O Benfica aproveitou uma “borla” do adversário para chegar à vitória e gerir o jogo da melhor forma possível, para quem se prepara para decidir o acesso à Champions nos próximos dias.
A organização e qualidade do Arouca prometiam mais mas a verdade é que os amarelos deram um “tiro no pé” bem cedo, adiando até perto do intervalo o inevitável e até escapando a uma goleada.
Esta só não surgiu (na segunda parte) devido ao desacerto das “águias” diante da baliza, sobretudo a partir da saída do homem que tocou pouco mas decidiu tudo: o reforço Yaremchuk.
A expulsão do guardião Victor Braga logo aos oito minutos remeteu naturalmente um Arouca que já se esperava cauteloso para uma toada ainda mais entrincheirada.
O Benfica poderia (e devia) ter chegado ao golo logo a seguir mas Cebolinha desperdiçou um cabeceamento à boca da baliza, sem guardião, com 71% de probabilidade de golo.
Acabou por surpreender o Arouca, pela boa organização defensiva e capacidade de posse, adiando os golos “encarnados” para o final da 1ª parte, momento em que Yaremchuk mostrou que, por vezes, não é preciso muita bola para se ser decisivo.
Em apenas 11 acções com bola de Yaremchuk, duas acabaram, directa e indirectamente, no fundo das redes visitantes, desbloqueando um jogo até então “amolecido”, provavelmente pelo calor.
O ucraniano só viria a tocar na bola mais duas vezes, antes de ser substituído aos 57 minutos por Gonçalo Ramos. Jesus começava cedo a rotação, a pensar na recepção ao PSV, para a Champions.
Com o Arouca a quebrar com o cansaço e o Benfica refrescado por Jesus, o final do jogo ficou marcado pelo… desperdício: Rafa (1), Luca (1), Ramos (1) e Gil Dias (2) a perderem uma “manita” de ocasiões flagrantes.
O final da partida ficou também associada ao regresso de André Almeida, após longa recuperação de lesão, com o português a mostrar, a fãs e haters, que ainda está aí para as curvas.
Melhor em Campo
Tão económico quão decisivo, Yaremchuk foi mais pinheiro do que o seu cartão-de-visita dizia, acerca da sua carreira.
Tocou apenas 13 vezes na bola mas perdeu-a apenas quatro vezes e aproveitou para marcar um golo e oferecer outro, nesse registo cirúrgico. Não falhou um passe dos seis que tentou e ainda somou uma condução super aproximativa.
Com estes números muito certamente não seria MVP no final da partida, caso os colegas tivessem aproveitado melhor o que desperdiçaram, mas o desfecho acaba por ser justo face à importância das poucas mas decisivas acções que o avançado protagonizou.
Destaques do Benfica
Gil Dias 7.0 – Ninguém levou a bola mais metros para a frente, ninguém driblou mais e melhor e só o reaparecimento de André Almeida impediu que Gil fosse o homem com mais passes para finalização. E quem pense que só sabe atacar aqui fica a nota: fez cinco desarmes e quatro intercepções, ambos registos máximos do jogo. As duas ocasiões flagrantes que perdeu foram a diferença entre um excelente rating e um MVP com rating provavelmente inesquecível. Fica para a próxima.
Soualiho Meïté 6.9 – Não se deu por ele na construção ofensiva (mas fez cinco passes ofensivos valiosos) mas fez-se notar a defender/apertar o cerco ao Arouca, com quatro acções defensivas no meio-campo adversário (apenas Gil Dias fez mais), 12 recuperações de posse (máximo do jogo) e quatro duelos aéreos defensivos noutros tantos disputados.
Otamendi 6.6 – O jogo ajudou claro mas a verdade é que o central continua a somar bons desempenhos, muito acima do arranque tremido do Verão passado. Somou três desarmes, outras tantas intercepções e colocou com acerto 10 dos 11 passes longos que tentou.
Luca Waldschmidt 6.4 – Mais um bom jogo, apesar do desperdício directo e indirecto. Antes de abrir o marcador teve uma “branca”, ao não meter uma bola para golo em Yaremchuk mas pouco depois o ucraniano mostraria não ter ressentimentos, ao assisti-lo para o primeiro da tarde. Foi o jogador com mais acções na área adversária (12) e ficou a um lance de VAR de sacar o MVP da partida, antes de sair.
Rafa Silva 6.5 – Jogou apenas 34 minutos mas em alta rotação. Perdeu uma flagrante mas somou 10 passes ofensivos valiosos, um deles para uma das flagrantes perdidas pelos colegas.
Everton Cebolinha 6.3 – Foi o protagonista do primeiro (e maior) desperdício da tarde mas trabalhou o jogo todo. Mesmo sem deslumbrar acabou com um passe para flagrante, dois remates e quatro acções defensivas.
Morato 5.9 – Em maior evidência no início do jogo, terminou com números que voltam a validá-lo como solução: 90% de passes entregues, quatro duelos aéreos defensivos ganhos noutras tantas tentativas, cinco acções defensivas e uma condução aproximativa.
João Mário 5.9 – Sem a influência nos golos que vem mostrando na Champions, o novo “regista” fez um jogo discreto mas competente, durante 57 minutos. Certinho no passe (87% em 44) mas sem grande contribuição ofensiva (apenas um remate perigoso, de fora da área) destacou-se novamente na cobertura defensiva, com quatro acções defensivas somadas ainda no miolo do adversário, três delas desarmes.
Pizzi 5.6 – Saiu cedo mas com uma assistência no bolso e o registo mais elevado em passes ofensivos valiosos (6, a par de Gil Dias), que manteve até ao final da partida. O aspecto mais negativo e penalizador do seu desempenho foram mesmo os quatro foras-de-jogo em que caiu, um registo mais próprio de avançados campistas do que de médios trabalhadores como é o seu caso.
André Almeida 5.9 – Foram apenas 26 minutos mas o suficiente para ensaiar sete cruzamentos (três com sucesso) e acabar o jogo como o jogador que mais passes para finalização fez. E vem de lesão.
Destaques do Arouca
Sema Velásquez 6.3 – Acabou o jogo sem falhar um único passe em 15 o que, tendo em conta a situação de inferioridade numérica num jogo disputado na Luz não é um pormenor. Personificou a resistência defensiva possível dos “amarelos”, com 15 acções defensivas incluindo um corte decisivo.
Fernando Castro 6.3 – Saltou do banco e calçou as lugas, para colmatar a falha do titular Victor Braga. Terminou com três defesas, duas delas a remates já dentro da sua área. Ainda nem tem foto no Transfermarkt mas ficou a merecer.
Eugeni 5.5 – O espanhol mostrou pormenores de qualidade durante os 59 minutos em que esteve em campo, colaborando na surpreendente boa circulação visitante mesmo em inferioridade numérica e fechando a 1ª parte com um remate que até podia ter enviado as equipas para o balneário com um 2-1, não fosse a atenção de Odysseas.
Resumo
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