Na que ficará na história como a corrida mais curta — e, quiçá, a mais bizarra — da Fórmula 1, foram atribuídos metade dos pontos aos dez primeiros classificados, resultantes da qualificação de sábado, já que foram cumpridas apenas quatro voltas e atrás de safety car.
É um dado adquirido da Fórmula 1 que muito do que acontece ao domingo, dia da corrida, fica decidido ao sábado, dia da qualificação em que a grelha de partida para a corrida fica decidida. No entanto, o que se assistiu este fim-de-semana em Spa Francorchamps elevou esta máxima a um novo nível.
A corrida, que deveria ter começado às 14h, foi atrasada sucessivamente em intervalos de cinco minutos devido à muita chuva que caía — e continuou a cair pela tarde fora —, com os pilotos a arrancarem para a tradicional volta de formação de grelha de partida 25 minutos depois da hora inicialmente prevista. Perante as condições meteorológicas, a direção de corrida decretou que o início da corrida seria atrás de safety car e não parado, como tradicionalmente costuma acontecer, com os carros a seguirem-no em fila, sem possibilidade de ultrapassagem.
Só que após duas voltas e com relatos dos pilotos para as equipas de que as condições eram impraticáveis para uma corrida de Fórmula 1 — devido à falta de visibilidade e de aderência dos monolugares à pista — foi decretada bandeira vermelha, o que levou à interrupção da corrida, desta feita por tempo indefinido. Nas redes sociais e nas transmissões televisivas seguiram-se debates sobre os regulamentos e o que dizem estes sobre os prazos para a duração máxima possível de um Grande Prémio, mas também sobre quantas voltas haviam sido efetivamente feitas.
Carlos Sainz’s view of a sodden Spa ☔️☔️#BelgianGP 🇧🇪 #F1 pic.twitter.com/KuhBMSnRC2
— Formula 1 (@F1) August 29, 2021
A discussão prolongou-se durante quase três horas, período em que, após os procedimentos de arranque terem sido interrompidos, a corrida esteve suspensa e os carros parados no pitlane — enquanto a direção de corrida, de olhos postos no radar meteorológico, tentava encontrar uma janela temporal para encaixar a algumas voltas de corrida que permitissem obter uma classificação.
Tal acabou por acontecer, mas de uma forma que causou a revolta dos fãs da Fórmula 1 e de corridas de automobilismo, já que a solução encontrada pela direção de corrida foi, com o mau tempo a não dar tréguas, pôr os monolugares em pista novamente em pista atrás de safety car, com os dez primeiros — resultado da qualificação de sábado — a receberem metade dos pontos normalmente atribuídos num Grande Prémio, mas decorridas apenas quatro voltas (novamente sem possibilidade de ultrapassagem e de discussão de lugares), antes de nova situação de bandeira vermelha.
Sérgio Pérez foi a exceção, depois de nas voltas de instalação ter atirado o seu Red Bull contra as barreiras e ter obrigado os seus mecânicos a operar uma recuperação in extremis, sendo obrigado a sair de último e promovendo uma subida de posição para os pilotos que se qualificaram atrás de si.
It rained and rained at Spa 🌧🌧🌧
Track conditions were treacherous, and Sergio Perez found out the hard way on his way to the grid before the scheduled start#BelgianGP 🇧🇪 #F1 pic.twitter.com/p8lrWcOWou
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Para além da atribuição de pontos polémica muito contestada após a corrida do mundial de Fórmula 1 mais curta da história, o Grande Prémio da Bélgica teve ainda direito a cerimónia de pódio, ao qual subiram Max Verstappen (Red Bull), George Russell (Williams) e Lewis Hamilton (Mercedes).
Depois de ser oficializado o fim do Grande Prémio, a maioria dos pilotos, em declarações aos jornalistas, mostraram-se contra o sucedido, alguns pedindo desculpa ao público que permaneceu toda a tarde à chuva nas bancadas e afirmando que não viam motivo para serem premiados com pontos já que nada fizeram para os merecer.
https://youtu.be/cmFgaA-TzR4
Lewis Hamilton foi dos mais vocais, utilizando mesmo a entrevista pós-corrida para apelar à devolução do preço dos bilhetes aos espectadores nas bancadas. O britânico deixou mesmo no ar a ideia de que a direção de corrida optou por retomar a prova só para cumprir com o mínimo de voltas e se proteger desta possibilidade.
“Sinto-me muito mal pelos fãs hoje. Ninguém tem culpa do tempo, mas os fãs têm sido incríveis em ficar connosco este tempo todo e esperar por uma hipotética corrida. Eles [direção de corrida] sabiam quando nos mandaram voltar aos carros que as condições da pista não tinham melhorado e fizeram-no na mesma só para que fizéssemos as duas voltas atrás do safety car, o que é o requisito mínimo para uma corrida. Espero mesmo que os fãs tenham o seu dinheiro ressarcido.”
Na sua página do Instagram, o sete vezes campeão do mundo deu continuidade às críticas, apelidando o que tinha acontecido de “farsa”.
Lewis Hamilton on Instagram: pic.twitter.com/SNDxCLthDE
— WTF1 (@wtf1official) August 29, 2021
Como ficam as classificações?
Feitas as contas, Hamilton e a Mercedes continuam a liderar ambos os campeonatos, com as diferenças para a Max Verstappen e para a Red Bull a serem reduzidas — no caso do mundial de pilotos, para três pontos. A McLaren, com o quarto lugar de Daniel Ricciardo (o melhor resultado esta época), conseguiu superiorizar-se à Ferrari na luta pelo terceiro lugar no mundial de construtores, depois de Charles Lecrerc e Carlos Sainz terem conquistado, em conjunto, apenas 2,5 pontos.
Lewis Hamilton’s championship lead has been cut to 3 points #BelgianGP 🇧🇪 #F1 pic.twitter.com/bTMiRViRxy
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Lando Norris (McLaren), que na qualificação de sábado sofreu um aparatoso acidente, continua no terceiro lugar do mundial de pilotos apesar de não ter pontuado — tal como aconteceu a Valtteri Bottas (Mercedes) e Sério Pérez, os adversários mais próximos.
Com os dois pilotos a pontuarem pela segunda corrida consecutiva, a Williams solidifica a sua posição como oitava equipa no mundial de construtores, a qual não deve conseguir ser desafiada pela Alpha Romeo face à diferença pontual construída nos dois últimos Grandes Prémios.
TEAM STANDINGS: After 12 rounds#BelgianGP 🇧🇪 #F1 pic.twitter.com/dvhcGlElAP
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Depois do fim de semana em Spa Francorchamps, que marcou o regresso da pausa de verão, a Fórmula 1 está de regresso já na próxima sexta-feira, em Zandvoort, nos Países Baixos, onde se espera uma corrida mais corrida.
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