O astro que escapou de Barcelona para comer churrasco de cabrito em Viseu faria hoje 63 anos

Diego Armando Maradona, FC Barcelona

“Indo ele, indo ele, a caminho de Viseu” e sem autorização do Barcelona, foi na capital da Beira Alta que, em 1983, Maradona venceu uma “espécie de Bola de Ouro” e comeu um “cabrito divinal”.

Os “Trófeus Gandula”, criados e atribuídos pelo – já falecido – jornalista brasileiro Wilson Brasil, entre 1973 e 1995, destinavam-se a premiar, anualmente, “os melhores do desporto”.

Sendo Diego Armando Maradona um dos maiores da história do desporto, não é de estranhar que tenha recebido um “Gandula”. Recebeu-o, em 1983… em mãos – e isso sim foi de estranhar.

Como contou o jornalista português Fernando Emílio, ao Mais Futebol, Wilson Brasil nunca imaginou que o astro argentino – na altura com 23 anos e a jogar no Barcelona – se deslocasse a Viseu para receber o prémio, mas “a verdade é que, antes da gala começar, apareceu o Maradona”.

“Veio de avião para Lisboa, alugou um carro e apresentou-se em Viseu. Sozinho, sem mais ninguém. Perguntou como ia para Viseu e apresentou-se lá. Agora imagine os perigos que aquele homem correu, a conduzir sozinho, a fazer a estrada nacional de Coimbra para Viseu”, brincou Fernando Emílio.

“El Pibe” terá vindo a Portugal clandestinamente, sem autorização do Barcelona, mas – consequência de um “cabrito divinal” – a forma física pode tê-lo denunciado.

“Ele chega a Viseu cheio de fome, a dizer que precisava de jantar. O Wilson Brasil pediu ao Neves de Sousa [jornalista português] para o levar a um restaurante, mas o Neves de Sousa não conduzia e pediu-me para os levar. Fomos os três comer um churrasco de cabrito ao restaurante Casablanca, que ainda hoje existe, no centro de Viseu (…) e o chefe de mesa, que se chamava Octávio, propôs-nos o churrasco de cabrito. Ele adorou. Bebemos um vinho do Dão e ficou maravilhado com aquilo tudo. Adorou o jantar”, continuou a contar.

Fernando Emílio recorda aquele que, para muitos, é o melhor futebolista de todos os tempos como uma pessoa cheia de vitalidade e muito conversadora.

“Passados muitos anos, em 2016, estava eu a fazer a cobertura da Volta ao Dubai, quando vejo entrar na tribuna o Maradona, com uma namorada loira, a fumar um charuto. O Maradona aproxima-se de mim e diz-me: ‘És português? Não te lembras de mim? Comi um cabrito divinal, na tua terra’. Sinal de que ele gostou mesmo do cabrito, porque não se esqueceu“, enalteceu.

Quando o astro argentino faleceu, em novembro de 2020, o Mais Futebol convidou cinco nomes do jornalismo português para contarem uma história em que, direta ou indiretamente, tivessem contactado com Maradona.

O episódio de Viseu foi agora evocado no podcast “Fora de Jogo”.

Para ajudar à contextualização, o comentador de futebol Luís Freitas Lobo explicou, num comentário deixado no Instagram do programa, que “os prémios Gandula eram atribuídos todos os anos pelo Wilson Brasil, então a viver em Portugal e a escrever na Gazeta dos Desporto (…) Maradona foi convidado como premiado e veio”.

 

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Diego Armando Maradona – nascido em Lanús, na Argentina, em 1960, e campeão do Mundo no ‘México 1986’ – faria hoje 63 anos.

[sc name=”assina” by=”Miguel Esteves, ZAP” url=”” source=”” ]


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