Racismo, ameaças de morte e mais racismo. O Beitar Jerusalém é “o clube mais político do mundo”

Adeptos do Beitar Jerusalém.

O Beitar Jerusalém, “o clube mais político do mundo”, nunca contratou um jogador árabe e os ultras do clube têm o racismo como palavra de ordem.

“On the Border: The Rise and Decline of the Most Political Club in the World” é o mais recente livro de Shaul Adar, que aborda a história do Beitar Jerusalém, clube que já foi por seis vezes campeão israelita e que é conhecido, em grande parte, por más razões.

O Beitar “não é um clube racista, mas uma organização profundamente infetada com racismo”, escreve Shaul Adar no seu novo livro, cujo título menciona-o como “o clube mais político do mundo”.

“Cá vem ela, a equipa racista do país”, cantou, durante vários anos, a claque de extrema direita La Familia. Este cântico caiu em desuso, mas há outros que não ficam atrás na escala de horripilaria:

“As estrelas no céu são testemunhas / Porque o racismo é como um sonho / O mundo inteiro vai testemunhar / Não haverá árabes na equipa!”

Estes ultras do Beitar Jerusalém não escondem o seu preconceito, num clube que nunca contratou um jogador árabe.

Em 2009, o capitão de equipa, Aviram Bruchian, disse que ficaria feliz por jogar ao lado de um jogador árabe. No dia seguinte, o futebolista emitiu um comunicado a pedir desculpa aos adeptos.

“Lamento a dor que causei aos adeptos e compreendo que os magoei. É importante para mim que eles saibam que estou com eles em todas as circunstâncias. Não sou eu quem toma as decisões, mas se os adeptos não querem um jogador árabe, não haverá nenhum jogador árabe no Beitar”, lia-se no comunicado.

“A onda anti-árabe começou depois dos ataques terroristas da segunda metade dos anos noventa”, disse David Frenkiel, o criador do primeiro site do clube, citado pela Tribuna Expresso.

“Quanto mais os adeptos eram atacados, mais as provocações aumentavam. Não tenho a certeza de que todos os que cantavam fossem racistas, mas é assim que funciona nas bancadas“, acrescentou.

A realidade é que o Beitar negociou com muitos jogadores árabes israelitas, mas nunca chegou a contratar nenhum.

O estádio do Beitar, conhecido como “Teddy”, tornou-se o palco perfeito para os políticos do Likud, o partido da direita nacionalista israelita.

O documentário “Forever Pure” mostra as reações dos adeptos quando, em 2013, o proprietário do Beitar Jerusalém, Arcadi Gaydamak, trouxe por empréstimo dois jogadores muçulmanos, ao Terek Grozny: Dzhabrail Kadiyev e Zaur Sadayev.

Na primeira partida em casa, depois do anúncio das contratações, os jogadores foram recebidos com vaias e gritos racistas. Houve ainda várias ameaças de morte, levando a que os dois jogadores chechenos fossem acompanhados por seguranças durante 24 horas.

Sadayev chegou mesmo a marcar com a camisola do Beitar, com vários adeptos a abandonarem o estádio depois do golo.

Hoje em dia, não abundam estrelas no clube treinado pelo neerlandês Erwin Koeman, irmão de Ronaldo Koeman, antigo técnico do FC Barcelona.

Um dos jogadores mais emblemático é Tal Ben-Haim, internacional israelita de 40 anos com experiência de vários anos na Premier League, com destaque para as suas breves passagens pelo Chelsea, então treinado por José Mourinho, e pelo Manchester City.

[sc name=”assina” by=”Daniel Costa, ZAP” ][/sc]


Comentários

Um comentário a “Racismo, ameaças de morte e mais racismo. O Beitar Jerusalém é “o clube mais político do mundo””

  1. é um racismo religioso.

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