SIIIIII! Portugal carimbou nesta segunda-feira o acesso aos oitavos-de-final do Mundial 2022 com um bis de Bruno Fernandes, que vingou a eliminação aos pés dos uruguaios que ocorreu há quatro anos em solo russo.
Após uma primeira parte em que ocasião mais clara pertenceu a Bentancur, a seleção nacional surgiu revigorada, foi mais objetiva e conseguiu destapar a manta contrária. Após o primeiro tento, houve um período em que o fado lusitano ia ditando o destino, mas a resposta foi eficaz e teve um feliz final… ao ritmo da “alegre casinha” eternizada pelos Xutos e Pontapés.
Muita parra e pouca uva. Em traços gerais, foi assim a primeira parte da turma nacional, que tinha mais posse de bola, mais remates – oito realizados, mas nenhum enquadrado -, 11 ações com a bola na área contrária, mas sentia dificuldades em gizar reais ocasiões de perigo, não obstante ter rondado o alvo contrário (aos 3′, 8′, 16′, 26′ e 29′).
O futebol era demasiado previsível, não explorava a largura dos flancos e as crateras que os “charrúa” abriam na zona central sempre que tentavam pressionar.
Mais objetivo, o Uruguai recuava as linhas, cedia a iniciativa a Portugal e procurava acelerar explorando a velocidade de Darwin Núñez ou a passada larga de um dos médios.
Foi desta forma que criou a situação de maior perigo na primeira metade, à passagem do minuto 33, quando Bentancur subiu no terreno, fintou Rúben Dias, entrou na área e apenas não marcou porque Diogo Costa foi lesto a sair da baliza e deteve o remate do “box-to-box” do Tottenham.
A jogada intranquilizou a seleção portuguesa, que até ao intervalo não conseguiu ligar mais nenhum lance com cabeça, tronco e membros e ainda viu Nuno Mendes – uma das surpresas no “onze” e que estava a ser a unidade com melhor nota até então – abandonar o terreno devido a lesão aos 42 minutos, altura em que foi substituído por Raphaël Guerreiro. Está acidentada a participação lusa no Mundial 2022.
Autor de dois remates, de uma ocasião flagrante desperdiçada, sete recuperações de posse e duas interceções, Bentancur era o melhor neste período com um GoalPoint Rating de 6.0. Do lado “tuga”, realce para o desempenho do lesionado Nuno Mendes, com um GoalPoint Rating de 6.0.
No regresso dos balneários, Portugal aumentou a rotação e sempre que chegou à área adversária fê-lo com mais perigo. Instantes depois de João Félix ter atirado às malhas laterais, num excelente contra-ataque desenhado por Bernardo Silva, apareceu o golo. Na sequência de um cruzamento de Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo fez-se ao lance, mas a FIFA atribuiu o tento ao médio.
Em vantagem, a seleção de Fernando Santos voltou a demonstrar dificuldades em controlar o ritmo do encontro, baixou as linhas e foi sofrendo com os constantes raides sul-americanos, que abandonaram a linha com três centrais e arriscaram tudo num 1x4x2x4.
Diogo Costa quase oferecia o ouro a Valverde (63′), apenas o poste parou uma bomba lançada por Maxi Gómez (75′), Suárez ficou a centímetros do empate (78′) e o guardião foi gigante e negou o golo a De Arrascaeta (80′).
O selecionador nacional retificou o erro que cometeu quando retirou Rúben Neves, lançando Rafael Leão e deixando o jogo completamente partido, e a tripla substituição que fez aos 82 minutos – saíram William Carvalho, João Félix e Cristiano Ronaldo e entraram João Palhinha, Matheus Nunes e Gonçalo Ramos, respetivamente -, serenou os ânimos, Portugal passou a ter a bola em zonas mais adiantadas do terreno e foi assim que nasceu o 2-0.
Giménez jogou com a bola com um dos braços no interior da área. Grande penalidade assinalada pelo árbitro iraniano Alireza Faghani que Bruno Fernandes converteu com classe. O camisola “8” ainda esteve próximo do ‘hat-trick’, mas Rochet e os ferros impediram-lhe nova festa. No entanto, estava feito o resultado final e carimbado o acesso luso aos oitavos-de-final. Falta confirmar o primeiro lugar.
Melhor em campo
Bruno Fernandes está em grande. O médio tem sido o verdadeiro dínamo luso em solo catari. Após ter assinado duas assistências no encontro de estreia, voltou a estar em foco com dois golos – poderia ter feito mais dois -, que foram determinantes para o êxito nacional.
