“Uma mulher preta tem que ser a melhor, as pessoas tentam menosprezar”, lamentou a multi-campeã olímpica de ginástica.
Simone Biles não conquistou qualquer medalha de ouro nos Jogos Olímpicos deste ano mas foi a atleta mais mencionada, por ter desistido de quase todas as provas em Tóquio e por ter admitido que foi a sua saúde mental a impedir a participação nesses eventos.
Quase dois meses depois de ter “saltado” para as capas dos jornais em quase todo o mundo, a jovem ginasta admitiu que deveria ter deixado de competir antes da realização destes Jogos Olímpicos.
“Se analisarmos tudo o que eu passei nos últimos sete anos, eu nunca deveria ter feito parte desta equipa olímpica. Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio, quando Larry Nassar apareceu nas notícias durante dois anos”, disse Simone em entrevista ao portal The Cut.
A atleta falava sobre Larry Nassar, antigo médico da selecção feminina de ginástica artística, que abusou sexualmente de crianças e de adolescentes, que queriam ser ginastas de topo nos Estados Unidos da América.
Entre 2017 e 2018, no meio de casos de pornografia infantil, de abuso sexual de menores e de agressão sexual, Nassar foi condenado a uma pena total de, no mínimo, 140 anos – e que se pode estender a 360 anos. Nunca sairá (vivo) da prisão.
“Foi muito. Mas eu não ia deixá-lo tirar de mim algo pelo qual eu trabalhei desde os meus seis anos de idade. Eu não iria deixá-lo tirar de mim toda aquela alegria. Por isso, empurrei o passado para trás o máximo que a minha mente e o meu corpo deixaram”, continuou Simone.
A ginasta ficou bloqueada durante os Jogos Olímpicos. Não conseguia ter noção de onde estava, enquanto fazia os seus movimentos no ar: “Fiquei mais e mais nervosa. Não senti a confiança que deveria sentir, depois de ter treinado o que treinei. Isto é algo que devo trabalhar pelos próximos 20 anos. Não importa o quanto eu tente esquecer. É um trabalho em andamento”.
Simone Biles falou também sobre o racismo que continua a notar: “Como uma mulher preta, temos de ser as melhores. Porque, mesmo quando quebramos recordes, as pessoas tentam menosprezar, como se fosse algo normal”.
[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]
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