Garantiu ser uma “ajuda” e que vai estar no banco na final da Taça frente ao Sporting — mas está castigado. Demora na transição de poderes na FC Porto SAD não é do agrado de Villas-Boas.
Já passaram mais de duas décadas desde que Jorge Nuno Pinto da Costa se sentou pela última vez no banco de suplentes do FC Porto, ao lado de José Mourinho, no Restelo, em 2002.
22 anos depois, derrotado por uma maioria esmagadora que votou em André Villas-Boas para novo líder, a lenda portista parece acreditar naqueles que o consideram o “eterno presidente” dos azuis e brancos.
Esta terça-feira, depois da tomada de posse de Villas-Boas, garantiu à SIC: “Vou estar no banco no Jamor“, referindo-se à final da Taça de Portugal de 26 de maio, contra o Sporting.
“A minha presença junto da equipa no final da Taça de Portugal poderá ser uma ajuda”, disse — mas não cabe a Pinto da Costa decidir.
O líder da SAD portista foi castigado a 30 de abril pelo Conselho de Disciplina (CD), por críticas à arbitragem de António Nobre e Tiago Martins, proferidas na sala de imprensa do Estádio António Coimbra da Mota, no final do jogo contra o Estoril. Ficou 35 dias suspenso e impedido de frequentar áreas técnicas. Foi ainda multado em 5610 euros.
Só com recurso da decisão para o Pleno do Conselho de Disciplina é que o ex-presidente pode ocupar um lugar no banco para se despedir dos dragões. Se este órgão não lhe der razão, segundo o jornal A Bola, o dirigente pode recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAD).
Transição da SAD “arrastada”
Apesar de dizer que encarou o dia da tomada de posse do seu ex-treinador “com normalidade” e de confessar que deseja que o FC Porto “continue a progredir”, Pinto da Costa deu continuidade à onda de críticas — especialmente dirigidas à comunicação social.
“Mais do que um bom programa, o Villas-Boas é um nome com prestígio no FC Porto. Além disso, teve um apoio total da comunicação social, o único que foi isento e igual para as duas partes foi a SIC”, disse.
“Queriam uma mudança, têm uma mudança. Estou convencido que será para melhor. Mudar para pior não vale a pena, para ficar igual também não. Estou seguro que o André será capaz de levar o clube em frente”, acrescentou.
Sobre a renúncia, diz que não se demite porque pensa ser importante a sua presença: “Eu não peço a renúncia não é por fuga nem para que digam que é um ato nobre. É nos interesses do FC Porto.”
“Entendo, e repito, que a minha saída neste momento era negativa para o rendimento da equipa“, atirou.
A demora na transição de poderes na FC Porto SAD não é do agrado de Villas-Boas.
“30 ou 31 de maio é tarde” para a mudança, começou por dizer logo após a cerimónia da tomada de posse.
“Queremos fazer tudo para que seja uma transição suave. A verdade é que os sócios ditaram uma mudança, que tem de ser respeitada. Se a mesma pudesse ser abreviada com um sentido de responsabilidade por parte das pessoas, melhor. Não posso fazer mais nada. Cabe aos próprios decidirem por sua conta”, apontou o antigo treinador dos azuis e brancos, no Dragão.
“É uma situação muito sensível. O tempo urge. Existem decisões fundamentais para serem tomadas e houve exemplos no futebol nacional de que uma situação destas não é benéfica para ninguém. A renúncia facilitaria os processos de decisão da direção e seria um ponto de referência para os funcionários, que estão entre o presidente do clube e um outro presidente da SAD, com a importância histórica que Pinto da Costa tem”, rematou.
“O acesso à documentação não tem sido um problema. Agora, ninguém se juntará a um conselho de administração que não renuncia sem ter total controlo e poder de veto. Isso está fora de questão”, disse, sobre a cooptação de José Pereira da Costa, administrador financeiro proposto pela sua lista.
Não controlar “é difícil” para Pinto da Costa
“Calculo que seja difícil, mesmo em termos emocionais, para alguém que esteve tanto tempo [42 anos] como presidente, a mandar, passar para uma situação em que já não tem qualquer controlo sobre o clube que ajudou a tornar aquilo que é hoje.”
“Há um lado emocional muito forte que faz com que Pinto da Costa se agarre a esta posição”, acredita Luís Mateus, editor-executivo d’A Bola.
[sc name=”assina” by=”Tomás Guimarães, ZAP” url=”” source=”” ]
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