Campeões mundiais de futsal: “Foi Borruto, e não Portugal, que deixou a Argentina em KO”

Curiosidades e reacções ao primeiro título mundial de Portugal. Agora, o hóquei em patins já não está sozinho…

Portugal era candidato, como é há muitos anos, mas dificilmente estava incluído no pódio dos favoritos à conquista do Mundial 2021 de futsal. Esses lugares estavam reservados para Argentina, Brasil, Espanha ou Rússia. Mas foi Portugal a chegar lá e a fazer história.

Numa final entre Portugal e Argentina (2-1) digna de ser vista, e incerta até – literalmente – aos últimos segundos, alguns momentos marcaram o jogo deste domingo, na Lituânia.

O primeiro foi Borruto, que se lembrou de dar um soco no estômago de Ricardinho. Sem vídeo-árbitro, o encontro teria continuado com 10 jogadores em campo. Mas com o vídeo-árbitro… o argentino não escapou à expulsão. O segundo foi uma consequência dessa expulsão: com mais um elemento em campo, Pany Varela inaugurou o marcador e marcou o único golo da primeira parte.

O terceiro foi a sequência do segundo golo de Portugal (Pany, outra vez) e a resposta quase imediata – um golo – de Claudino, que prometia levar a tal incerteza até ao final.

O quarto, quase a acabar, foi a mão de João Matos que tocou na bola, dentro da área portuguesa – mas não houve grande penalidade porque uma regra recente da FIFA indica que, se o jogador estiver a cair (e a mão também, para amparar a queda), não é falta.

O quinto momento, entre outros que poderiam ser destacados, surgiu a apenas dois segundos do fim, quando os argentinos acertaram no poste. E o jogo acabou logo a seguir.

Curiosidades e semelhança

Este título inédito no futsal origina uma curiosidade positiva: agora, o hóquei em patins não está sozinho. Até ao dia 3 de Outubro de 2021, Portugal só tinha sido campeão mundial em hóquei em patins, dentro das principais modalidades colectivas. Agora temos título mundial no hóquei e no futsal.

O Mundial começou em 1989 mas Portugal foi somente o quarto país a erguer esta taça. A Argentina venceu o Mundial anterior, em 2016, e até aí só Brasil e Espanha tinham sido campeões mundiais de futsal. Cinco títulos brasileiros, dois espanhóis. Ou seja, os sucessores dos dominadores Brasil e Espanha são os seus vizinhos e rivais: Argentina e Portugal.

O Europeu 2016 de futebol, a primeira conquista sénior para a Federação Portuguesa de Futebol, pode ser comparado com este Mundial de futsal. Como? No percurso até à final (na fase a eliminar), Portugal empatou os jogos todos na Lituânia, vencendo somente, ou no prolongamento, ou nas grandes penalidades. E, na final, o poste evitou outro desfecho, mesmo a acabar – tal como tinha acontecido com Giroud, em Paris.

Mérito ainda para Ricardinho, o melhor jogador do Mundial, e para Pany Varela, o segundo melhor jogador e o segundo maior goleador do torneio. Entre os seis prémios individuais nestas duas categorias, Portugal ficou com três.

Reacções sul-americanas

No Brasil, esperava-se uma Argentina favorita para esta final, escreve o Globoesporte (a Argentina venceu o Brasil nas meias-finais). No entanto, numa final “dramática”, valeu uma actuação “precisa e equilibrada” do lado português. Houve pressão argentina até ao final e “para aumentar ainda mais o drama, Alemany ainda acertou uma bola na trave”.

Uma final “emocionante e muito equilibrada”. É o destaque da Gazeta Esportiva, que indica que o momento do jogo foi a expulsão de Borruto, que “fez toda a diferença”. Ainda houve “desespero” argentino nos instantes finais, mas Portugal levou a melhor.

A culpa desta derrota é de Borruto. Um artigo do jornal Olé é directo: “A história dirá que foi Borruto a errar. Que a sua irresponsabilidade ditou a sorte da selecção argentina. Que foi ele, e não Portugal, a deixar o campeão em KO”. Mas os argentinos admitem: Borruto mereceu o cartão vermelho.

O diário desportivo argentino admite “dor”, embora com “orgulho”, e elogia os jogadores, que “deixaram tudo” em campo, numa “final imprópria para cardíacos”. Cuzzolino, Vaporaki, Brandi, Claudino: “Todos deixaram a vida na Lituânia. Mas não era o dia da Argentina”.

[sc name=”assina” by=”Nuno Teixeira, ZAP” ]


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