‘Ilhas’ sem futebol de primeira, 39 anos depois. Clubes da segunda liga pagam fatura

Estádio do Marítimo, Funchal – antigo Estádio dos Barreiros

Pela primeira vez em 39 anos, a liga portuguesa de futebol não vai ter clubes dos arquipélagos.

A Liga Bwin Portugal 2023/24 vai arrancar sem nenhuma equipa das ilhas. Já não acontecia desde 1984/85, há 39 anos.

No último domingo, o Marítimo foi relegado para o segundo escalão do futebol português.

Os insulares perderam, no seu estádio, o play-off que lhe podia garantir a permanência na primeira liga, contra o Estrela da Amadora.

Depois do Marítimo ter igualado o resultado de 2-1, que se tinha verificado na primeira-mão a favor do Estrela da Amadora, o jogo seguiu para grandes penalidades.

No castigo máximo, os insulares cederam, diante um ‘Estrela’ que regressa à primeira divisão, 14 anos depois.

O Marítimo já militava na primeira liga portuguesa há 38 épocas consecutivas, sendo o décimo clube com mais participações na competição (43).

Ao longo destas quase quatro décadas foi tendo a companhia do arquirrival Nacional, do já extinto União da Madeira e dos açorianos do Santa Clara, que também foram despromovidos este ano à segunda liga – deixando assim a ‘primeira’ sem clubes das ilhas.

De todos os clubes das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, que ao longo desses anos estiveram na primeira divisão, aquele mais regular foi, sem margem para dúvidas, o Marítimo.

Clubes mais pobres pagam fatura (a triplicar)

De acordo com o Jornal de Notícias, sem as deslocações aos arquipélagos, para o ano, os clubes da primeira divisão vão conseguir poupar até 60 mil euros.

No entanto, os clubes da segunda liga – na sua generalidade, financeiramente mais débeis – vão ter de esticar o orçamento para as deslocações.

O diretor-geral do Rio Ave – clube da primeira liga – disse ao JN que as deslocações às ilhas são um problema, em alturas específicas do ano.

“A marcação dos jogos é feita com alguma antecedência, mas as ilhas são sempre um problema quando se está perto do Natal, passagem de ano ou da Páscoa, pelo que marcar viagens para essas jornadas torna-se sempre complicado”, confessou Marco Carvalho.

“Por vezes, é preciso arriscar e fazer reservas com algum tempo de antecedência para se conseguirem preços melhores”, acrescentou.

A Federação Portuguesa de Futebol não dá qualquer apoio direto aos clubes que jogam nas ligas profissionais.

A exceção são mesmo os clubes das regiões autónomas, para quem o Estado prevê uma verba anual de 40 mil euros para deslocações.

De resto, todos os clubes da ‘primeira’ e da ‘segunda’ têm de assumir todas as despesas das suas viagens às ilhas.

Na próxima temporada, com três equipas das ilhas na II Liga, para os clubes desse escalão, esse valor pode chegar aos 90 mil euros.

[sc name=”assina” by=”Miguel Esteves, ZAP” url=”” source=”” ]


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