O comentador de futebol Rui Santos está a receber “apoio” da Polícia Judiciária (PJ) depois de ter recebido ameaças no seguimento de uma mensagem que deixou a Sérgio Conceição. Falando num “regime de medo”, o jornalista apela à intervenção do Presidente da República e do primeiro-ministro.
Rui Santos foi alvo de ataques nas redes sociais e de ameaças que originaram a atuação da Polícia Judiciária (PJ). O comentador da CNN Portugal diz que tem recebido o “apoio” desta força de autoridade, mas faz um apelo a uma intervenção das principais autoridades do país.
Assim, dirigindo-se ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e aos deputados, Rui Santos fala do 25 de Abril e diz que “o Estado e o país não podem continuar insensíveis àquilo que se passa no futebol, em Portugal, há décadas”.
“Há décadas que em Portugal, os clubes mais representativos viram nas suas claques, oficiais e oficiosas, uma forma de coagir pessoas e instituições“, atira ainda Rui Santos.
“As claques são, em alguns casos, a força armada de dirigentes e estrutruras“, com “poder dentro e na periferia dos clubes”, acrescenta o comentador, notando que são “capazes de semear o medo e condicionar as decisões“.
“A ameaça não se pode banalizar, nem aceitar, sob pena de nos transformarmos em cidadãos sem direitos”, diz ainda, apelando à Assembleia da República, aos deputados e a “cada um dos partidos” que “percebam a dimensão da sua responsabilidade” nesta questão.
“Não se escondam e assumam as vossas responsabilidades no sentido de se conseguir desmantelar o regime do medo, da chantagem e da ameaça” que se vive no futebol português, refere.
“Não é uma questão associada às querelas clubísticas, é uma questão do país”, reforça também numa altura em que está a ser alvo da ira dos portistas pela forma como se dirigiu a Sérgio Conceição.
Também “não é uma questão pessoal”, afiança o jornalista, considerando que “é uma questão de cidadania, de regime, de integridade constitucional, de salvaguarda do futuro dos nossos filhos”.
“Tomem posição! Precisamos de vós para fazermos desta causa uma causa verdadeiramente nacional“, salienta, dirigindo-se aos responsáveis máximos do país, incluindo os juizes no seu apelo.
“O futebol não pode ser vergastado como se fosse o cancro da sociedade, mas tem dentro dele cancros que se alastram por diversos órgãos, e o perigo está na contaminação dos órgãos de soberania”, avisa também.
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“Sérgio Conceição desencadeou reacções lamentáveis”
Quanto às ameaças que tem recebido depois do recado que enviou a Sérgio Conceição, numa mensagem muito criticada nas redes sociais, Rui Santos explica-se. “Eu não insultei ninguém”, refere.
“O que tenho tentado fazer, percebendo que sou uma gotinha no meio do oceano, é levar os agentes desportivos para um comportamento mais compatível com aquilo que esperamos do futebol que é um futebol espectáculo, limpo, livre“, acrescenta.
“Mas o futebol em Portugal, não é livre, as pessoas não são livres, e isto começa pelo simples exercício de dar opinião”, considera, realçando que “Sérgio Conceição desencadeou reacções que são absolutamente lamentáveis“.
“Eu vou levar até ao final, custe o que custar, o que se passou nos últimos dias”, promete também.
Rui Santos também avisa que não vai “condicionar” a sua opinião “perante estas ameaças”. “Canalizarei todas essas ameaças, todos os insultos, para sede própria, custe o que custar”, reforça.
A terminar, o jornalista também vinca que nunca ganhou “um tostão directamente do futebol. “Não tenho interesse em ir para nenhum clube de futebol em Portugal. Nunca gozei férias à conta de nenhum clube, nunca tive benefícios de nenhum clube e é assim que vou estar até ao final da minha carreira, se me deixarem”, conclui.
[sc name=”assina” by=”Susana Valente, ZAP”]
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