As perícias realizadas aos telemóveis apreendidos na “Operação Pretoriano”, que implica o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, e outros elementos da claque do FC Porto e do clube, podem ter descoberto novos – e mais graves – indícios.
Os interrogatórios da “Operação Pretoriano” que envolve vários elementos dos Super Dragões, a claque do FC Porto, entre os quais o líder Fernando Madureira, conhecido por “Macaco”, deveriam ter recomeçado neste sábado de manhã. Mas os trabalhos foram interrompidos.
O juiz de instrução criminal convocou uma reunião de urgência com os advogados de todos os suspeitos. Para já, não se sabe o que terá justificado esta decisão, mas pode estar relacionada com as perícias aos telemóveis que foram apreendidos.
A CMTV avança que os investigadores do Ministério Público (MP) podem ter encontrado novos indícios, e mais graves, que justifiquem um agravamento das suspeitas. Em causa podem estar mensagens ou vídeos comprometedores.
Se isto se confirmar, os novos indícios devem ser anexados ao processo que foi motivado pelas agressões e ameaças ocorridas durante a Assembleia-Geral (AG) do FC Porto de 13 de Novembro de 2023.
Após essa situação, o segurança da casa de André Villas-Boas, ex-treinador do FC Porto e candidato à presidência do clube contra Pinto da Costa, foi agredido e os muros da sua residência foram vandalizados. As autoridades suspeitam que os autores destes crimes sejam os mesmos.
Neste âmbito, Fernando Madureira, o líder da claque portista Super Dragões, está indiciado pelos crimes de ofensas à integridade física, coação agravada, ameaça, instigação pública e arremesso de objectos.
Madureira arrisca prisão preventiva
Estes crimes podem ser puníveis com penas de prisão até cinco anos, pelo que a prisão preventiva é uma medida de coacção possível. Face aos possíveis novos indícios gravosos encontrados nos telemóveis, esse cenário ganha ainda mais força.
Estava previsto que Madureira fosse ouvido pelo juiz do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) neste sábado. Os interrogatórios devem ser retomados pelas 14:30 horas, mas não se sabe se o líder da claque chegará a prestar declarações.
A mulher de Madureira, Sandra, vice-presidente dos Super Dragões e também detida no mesmo processo, recusou prestar declarações perante o juiz, alegando razões emocionais.
“Macaco” investigado por enriquecimento ilícito
Entretanto, o MP abriu um inquérito autónomo a Fernando Madureira e à mulher por suspeitas de enriquecimento ilícito e branqueamento de capitais.
Os sinais de fortuna do casal eram visíveis aos olhos de todos e alvo de especulações há vários anos, apesar de declararem menos de 2 mil euros por mês.
Na casa do casal, foram encontradas cerca de 50 mil euros em notas espalhadas pela residência. Madureira e a mulher também têm uma casa de meio milhão de euros em Vila Nova de Gaia, estão a construir uma moradia avaliada em dois milhões de euros na mesma cidade, e possuem três carros topo de gama – um Porsche e dois BMW.
As autoridades estão a investigar como é que o casal conseguiu todo este património. Há suspeitas quanto à venda de bilhetes no mercado negro para os jogos do FC Porto que terão garantido milhões aos Madureira e a outros Super Dragões.
Além disso, a claque também vende cachecóis e camisolas, além de organizar o transporte de adeptos para os jogos do FC Porto.
Super Dragões ameaçaram idosos de muletas
Nos primeiros interrogatórios já realizados na chamada “Operação Pretoriano”, os suspeitos “admitiram ter participado em agressões, mas negaram a existência de um plano pré-definido para silenciar a oposição interna ao presidente do clube”, conforme apurou o Jornal de Notícias (JN).
Estes primeiros arguidos não tiveram outra alternativa, depois de terem sido confrontados com vídeos gravados durante a AG de 13 de Novembro em que é possível identificá-los.
Na AG, elementos dos Super Dragões criaram um “clima de medo, intimidação e violência” contra os apoiantes de André Villas-Boas porque este quer impedir que os Super Dragões possam vender bilhetes para os jogos do FC Porto.
Pelo menos seis sócios do FC Porto que estiveram na AG já testemunharam perante o MP, denunciando que foram alvo de agressões e ameaças, relata o Observador.
Entre estes testemunhos encontram-se “idosos que se deslocavam com a ajuda de muletas e um casal que tinha ido à AG com o filho, tendo a mulher sido agredida com um estalo na cara”, aponta o jornal online.
Uma outra sócia do FC Porto diz ter sido agredida com dois pontapés nas pernas por um dos arguidos, sob ameaças de que levaria mais se não se fosse embora por ser apoiante de Villas-Boas.
Sandra Madureira também terá tido intervenção no clima de intimidação na AG, nomeadamente para tentar perceber quem estava a filmar os conflitos.
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