Em apenas quatro meses de existência, o Villa Athletic Club que é presidido pelo apresentador de televisão e radialista Fábio Lopes, mais conhecido por Conguito, tem salários em atraso, falta de equipamentos e atletas despejados. São mais os problemas do que os jogos!
Sediado em Ponte de Sor e inscrito na Associação de Futebol de Portalegre (AFP), o Villa Athletic Club tem no plantel o antigo internacional português Edinho que jogou no Vitória de Seúbal e no Sporting de Braga, e é treinado por Meyong, antigo internacional camaronês e avançado com carreira na Primeira Liga portuguesa.
Mas o clube faltou ao primeiro jogo da época e só foi ao segundo, contra o Elvas, porque os jogadores pagaram do próprio bolso as despesas de deslocação.
“Nós fomos ao jogo sem termos treinado. Não treinamos há duas semanas. Não temos equipamento nem nada. O Samora Correia é que emprestou os equipamentos“, explica Meyong à TSF.
Assim, os jogadores “juntaram dinheiro entre eles, deslocaram-se nos carros particulares”, como relata o Maisfutebol, e acabaram por derrotar o Elvas por 2-0. Isto apesar de dos 20 jogadores do plantel, só 12 terem participado porque eram os únicos inscritos. Nem Meyong estava inscrito e, por isso, teve que assistir ao jogo da bancada.
“Decidimos ir a jogo à meia-noite de sábado e fomos à revelia do presidente. O próprio Fábio Lopes tinha telefonado para a AFP a dizer que não íamos comparecer e que o projecto ia acabar. Quando soubemos disso, juntámo-nos e fomos”, revela ao Maisfutebol o director desportivo do clube, Pedro Campos Ribeiro, que garante não ter recebido um cêntimo pelo seu trabalho.
Era mesmo um “sonho impossível”?
A saga do Villa Athletic Club começou em Agosto passado quando foi apresentado como um projecto que pretendia “prestigiar o desporto português, obedecendo aos valores de colaboração, empenho e bravura”.
Sob o lema “o sonho impossível”, também se anunciava que o clube era criado por “jovens amantes de futebol que com ideias inovadoras, uma filosofia moderna, infraestruturas sustentáveis, recursos humanos optimizados e um plano desportivo ambicioso, pretendem criar o clube desta geração, o clube que os represente”.
Várias figuras públicas entraram no projecto ao lado de Conguito, tais como Luís Pinheiro e Rui Simões, da Rádio MegaHits, o produtor musical Benji Price e até Joana Ornelas, ex-companheira de Bruno de Carvalho, como avança o Maisfutebol.
Mas Conguito tem sido a cara do projecto, até porque é o presidente do clube.
E “estava tudo certo” no arranque, como diz Meyong na TSF, confessando que se deixou atrair por um projecto que considerou apelativo. “Perguntei como é que iam financiar e eles disseram que tinham vários patrocinadores e a empresa”, aponta ainda o treinador.
A equipa sedeada em Ponte de Sor tinha os seus treinos em Samora Correia, no distrito de Santarém. Trata-se de uma distância de cerca de cem quilómetros entre o local dos treinos e o dos jogos.
Cinco jovens jogadores em risco
“Quando vi que havia dificuldade para pagar o salário, eu comecei a sentir que havia um problema. Marcámos um jogo amigável em Fátima, eles disseram que não havia dinheiro para transporte. E eu questionei: ‘Para ir daqui a Fátima’?”, relata Meyong na TSF.
O antigo avançado diz que nem ele, nem a restante equipa técnica, receberam qualquer euro em quatro meses de trabalho.
“Temos miúdos que são estrangeiros. Estão numa casa que estava alugada pelo clube, mas que agora já não paga. E ainda tem alguns menores lá dentro. Se o dono da casa mete os miúdos fora…”, atira Meyong preocupado, notando que tem sido ele a restante equipa técnica a darem-lhes dinheiro para comerem.
O Maisfutebol aponta que estão em causa cinco jovens, um deles menor de idade, que foram “contratados no norte do país” e que “foram colocados a morar numa casa em Vila Franca de Xira, que, entretanto, ficou sem água e sem luz“.
“Os cinco miúdos já foram informados que terão que sair da casa e não se sabe para onde vão. Eu é que tenho ajudado os rapazes, que ficaram sem chão com esta situação toda. Eu e a equipa, que juntou dinheiro para eles continuarem a alimentar-se”, conta ainda Pedro Campos Ribeiro ao Maisfutebol.
Meyong diz ainda que “há jogadores com mulher, com filhos, com casa para pagar” que “vieram para aqui porque ele lhes fez promessas e agora estão em grandes dificuldades, sem saber como vão viver”. “É muito grave. Muito, muito grave“, diz no Maisfutebol.
Entretanto, a autarquia de Ponte de Sor já retirou a cedência do estádio municipal ao Villa Atlhetic Club.
E o presidente do Samora Correia, Tiago Reis, também tem razões de queixa do clube. “Tal como os jogadores, também nos sentimos usados pela direcção. Utilizou as instalações do clube, a rouparia, tudo isso, e nunca nos pagou”, lamenta ao Maisfutebol.
Meyong aponta dedo a Conguito
Meyong visa, em especial, Fábio Lopes nas suas críticas. “Ele trabalha lá na rádio. Se não lhe pagam, ele sabe como é que vai viver?“, questiona pela TSF.
Já em declarações ao Maisfutebol, lamenta que “há pessoas que vêm para o futebol e não percebem nada de futebol”. “Se calhar vê futebol na televisão e acha que isso chega, mas não faz a mínima ideia de como funciona“, aponta ainda.
“Não chega não atender o telefone. Acha que não atendendo, não falando com ninguém, o problema vai desaparecer? Tem de aparecer, pedir desculpa e procurar uma solução”, conclui o treinador.
À procura de “uma solução rapidamente”
Numa declaração escrita que é citada pelo Maisfutebol, Fábio Lopes reconhece que “estão a ser dias muito difíceis”. “Os investimentos iniciais previstos não se concretizaram e estamos a ter algumas dificuldades ao nível de patrocínios directos com marcas“, salienta o radialista.
“Somos uma equipa pequena, mas dedicada inteiramente ao Villa Athletic Club e a encontrar todas as soluções de viabilização deste projecto, junto das demais instituições”, garante ainda o presidente do Villa.
“Não desistimos das pessoas. Foi por elas que nasceu o clube”, promete também, notando que há uma “equipa de gestão do clube” a trabalhar, entre presidente, direcção desportiva, técnica e “também na área Financeira”.
“Assumo, humildemente, as minhas responsabilidades e confio que o grupo tudo fará por chegar a uma solução rapidamente”, conclui.
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