Nota artística: vermelho na final da Taça não é bom para o Benfica

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Vamos então terminar a época futebolística de alto nível em Portugal. Em Coimbra, palco de mais uma final da Taça de Portugal para Jorge Jesus. O Benfica tem, de longe, o recorde de conquistas nesta prova, mas o seu treinador já esteve em quatro finais e só venceu uma. Não tem sido muito feliz no Jamor. Mas quer ser, desta vez.

E, para já, Jesus está feliz. Quando se ouviu o hino nacional no Jamor, como acontece sempre antes de uma final da Taça, o técnico do Benfica sorriu várias vezes. Boca a cantar A Portuguesa, a mão direita no peito e a mão esquerda a funcionar como maestro, a indicar às crianças quais são os versos do hino – como se elas não soubessem. Mas lá estava ele, qual educador de infância, feliz.

Devia estar satisfeito por estar novamente no Jamor.

Embora hoje o Estádio Nacional pareça algo diferente. Até parece mais pequeno e parece que tem mais telhados. Ai isto é Coimbra, pois. Eu já tinha dito.

Por isso é que está ali a Académica a jogar, aqueles jogadores com equipamento preto.

Contra Jesus e contra Deus estará a cidade dos arcebispos. Ou o maior clube da cidade dos arcebispos. Final inédita. Nunca Sporting de Braga e Benfica se tinham cruzado neste Jamor. Aliás, por causa desta final, o emblema bracarense torna-se a quarta equipa a defrontar os denominados três “grandes” na final da Taça. Boavista (que já derrotou todos eles), Vitória de Guimarães e Vitória de Setúbal são as outras exceções.

Não foi exceção ver um jogo grande começar por ser um jogo fechado. Não me lembro de oportunidades de golo claras na fase inicial do duelo.

Até que, ainda antes dos 20 minutos, o jogo mudou. Acho que a interpretação do árbitro, ou dos árbitros, teve uma importância grande nesta final. Era cartão vermelho? Amarelo? Será que foi falta? O toque de Helton é claro? Bom, houve poucos protestos do próprio guarda-redes em relação à falta – e este é um critério de desempate quando há dúvidas. Helton Leite, o primeiro guarda-redes expulso numa final da Taça de Portugal. Já ficaste na história da prova.

Obviamente Vlachodimos vai entrar. Alguém tem de sair. Pizzi foi o escolhido. Saiu contrariado. Visivelmente contrariado, claramente frustrado. A falar sozinho. Nem vou repetir algumas das suas palavas enquanto saía do campo.

E não sei se tirar Pizzi da partida foi a melhor opção…

Bem, há menos de um ano vimos outra final da Taça em que uma das equipas jogou com 10 elementos durante muito tempo e ganhou. Veremos o que o Benfica aprendeu nesse jogo.

Neste jogo, depois da expulsão, os espaços começaram a aparecer. Mais Braga no ataque, apesar das ameaças claras de Seferović e de Weigl perto do intervalo.

Mesmo em cima do descanso, um belo chapéu de Piazón, aproveitando uma saída mal calculada de Vlachodimos. Nesse momento Jesus deve ter pensado: “Vêem porque é que esta odisseia passou a estar no banco? Quando ele sai da baliza… Eu já desconfiava que ele não era certo mas tive a certeza naquele dérbi”.

Benfica a perde em dificuldades no arranque da segunda parte. Castro, Piazón e Ruiz tentaram mas agora quem brilhava era Vlachodimos, em duas dessas situações. Também Rafa poderia ter marcado contra a sua equipa anterior. Nenhum deles foi feliz.

Al Musrati também não foi nada feliz. Lesão, talvez grave, e um adeus triste do médio do Sporting de Braga.

As diversas substituições, dos dois lados, pararam. Pararam o jogo, não é? Porque tem de se parar para as alterações e pararam o ritmo do encontro.

Ainda havia dúvidas à volta do novo vencedor da Taça mas o golo de Ricardo Horta, a apenas cinco minutos do fim, retirou as dúvidas a quase toda a gente.

Pensava que não iria haver mais nada para colocar aqui neste espaço, em relação ao jogo, até que houve aquele momento de râguebi: Piazón a simular um pontapé em Taarabt, Taarabt com a mão na cara de Piazón e Eduardo com uma boa placagem. Ó Eduardo… Bem sei que já estiveste do outro lado, a jogar pelos de Lisboa, mas estás louco?

Acabem lá com isso. Ah, pronto, Apito final.

O Benfica fecha a época como começa: com uma espécie de tragédia. Lembram-se do primeiro musical? Na Grécia?

Foi o PAOK, foram milhões, foi a Supertaça, foi a Taça da Liga, foi o campeonato, foi a Taça de Portugal… Foi tudo a fugir da Luz.

Mas esta noite é noite de festa da comitiva de Braga. Que recebeu o troféu, entregue pelo nosso presidente. Marcelo Rebelo de Sousa disfarçou (acho eu, isto com as máscaras…) mas estava satisfeito por entregar a Taça ao seu clube.

Taça de Portugal, capítulo fechado.

Jogos principais em Portugal, capítulo fechado.

Capítulo por abrir: a fase final do Europeu, onde Portugal vai unir este povo.

[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]


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