Que jogão! Os últimos duelos entre Braga e Sporting têm sido sinónimo de golos e espectáculo e o primeiro reencontro da Liga 22/23 não só não fugiu à regra como a reforçou.
O Sporting entrou forte mas não soube preservar ou ampliar a vantagem por três vezes. Já o Braga mostrou sempre determinação e qualidade, na exploração das (essas sim surpreendentes) fragilidades defensivas dos leões. Dá para subscrever mais jogos destes na Liga que agora arranca?
Os “leões” entraram fortes na Pedreira… mas só do meio-campo para a frente.
Rápidos e explosivos na recuperação de bola e contra-ataque, os comandados de Amorim adiantaram-se no marcador por Pedro Gonçalves aos 9 minutos, com bela assistência de Porro
Mas aos 14 pagavam a primeira factura das falhas defensivas que viriam a protagonizar durante toda a primeira parte: Banza apareceu em boa posição e livre de marcação, aos 14, para fazer o primeiro do Braga.
O Sporting respondeu quatro minutos depois com mais uma bela jogada finalizada com classe por Nuno Santos e Trincão viria a desperdiçar uma ocasião flagrante pouco depois.
No entanto, o Sporting foi dando sempre sinais de fragilidade defensiva e acumulando perdas de posse ainda no seu meio campo (com especial destaque para o seu corredor direito), que os guerreiros souberam explorar, primeiro com um golo anulado pelo VAR e, já em cima do descanso, numa cabeçada do reforço Niakaté, a aproveitar uma bola parada que voltou a expor fraquezas leoninas.
A primeira parte chegava ao fim confirmando o que se esperava: um grande jogo, liderado nos ratings por Pote.
Os leões voltaram do balneário com vontade de reeditar a entrada na primeira parte mas, apesar de assumirem a iniciativa, não conseguiram nem replicar o perigo da primeira etapa nem impedir os calafrios vividos.
O Braga mostrava-se superior na reconquista da posse e rematando com maior frequência.
Rúben Amorim, visivelmente insatisfeito, activou o modo “FIFA” e operou uma tripla substituição, lançando Edwards, Ugarte e St. Juste, três minutos antes de uma decisão de penálti revertida pelo VAR, aos 63 minutos.
A mexida não parecia surtir efeitos até que, aos 83 minutos, os recém-entrados Rochinha (aos 85) e Edwards combinaram para o terceiro golo.
Seria alívio de pouca dura para os leões, que quatro minutos depois voltavam a ceder perante a determinação minhota, com Abel Ruíz a fazer o 3-3 final aos 88.
Terminava um jogo grande que foi também um grande jogo, com o Braga a encontrar razões para acreditar poder bater-se com os candidatos e Amorim a levar o que pensar para casa, no plano defensivo.
Melhor em Campo
Não há duas sem três. Pedro Gonçalves foi o MVP num duelo entre leões e guerreiros, pela terceira vez consecutiva na Liga.
Apesar de não ter tido tanta bola como noutras ocasiões (36 acções) mas fez muito bom uso da mesma: inaugurou o marcador, ofereceu dois passes para finalização, um deles para ocasião flagrante, finalizou dois dos três dribles e entregou com eficácia 17 dos 20 passes que tentou.
Pote prometeu uma época ao seu nível e a verdade é que já começou a cumprir.
Destaques do Braga
Niakité 6.4
O reforço não se encolheu perante a importância de jogo e até se esticou bastante, na hora de empatar a partida em cima do intervalo, de cabeça. A esse lance decisivo juntou 4 alívios defensivos e dois duelos aéreos ganhos, os dois que disputou. Saiu aos 84 minutos, logo após o 2-3 dos leões.
Simon Banza 6.4
Outro reforço em destaque, foi o primeiro a empatar, na bela tarde de Braga. Não voltou a rematar mas ainda somou dois passes para finalização e dois duelos aéreos ofensivos ganhos nos dois que disputou. Arrancou três faltas à defesa leonina.
Fabiano 6.3
Saltou do banco para render o infortunado Victor Gómez aos 44 minutos mas aproveitou a oportunidade para rubricar uma exibição competente, sobretudo no plano defensivo, com 8 acções defensivas, entre as quais três desarmes e outros tantos alívios.
