Polémico número 4 força Adidas a suspender venda de camisolas da seleção alemã

A combinação de número e tipo de fonte que a Adidas apresentou gerou polémica nas redes sociais.

Adidas suspendeu venda de camisolas personalizadas da seleção alemã após utilizadores de redes sociais apontarem que tipografia do número 44 tinha semelhanças com símbolo da organização nazi SS.

A empresa de material desportivo Adidas suspendeu a venda de camisolas personalizadas da seleção alemã no seu site após utilizadores de redes sociais apontarem que uma das opções de número tinha semelhanças com o símbolo de uma organização nazi.

Nesta segunda-feira, o site da Adidas já não estava a oferecer a opção de personalização com nome e número na venda das camisolas. A controvérsia eclodiu no fim de semana, quando começaram a circular imagens de uma camisola personalizada com o número 44.

A combinação do número e o tipo de fonte que a Adidas apresentou levaram vários utilizadores a apontarem uma semelhança sinistra com a “doppelte Siegrune”, insígnias rúnicas daSchutzstaffel (SS), uma organização paramilitar nazi que figurou entre as principais executoras do Holocausto.

Até mesmo a personalização com um solitário número 4 foi apontada como semelhante a um dos símbolos usados pela antiga Juventude Hitlerista, a organização juvenil do Partido Nazi.

Na Alemanha, a exibição pública e a disseminação do símbolo da SS e de outras antigas organizações nazis são proibidas e podem render processos criminais.

Adidas confirma bloqueio

O porta-voz da Adidas, Oliver Brüggen, disse que não era intenção da empresa que tal semelhança ocorresse. “Bloquearemos a personalização das camisolas na nossa loja online”, disse Brüggen.

A Federação Alemã de Futebol (DFB) também suspendeu as entregas de camisolas personalizadas com o número 44 na sua loja online.

A Adidas, por sua vez, culpou a DFB e a sua empresa parceira 11Teamsport pelas fontes dos nomes e números.

Brüggen disse à DPA que “como empresa, opomo-nos ativamente à xenofobia, ao antissemitismo, à violência e ao ódio em qualquer forma“. “Quaisquer tentativas de promover visões divisórias ou marginalizantes não fazem parte dos nossos valores enquanto marca”, acrescentou.

DFB está a desenvolver fonte alternativa

Entretanto, a DFB disse ao jornal alemão Bild que estava a trabalhar com a 11Teamsport para desenvolver uma nova fonte para o número 4, que deverá exigir uma aprovação da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA).

A porta-voz da DFB, Franziska Wülle, relatou ao jornal como foi o processo de desenvolvimento do design polémico.

Wülle disse que a DFB “concedeu uma licença de ‘nome e numeração’ à 11Teamsport por seis anos. Os nossos colegas da 11Teamsport desenvolveram a sua própria tipografia para a nova camisola e coordenaram-na com a DFB”.

Wülle ainda afirmou que as partes envolvidas no processo de design do número 4 não viram nenhum simbolismo nazi na época.

Nenhum jogador da Alemanha usou a camisola de número 44. As camisolas da equipa para o Euro 2024 são numeradas de 1 a 23. Os jogadores não usaram as camisolas de números 4 e 14.

A polémica com a “camisola da SS” ocorre pouco menos de duas semanas depois de a seleção nacional de futebol da Alemanha anunciar que deixará de ser patrocinada pela empresa alemã Adidas, pondo fim a uma parceria de mais de sete décadas, e passará a usar uniformes, chuteiras e outros itens desportivos fornecidos pela americana Nike.

O acordo de patrocínio com a Nike terá início em 2027 e estender-se-á até pelo menos 2034, disse a DFB num comunicado. Na ocasião, o anúncio da troca de patrocinador da seleção nacional e a escolha de uma empresa americana gerou críticas de membros do governo da Alemanha.

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