O Egito garantiu a presença na final da CAN após derrotar os anfitriões nas grandes penalidades. No fim do jogo, o selecionador egípcio, Carlos Queiroz, disparou em todas as direções, após ter sido expulso.
Carlos Queiroz levou hoje a melhor sobre António Conceição na meia-final da Taça das Nações Africanas (CAN), apurando o Egito para a final, ao vencer os Camarões por 3-1 no desempate por penáltis.
Expulso no último minuto do tempo regulamentar, Queiroz já não assistiu no banco do estádio Olembe de Yaoundé aos 30 minutos do prolongamento.
Ainda no início do jogo, Queiroz ajoelhou-se no relvado e levantou os braços no ar, num sinal de protesto face a uma decisão do árbitro. Já perto do fim do jogo, o selecionador egípcio voltou a protestar de maneira efusiva, acabando expulso.
Carlos Queiroz 😂😂😂😂 pic.twitter.com/6kDjxno1Os
— Walter White (@Mohamed_adami18) February 3, 2022
O prolongamento terminou com o mesmo 0-0 registado no final do tempo regulamentar, nem sequer à lotaria das grandes penalidades, em que brilhou Gabaski, guarda-redes dos ‘faraós’, que deteve dois remates dos camaroneses.
Vincent Aboubakar, avançado que já foi do FC Porto, abriu o desempate a favor dos Camarões, após o que tudo correu mal para os lados dos ‘leões indomáveis’.
Mohamed Abou Gabal, conhecido no mundo do futebol por Gabaski, guarda-redes do Zamalek e da seleção egípcia, conseguiu adivinhar o lado dos dois remates seguintes, cobrados pelos desafortunados Moukoudi e Lea-Siliki, deixando o jogo muito bem encaminhado para os homens do norte de África.
Para encerrar as contas, Nije pura e simplesmente falhou o alvo, deixando o marcador do desempate em 3-1, sem sequer ser necessário Mohamed Salah, a grande estrela do Egito, fazer o seu remate.
A equipa egípcia regressa ao relvado no domingo, para disputar uma final que é uma estreia no historial de Carlos Queiroz, uma final continental de seleções. Aos 68 anos, depois de já ter orientado clubes como o Sporting e Real Madrid e seleções como a África do Sul, Irão, Colômbia e Portugal, está de novo no topo.
No domingo, será o primeiro de três choques decisivos com o Senegal — este vale o título africano, os de março apuram uma das seleções para o Mundial do Qatar2022, no final do ano.
Apesar e derrotado, António Conceição vai sair de cabeça bem erguida do torneio, no que foi a primeira experiência a nível de seleções. Ainda tem pela frente o jogo pelo terceiro lugar, contra o Burkina Faso.
Com um excelente naipe de jogadores, os Camarões (segunda seleção de melhor historial em África, logo atrás do Egito) tiveram mais ascendente no jogo, mais controlo de bola e capacidade de entrar pelas linhas laterais, mas sem desequilibrar um jogo em que, à medida que os minutos iam correndo, já se antecipava o prolongamento.
Um cabeceamento do defesa camaronês Ngadeu, aos 18 minutos, ainda animou a primeira parte, tal como uma ocasião de Aboubakar, que Gabaski conseguiu anular, aos 24 minutos. Numa fase em que os ‘leões indomáveis’ estavam melhor no jogo, regista-se ainda uma ocasião de Toko Ekambi, aos 34.
Na segunda parte, foi a vez do guarda-redes do Ajax, Onana, brilhar e evitar o golo ‘quase certo’ de Salah, aos 56 minutos.
Os Camarões voltaram a dominar a partida, de forma algo ‘consentida’, registando bons momentos com Toko Ekambi, Gouet e Lea Siliki.
Com o decorrer do tempo, era muito claro o nervosismo dos Camarões, a contrastar com o ‘sangue frio’ dos adversários, bem espelhado nos decisivos remates finais.
“Não admito estar nas mãos desta gente que não está preparada”
No final do jogo, apesar de ter carimbado a passagem à final da CAN, Carlos Queiroz mostrou-se revoltado com a equipa de arbitragem do encontro.
“Mais uma vez, infelizmente, mandam este tipo de árbitros para um jogo deste nível. Árbitros sem experiência, sem nível, a quererem dar espetáculo”, disse o selecionador egípcio.
“Ainda não tínhamos começado o jogo e ele vem ao balneário intimidar o nosso staff”, denunciou Queiroz. “Vem como o super-homem do jogo, mostra-me o amarelo, ameaça-me… Eu tenho 44 anos de futebol, quase 70 anos de idade”.
Queiroz disparou em todas as direções, acusando ainda o presidente da federação de Marrocos de agredir o seu treinador adjunto.
“O Roger foi vítima de agressão do presidente da federação de Marrocos, há testemunhas, ele insultou-o no túnel e agrediu-o. E a decisão da CAF foi de quatro jogos de castigo para o Roger e nada para o presidente da federação de Marrocos”, atirou o técnico português.
“Não me importo que a imprensa egípcia corte o que digo, porque corta sempre: o Egito é fraco, o que estão a fazer é porque a CAF não respeita o Egito”, disse ainda Carlos Queiroz.
“Dediquei toda a minha vida ao futebol, não admito estar nas mãos desta gente que não está preparada. FIFA e CAF têm que entender que entregamos o trabalho da nossa vida ao futebol e não podemos estar nas mãos de pessoas que são arrogantes”, acrescentou, por fim.
[sc name=”assina” by=”ZAP” source=”Lusa” ][/sc]
Deixe um comentário