As SADs de Benfica, FC Porto e Sporting foram constituídas arguidas depois das “maiores buscas de sempre” em torno de suspeitas de fuga aos impostos nas transferências de jogadores. As casas de três atletas do Benfica foram alvos de buscas e as acções de Pinto da Costa estão a ser investigadas.
Elementos da Autoridade Tributária (AT) passaram a pente fino, nesta quarta-feira, as casas de jogadores, intermediários e empresários de futebol no âmbito da “Operação Penálti” que investiga “suspeitas de fraude fiscal qualificada, fraude contra a Segurança Social e branqueamento de capitais”, conforme revela o comunicado do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
Também as SADs de Benfica, FC Porto e Sporting foram alvos de buscas, com a apreensão de documentos em papel e em formato digital para análise.
Os investigadores da AT estão a analisar “contratos de trabalho desportivo, pagamento de comissões e circuitos financeiros que envolvem os intermediários” na transferência de jogadores, “bem como utilização de direitos de imagem”, segundo o DCIAP.
Além disso, há também “dezenas de escutas comprometedoras para jogadores, intermediários e agentes desportivos ligados a vários clubes”, como apurou o Correio da Manhã (CM).
Três jogadores do Benfica alvos de buscas
As buscas desta quarta-feira, realizadas pela AT, passaram pelas casas de três jogadores do Benfica, respectivamente, Chiquinho, Vlachodimos e Gonçalo Guedes, segundo adianta o CM.
Há suspeitas em torno das transferências dos três jogadores para o Benfica, nota o jornal.
No caso de Guedes, a AT também estará a investigar a sua transferência do Paris Saint-Germain para o Valência, em 2018, por 40 milhões de euros. O Benfica lucrou 1,4 milhões de euros com o negócio, no âmbito dos direitos de formação do jogador.
O Fisco estará ainda a investigar se Guedes pagou os impostos pelos prémios que recebeu.
Compra de acções do FC Porto por parte de Pinto da Costa sob suspeita
A casa do filho de Pinto da Costa, Alexandre, que é empresário de futebol, também recebeu a visita das autoridades. O líder dos dragões é suspeito no âmbito de negócios com jogadores efectuados nos 41 anos em que dirige o FC Porto.
Mas, além das transferências, Pinto da Costa estará ainda a ser investigado pela compra de acções do FC Porto. Em causa estão “possíveis crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada”, como nota o CM.
Estas suspeitas começaram por surgiram no âmbito da “Operação Prolongamento”. Mas, agora, na “Operação Penálti”, “voltaram a ser recolhidos novos indícios de fraude fiscal“, adianta o CM.
O jornal repara que estamos perante as “maiores buscas de sempre no que diz respeito a impostos, com mais de 200 elementos da AT envolvidos”.
As SADs de Benfica, FC Porto e Sporting foram constituídas arguidas. A investigação acredita que o Estado foi lesado em 58 milhões de euros devido à “fuga” ao pagamento de impostos ao Fisco e à Segurança Social.
No Benfica, estarão em causa contratos entre 2015 e 2020, ou seja, durante a presidência de Luís Filipe Vieira que já foi constituído arguido noutros processos relacionados com fraude fiscal e corrupção de resultados desportivos em favor dos encarnados.
Já no Sporting, as suspeitas concentram-se no período entre 2015 e 2017, isto é, durante a presidência de Bruno de Carvalho.
Mega-operação no terreno
Benfica, FC Porto e Sporting confirmaram as buscas da AT através de comunicados, garantindo total colaboração com as autoridades.
As buscas decorreram nas áreas de Lisboa, Porto, Braga, Viana do Castelo, Aveiro e Setúbal, envolvendo cerca de 250 elementos, entre os quais 122 inspectores tributários e aduaneiros da Unidade dos Grandes Contribuintes e da Direcção de Serviços de Investigação da Fraude e Acções especiais.
Tiveram ainda o apoio operacional de 117 militares da Unidade de Acção Fiscal da GNR, além de quatro magistrados do Ministério Público, quatro magistrados judiciais, “estando ainda presentes quatro representantes da Ordem dos Advogados”.
A investigação refere-se a “factos ocorridos de 2014 a 2022, com forte dimensão internacional”, refere o DCIAP.
“Existem indícios de vantagens patrimoniais ilegítimas, fiscais e contra a Segurança social, no valor global de mais de 58 milhões de euros“, constata ainda a entidade.
“Os factos sob investigação e que motivaram a instauração dos processos em causa tiveram origem em diversos procedimentos de inspecção levados a cabo desde o ano 2019, pela Unidade dos Grandes Contribuintes, no âmbito do acompanhamento tributário ao Sector das Sociedades Anónimas Desportivas, concretamente tendo por base a análise de negócios relacionados com o universo do futebol profissional“, explica também a AT.
De acordo com a mesma fonte de informação, “os mesmos negócios terão visado ocultar ou obstaculizar a identificação dos reais beneficiários finais dos rendimentos subtraindo-os, por estas vias, ao cumprimento das obrigações declarativas e subsequente tributação devida em Portugal”.
[sc name=”assina” by=”ZAP” url=”” source=”Lusa”]
Deixe um comentário