recuperações de bola e fez três alívios.
- Lucas Piazón 5.7 – Classe e frieza. A forma como bateu Vlachodimos abriu caminho para o triunfo e conquista do SC Braga. Entendeu-se bem com Abel Ruíz e Ricardo Horta, um trio que baralhou as marcações “encarnadas”.
Resumo
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