A cavaleira Luciana Diniz vai deixar de representar Portugal para voltar a competir pelo Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Uma decisão que apanhou de “surpresa” o Comité Olímpico de Portugal (COP) que exige a devolução das verbas de preparação já pagas à atleta.
Depois de ter competido pelo Brasil nos saltos de obstáculos em Atenas 2004, Luciana Diniz fê-lo por Portugal em Londres 2012 (17.ª classificada), Rio 2016 (nona) e Tóquio 2020 (10.ª).
Agora, a atleta anuncia que vai voltar a vestir as cores da ‘canarinha’.
No seu perfil do Instagram, onde é especialmente activa, Luciana Diniz já indica que está “a competir pelo Brasil”. Mas no seu site oficial, ainda surge na foto de destaque com o uniforme da Selecção Portuguesa Equestre.
O presidente do COP, José Manuel Constantino, assume que não contava com esta atitude de Luciana Diniz, garantindo que nunca houve qualquer problema na relação entre a entidade e a cavaleira.
“Foi uma surpresa”, refere Constantino. “Quando fomos confrontados com a decisão, ficamos surpreendidos” e “perguntámos se havia alguma razão de ordem funcional ou queixa relativamente a Portugal, disse-nos que não”, explica ainda.
O dirigente do COP nota que a atleta salientou “que era uma opção que tinha a ver com a vontade de terminar a carreira representando o país com que iniciou a sua participação olímpica“. “Em relação à federação não acrescentou muito mais do que isto”, esclarece.
“Situação inédita?”
Ainda a lidar com o espanto, Constantino questiona-se se esta não será uma “situação inédita”, nomeadamente um desportista “participar nos Jogos Olímpicos por um país, depois por outro e agora regressar ao país de origem”.
O presidente do COP só encontra como explicação o facto de Luciana Diniz ser em si “um caso muito especial, uma pessoa sob o ponto de vista comportamental com procedimentos muito distintivos em relação ao que são as características dos restantes atletas de alto rendimento”.
“A própria relação com os cavalos e éguas revela essas características muito especiais, de natureza muito mística“, diz o presidente do COP.
“Há um traço comportamental que é próprio que ajuda a explicar esta instabilidade de representação internacional. O que posso dizer? É simpática, muito agradável, sempre nos tratou bem, reconhece que sempre a tratamos bem”, continua Constantino.
Luciana Diniz “está triste por ter tido de tomar esta decisão“, mas “entendeu que esta era a situação mais adequada, terminando a carreira representando o país com o qual a iniciou”, constata.
A atleta ainda não se pronunciou publicamente sobre a situação. A Federação Equestre de Portugal também ainda não comentou o caso.
COP quer dinheiro que deu a Luciana Diniz
Agora, o COP espera receber as verbas que atribuiu a Luciana Diniz para a sua preparação para Paris 2024.
“Os contratos-programa com os atletas são perfeitamente claros. A desistência da participação em representação de Portugal obriga à reposição das verbas, desde que aconteça por vontade própria”, nota Constantino.
“É completamente claro, tem de haver reposição do que foi recebido. Não há volta a dar a isso. Não podemos perdoar. Se não forem eles a repor, terá de ser o COP e isso não me parece muito razoável ou sensato”, acrescenta o presidente do COP.
Em causa, segundo o dirigente, estão “à volta dos 13.000 euros“, divididos entre apoios à atleta, ao seu treinador e à Federação Equestre Portuguesa, “que recebeu dinheiro para a sua preparação”.
“Todas têm de ser repostas. As da Federação é relativamente simples, fazemos um acerto de contas, abatendo às transferências da preparação olímpica”, nota ainda.
Já “quanto ao treinador e atleta, tem de haver vontade deles em repor. Senão criamos uma situação muito complicada, pois temos de justificar perante a administração pública a utilização da verba”, salienta, acrescentando que “não está fácil” garantir essa devolução.
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