Vitinha 5.7
O rating não faz a devida justiça às dores de cabeça que soube criar à defesa leonina. Cometeu cinco faltas mas conquistou também quatro, uma delas em zona de perigo. Completou quatro dos oito dribles que tentou e destacou-se ainda com três acções defensivas no meio-campo leonino, duas delas um desarme. Tivesse aproveitado a ocasião flagrante que perdeu perto do final e teria sido o herói do jogo, para os guerreiros.
Al Musrati 5.2
É um grande jogador e não fez um mau jogo, pelo contrário, mas a atribuição de MVP oficial do jogo é um daqueles mistérios difíceis de compreender e exemplificativos de como a nossa abordagem é complementar a outras, igualmente válidas. Recuperou 11 posses de bola mas também perdeu 10, tendo também sido o segundo mais faltoso do jogo com 4 infracções. Não teve qualquer acção ofensiva relevante mas somou quatro acções defensivas no meio-campo adversário. Já lhe vimos fazer bem melhor (e não ser eleito MVP)
Ricardo Horta 5.1
Retirou todas as dúvidas sobre o seu destino naquela despedida dos adeptos, no final. No jogo em si esteve mais discreto do que nos habitou, isto apesar de ter sido o jogador mais rematador da partida (4). Ainda assim ofereceu duas ocasiões, uma delas flagrantes embora tenha também desperdiçado uma, o que o penalizou nas “contas”.
Destaques do Sporting
Seba Coates 6.9
Parece mentira mas um dos defesas leoninos fez um excelente jogo e foi o capitão do costume. É caso para dizer que, não fosse Coates e provavelmente o Sporting não pontuaria num jogo em que esteve na frente por três ocasiões. O central não mostrou serviço ofensivo como tantas vezes sucede mas somou nada menos do que 14 acções defensivas, incluindo 8 alívios e um corte decisivo.
Nuno Santos 6.5
Tantas vezes subvalorizado, Nuno Santos voltou a encantar com um golão para o 2-1 de pouca dura. Não voltou a tentar a brincadeira ou a sequer servir colegas para situações de remate mas registou uma eficácia de passe bem elevada para o tipo de jogo que se disputou em Braga, com 92% dos 24 passes que tentou.
Trincão 6.1
Cresceu ao longo do jogo, até sair aos 85 minutos, mas ainda está longe do que se espera dele. Perdeu uma ocasião flagrante ainda na primeira parte mas completou cinco dos sete dribles que tentou e ofereceu um passe para finalização. Ainda não mostra defensivamente o que se espera de um “avançado Amorim”.
Matheus Nunes 6.0
Reapareceu na sua melhor versão e é um dos leões que merecia mais. Mostrou-se frustrado na flash interview final e com razões. Assistiu um golo mas tentou oferecer dois, desequilibrou em quatro dos cinco dribles que ensaiou. Conduziu bola, rodopiou sobre ela e tentou um remate.
Pedro Porro 5.2
A grande assistência que fez disfarça o jogo medíocre que protagonizou. Foi precisamente pelo seu flanco que o Braga encontrou maiores oportunidades, muitas delas originadas nas falhas de Porro e colegas. Perdeu 23 posses, 15 delas em passes falhados, com oito a acontecerem ainda a partir do meio-campo leonino.
Morita 5.0
Mostrou qualidade com bola mas sem ela terá feito alguns adeptos ter saudades de Palhinha. Efectuou apenas 3 acções defensivas e saiu passado… Morita de jogo.
Matheus Reis 4.8
Uma sombra do jogador da última época. Perdeu nove vezes a posse e só a recuperou em quatro ocasiões e totalizou apenas duas acções defensivas no jogo todo. Parece mentira mas é verdade.
Paulinho 4.7
Por vezes bode expiatório preferido dos adeptos leoninos, a verdade é que protagonizou um regresso tenebroso à Pedreira e cujos factos (resumidos no tweet) alimentam os haters que questionam a sua titularidade.
Gonçalo Inácio 4.2
Fechou o jogo com o pior rating da partida e percebe-se porquê mesmo sem olhar a números. Até esteve relativamente bem nos duelos aéreos que disputou (4/5 ganhos) mas terminou o jogo com o máximo de passes falhados no meio-campo defensivo (6) e cometeu dois erros com influência directa em remates do adversário.
Resumo
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