Venha o play-off. O pensamento não era assumido mas certamente já vivia, envergonhado, na mente da maioria dos benfiquistas.
Nem por isso Roger Schmidt facilitou, fugindo a rotatividades e preferindo continuar a ganhar uma equipa (com apenas uma alteração inicial face à estreia no campeonato).
Ganhou o Benfica, o jogo, a eliminatória e a rodagem, com um “duo dinâmico” no miolo (Enzo e Florentino) que apresenta números combinados dignos de um motor de alta cilindrada.
O Jogo começou frio, com os dinamarqueses a apoquentarem o último terço encarnado sobretudo através de pontapés de canto, sem consequências. A iniciativa essa pertencia ao Benfica e não foi preciso muito até ver golo.
Após algumas tentativas desenquadradas, Gonçalo Ramos fez um passe / cruzamento açucarado que encontrou a desmarcação de Enzo para o primeiro da tarde.
Os dinamarqueses tentaram reagir, testaram Odysseas e até chegaram ao intervalo empatados em remates mas sem mexer com o marcador.
Os ratings premiavam por esta altura os jogadores envolvidos no golo, com Florentino pelo meio, que liderava então em desarmes (4) e intercepções (2).
Com a eliminatória assegurada Schmidt aproveitou o regresso do descanso para lançar Yaremchuk (no lugar de Ramos) e Henrique Araújo (rendendo Rafa Silva) e assim rodar uma solução bicéfala no ataque que já havia ensaiado na pré-temporada.
A rodagem deu frutos pois, aos 56 minutos, João Mário encontrou Henrique Araújo que ampliou o marcador ao segundo remate enquadrado encarnado no segundo tempo.
O segundo golo pareceu trazer descanso a mais ao Benfica, que aos 63′ permitia aos dinamarqueses um golo de insistência, concluído por Sisto (que já havia marcado na primeira mão), numa recarga a uma primeira cabeçada ao poste de Sory Kaba.
Os da casa mantiveram maior iniciativa na recta final do jogo mas sem voltar a criar perigo iminente junto da baliza de Odysseas, com Schmidt a aproveitar para lançar Bah no lugar de Gilberto e mais tarde o homem que viria a marcar o golo da partida, Diogo Gonçalves, que aos 88′ soltou uma bomba cruzada do lado esquerdo que deixou Olafsson no chão a pensar no que lhe havia sucedido.
Melhor em Campo
Dois jogos oficiais, dois golos e agora o primeiro MVP. Enzo Fernández vem com pedalada da Liga argentina em curso mas isso não explica tudo (nem sequer metade) da preponderância imediata que ganhou na manobra “encarnada”.
Hoje foram mais 106! passes certos em 117 tentados, 130 acções com bola (o segundo mais em jogo foi Florentino com 106), números que permitem perceber que não há nada que não passe por ele.
Mas não se ficou por aí pois marcou um belo golo, o primeiro do jogo, num dos quatro remates que fizeram dele também o mais rematador em campo. E ainda recuperou seis bolas. Manda a cautela aguardar um pouco mais mas o Benfica 22/23 parece já ter patrão.
Destaques do Midtjylland
Paulinho 6.7
Na Luz jogou apenas 28 minutos mas hoje foi o melhor entre os dinamarqueses… sem o ser. O lateral brasileiro somou 12 acções defensivas, liderou em intercepções (4) e bloqueios de passe/remate (4), completou três dribles em seis e ofereceu uma ocasião flagrante. Terminou com o terceiro melhor rating do jogo, apesar da derrota.
Destaques do Benfica
Diogo Gonçalves 6.9
Que golaço. Este apenas 15 minutos em campo, onde somou 12 acções mas apenas duas resultaram em perda de posse. Tudo o resto foi bem feito, culminando no golo que guardará nas memórias da carreira, daqui a muitos anos. Dizem que está a caminho da dispensa. Respondeu com um tiraço épico.
Florentino Luís 6.6
O “puto” voltou a meter os adeptos a pensar porque raio foram desperdiçados quase três anos de Florentino, que vai mostrando precisamente o que revelou nas primeiras oportunidades. Foi o segundo jogador com mais bola (106 acções) e terminou o jogo como o que mais desarmou (5), totalizando 12 acções defensivas, cinco delas no meio-campo adversário, outro máximo do jogo, e falhou apenas cinco passes em 89. Pode e deve crescer no capítulo ofensivo mas hoje até tentou o remate e somou um passe para finalização.
Henrique Araújo 6.4
Não são muitos os avançados formados em casa que se afirmaram ao mais alto nível, pelo Benfica. O madeirense promete quebrar essa tendência, aproveitando todas as oportunidades para confirmar o potencial que lhe é reconhecido. Hoje jogou apenas 45 minutos mas o suficiente para colocar nome no marcador e terminar com quinto melhor rating do jogo. Só tocou 21 vezes na bola mas fez quase tudo bem, perdendo apenas seis posses
Odysseas Vlachodimos 6.1
A brincar a brincar Ody somou quatro defesas enquanto que o seu homólogo dinamarquês apenas fez uma. Apesar do carácter definido da eliminatória o grego teve trabalho, mas correspondeu sempre com a qualidade que faz alguns coçar a cabeça e perguntar “mas porque raio quer o Benfica outro guarda-redes?”
João Mário 6.1
Recuperou da lesão a tempo de assinar uma bela exibição. Para lá da assistência para Araújo terminou o jogo com o jogador que recuperou mais posse (10) e que mais passes aproximativos ofereceu (7, a par de Florentino).
Gonçalo Ramos 5.8
Apesar de ter jogado apenas 45 minutos terminou ainda assim o jogo como o jogador com mais passes para finalização, um deles a primorosa assistência para Enzo, bem como o que mais bola teve na área adversária (5). Faltou mais remate/golo para dar continuidade ao que fez na primeira mão.
Rafa Silva 4.7
O jogo passou-lhe ao lado hoje, ao contrário do que sucedeu frente ao Arouca. Saiu ao intervalo sem remates, passes para finalização ou dribles eficazes ou seja… sem Rafa.
Resumo
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