Na etapa final teve mais espaço e isso beneficia o seu futebol mais vertical. Ao todo, concluiu o duelo com seis remates (máximo no duelo), sendo que metade foram enquadrados ao alvo e quatro em “tiros” fora da área.
Além disso, desenhou três cruzamentos, oito passes progressivos, recuperou a posse em oito ocasiões e em termos defensivos destacou-se com dois desarmes, duas ações defensivas no meio-campo uruguaio e uma interceção. Por tudo isto, foi o melhor em campo da partida com um excelente GoalPoint Rating de 7.8.
Destaques de Portugal
Pepe 6.1
Regressou ao “onze” e foi o segundo luso com melhor nota. No dia em que cumpriu a quarta presença na fase final de um Mundial – esteve em 2010, 2014 e 2018 -, vingou a derrota perante os uruguaios na Rússia. Não marcou, como tinha feito na ocasião, mas exibiu-se com nove recuperações de posse, dois desarmes, duas interceções e três alívios.
William Carvalho 6.1
O “patinho feio” voltou a calar os críticos tendo estado em foco com um remate, apenas falhou cinco dos 62 passes feitos (eficácia de 92%), acertou quatro passes progressivos, levou a melhor nos dois duelos aéreos defensivos que protagonizou, acumulou dois desarmes e dois alívios.
Nuno Mendes 6.0
Até ao momento da lesão estava a ser o melhor jogador português, com constantes acelerações, que não foram acompanhadas pelos colegas de equipa. Colecionou dois cruzamentos, foi eficaz nos dois dribles que arriscou, recuperou a posse por duas vezes e sofreu duas faltas.
Bernardo Silva 5.8
Todo-o-terreno, esteve em todo o lado, numa exibição em prol do coletivo. Dos seus dados, realce para três passes para finalização, quatro ações com a bola na área contrária, cinco conduções progressivas – dado que mais ninguém alcançou -, oito recuperações de posse e, num registo negativo, dois maus controlos de bola.
R. Guerreiro 5.7
Perdeu a titularidade, entrou a frio, mas não sentiu a pressão e esteve em bom plano com uma assistência, seis recuperações de posse e bloqueou três passes/cruzamentos do adversário.
Diogo Costa 5.6
Na fase de maior aperto uruguaio, respondeu com duas intervenções que foram cruciais. Aos 64 minutos ia manchando a pintura num lance com Valverde.
João Cancelo 5.6
Não desequilibrou no ataque, mas foi importante no processo defensivo com três duelos aéreos defensivos ganhos em outros tantos em que interveio, cinco recuperações de posse e cinco alívios.
João Palhinha 5.5
Há muito que o jogo estava a pedir a entrada do “trinco”. Entrou a tempo de ajudar Portugal com três recuperações de posse e uma interceção.
Rafael Leão 5.4
Lançado no período de maior aperto do Uruguaio, tentou auxiliar Guerreiro e “esticar” o jogo. Dos seus dados, realizou um remate, 19 ações com a bola, três conduções progressivas e dois maus controlos de bola.
Cristiano Ronaldo 5.2
Ainda festejou, mas o golo inaugural foi posteriormente atribuído a Bruno Fernandes e dessa forma ainda não igualou Eusébio no topo de maiores marcadores de sempre de Portugal em fases finais de Mundiais. Fez três remates, consentiu dois desarmes e registou três maus controlos do esférico.
Destaques do Uruguai
Bentancur 6.7
Encheu o relvado com uma exibição repleta de classe. Foi o cérebro dos “charrua”, criou a ocasião mais clara na etapa inicial e nunca se rendeu, terminando o jogo com dois remates, sete passes progressivos, 78 acções com a bola, 19 recuperações de posse (máximo no duelo), dois desarmes e três intercepções.
Valverde 6.2
Acompanhou Bentancur e foi uma constante dor de cabeça para Portugal com um remate, uma ocasião flagrante criada, seis recuperações de posse, três ações defensivas no meio-campo contrário, três interceções e quatro passes/cruzamentos bloqueados.
Darwin Núñez 4.7
O avançado, sempre alvo de uma discussão “sui generis”, não teve uma noite feliz com a camisola da “celeste”, saiu aos 67 minutos com um remate, dois cruzamentos, dois desarmes sofridos e quatro maus controlos de bola.
Resumo do jogo
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