“Um dos dias mais negros da história do FC Porto”, resumiu André Villas-Boas. Assembleia Geral mudou de sítio, ainda começou, mas acabou rapidamente. Mais de 3 mil sócios terão estado na fila.
A Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto foi hoje suspensa, anunciou o presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) do clube, com os trabalhos a serem retomados em 20 de novembro, às 21:00, no pavilhão Dragão Arena.
Numa nota publicada no seu sítio oficial na Internet, o clube da I Liga de futebol revelou a posição tomada por José Lourenço Pinto, sem especificarem as razões, na sequência de uma sessão magna agitada e com confrontação entre sócios, que incidia na deliberação dos novos estatutos do clube, mas, face à forte afluência, transitou de local à última hora.
A AG extraordinária estava agendada para começar a partir das 21:00, num auditório do Estádio do Dragão, com capacidade para quase 400 pessoas, número largamente inferior à quantidade de sócios que se juntaram nas imediações, motivando a MAG a transferir os trabalhos para o Dragão Arena, que ultrapassa os 2.000 espetadores em dias de jogos.
A reunião magna reiniciou já depois das 22:30, mas várias pessoas abandonariam o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações verificadas nas bancadas, conforme atestam vídeos divulgados nas redes sociais e relatos de sócios que conseguiram entrar.
O momento em que um associado do FC Porto é agredido e retirado do Dragão Caixa após dar a sua opinião pic.twitter.com/mgnUVug5xs
— maisfutebol (@maisfutebol) November 14, 2023
Lá dentro ouviam-se palavras como “vergonha” e “ditadura“, ditas por sócios do clube portista. Há relatos que indicam que Pinto da Costa e Vítor Baía, entre outros dirigentes, continuaram sentados, parados, sem qualquer apelo à tranquilidade, no meio das agressões. Outros lamentam que o FC Porto esteja “refém das claques”.
Cá fora, e já depois da meia-noite, um jovem adepto até desabafou na SIC: “Fechem este clube!“.
José Fernando Rio e Nuno Lobo, candidatos batidos por Jorge Nuno Pinto da Costa nas últimas eleições do clube, em 2020, estavam inseridos nas longas filas que se formaram desde o início da noite junto ao recinto do FC Porto, com o empresário a assegurar, em declarações à comunicação social, que solicitará a impugnação desta AG extraordinária.
“Somos todos Porto. Não foi uma noite feliz, é verdade. Lamentamos o sucedido, mas a responsabilidade é de quem organiza a AG, tal e qual já aconteceu noutros clubes. Como sócios, reservamos o direito de não concordar com dois ou três artigos que nos parecem ilegais em qualquer sociedade comercial. No local próprio assumiremos a discordância”, frisou Nuno Lobo, numa nota enviada às redações instantes depois do anúncio da MAG.
André Villas-Boas, ex-treinador e potencial candidato às próximas eleições do FC Porto, também compareceu e censurou os moldes da AG de aprovação do projeto de mudança estatuária, que troca abril por junho como limite para a realização das eleições do clube.
“Um dos dias mais negros da história do FC Porto. Sem vergonha, sem escrúpulos, sem respeito nenhum pelos associados deste grande clube. No dia 20 de novembro os sócios marcarão de novo presença. O FC Porto precisa de se encontrar nos seus princípios, nos seus valores e nas suas bases. O que se passou hoje não poderá nunca [mais] voltar a repetir-se”, lamentou o ex-técnico, reagindo nas suas redes sociais ao adiamento da AG.
🚨ÚLTIMA HORA: Assembleia Geral do FC Porto suspensa devido a confrontos entre sócios.
— Cabine Desportiva (@CabineSport) November 13, 2023
Numa entrevista concedida há quase três semanas ao semanário Expresso, André Villas-Boas, de 46 anos, admitiu a hipótese de concorrer às eleições quadrienais dos ‘azuis e brancos’, que decorrerão em 2024, mas ainda não têm qualquer candidatura anunciada.
A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio são algumas das mudanças em discussão.
Elaborado pelo Conselho Superior, órgão consultivo do FC Porto, o documento protege a manutenção da maioria do capital social da SAD perante uma eventual entrada de novos investidores, alargando ainda a abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os ‘dragões’, desde que salvaguardem o “manifesto interesse do clube”.
Qualquer alteração dos estatutos necessitará de dois terços de votos favoráveis para ser aprovada, entrando em vigor no dia seguinte ao da publicação da escritura pública, que deverá ser realizada num prazo de 30 dias junto da Conservatória do Registo Comercial.
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