O presidente do Villa Athletic Club, Fábio Lopes, mais conhecido por Conguito, promete não saltar do “barco a arder” e “resolver os problemas das pessoas e do clube”, lamentando que foi o “negócio do futebol que o destruiu”.
“O sonho virou pesadelo”, assume Conguito, apresentador de televisão e de rádio que tem sido notícia enquanto presidente do Villa Athletic Club, clube amador que compete na Associação de Futebol de Portalegre (AFP).
O apresentador do “The Voice Portugal” na RTP1 lamenta, numa longa publicação no seu perfil do Instagram, todos os “comentários negativos e agressivos”, bem como as “ofensas pessoais” que tem recebido, e garante que o Villa “nunca foi um negócio”. “Mas foi o negócio do futebol que o destruiu“, queixa-se.
“Eu continuo a ter o sonho do desporto e do futebol como oportunidade para jovens ou para todos aqueles que são tão apaixonados como eu. Foi assim que nasceu o Villa Athletic Club”, frisa ainda Fábio Lopes na rede social.
O presidente do emblema amador também diz que “não se salta de um barco a arder” e promete continuar “a dar o melhor” para “resolver os problemas das pessoas e do clube”.
Edinho desmente Conguito
Uma ideia que Edinho, internacional português e o jogador mais conhecido do Villa, rebate, salientando, em declarações à Lusa, que é mentira que Fábio Lopes esteja a procurar soluções.
“Quem está à procura de apoios e de reunir possíveis patrocinadores sou eu e os elementos da equipa técnica. O que ele veio dizer, que saiu nos meios de comunicação, que está a procurar uma solução em conjunto com o grupo, é mentira. Quem está à procura somos só nós“, assegura Edinho.
Jogadores e equipa técnica não receberam qualquer pagamento nos quatro meses de vida do clube e alguns atletas foram avisados com ordens de despejo da casa onde vivem que não foi paga pelo Villa.
A situação é muito difícil com alguns jogadores estrangeiros, um dos quais menores, totalmente desamparados, a receberem ajuda dos colegas e da equipa técnica para comerem.
“Tentaram apoderar-se do clube”
“Peço desculpa a todos por ter acreditado no sonho. É muito mais difícil do que imaginei, reconheço”, assume Conguito, salientando que tem sido complicado encontrar “uma solução financeira para um orçamento que triplicou” por ter sido “ingénuo”. “Confiei demasiado” e aí “algumas pessoas em quem confiávamos tentaram apoderar-se do clube, projecto e da ideia”, aponta.
“Perdeu o Fábio, que quis criar um clube novo e perdeu o Conguito, a construir uma carreira há 12 anos”, acrescenta ainda.
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FPF diz que Villa teve inscrição “quase automática”
Apesar dos problemas agora apresentados, o presidente da AFP já veio notar que o Villa reunia todas as condições previstas para disputar os campeonatos distritais da região. Assim, a AFP não pode rejeitar a sua inscrição.
Fonte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) também explica à TSF que a inscrição de clubes amadores de futebol amador é um “pro forma” quando são cumpridos os requisitos definidos.
Após a validação da AFP ao clube, a inscrição na FPF é “quase automática”, nota esta fonte.
Os critérios básicos determinam que o clube deve ter uma sede, um campo para jogar, órgãos sociais e estatutos.
Sindicato lamenta “mais um projeto ruinoso”
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) está a dar apoio aos jogadores do Villa que têm salários em atraso e lamenta que este seja “mais um projeto ruinoso” no futebol nacional.
Sublinhando que estamos perante uma “situação de estado de necessidade absolutamente inaceitável“, o Sindicato nota, em comunicado, que os responsáveis do Villa criaram a jogadores e treinadores “a expectativa de condições de trabalho e salários que, manifestamente, não tinham qualquer possibilidade de sustentação”.
“Este caso do Villa Athletic vem demonstrar que, independentemente da zona do país, é preciso atenção e exigência no processo de licenciamento de novos clubes“, aponta o SJPF numa nota que pode ser um reparo à FPF pelas normas existentes.
O Sindicato repara que, nos últimos anos, tem “denunciado e insistido” na urgência de rever estes critérios de licenciamento, bem como de rever o escrutínio que é feito ao investimento nos clubes e sociedades desportivas. A entidade defende que é preciso aumentar a exigência e a prestação de garantias financeiras para evitar fenómenos destes.
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