“Cláusula anti-Bruno” ou 14 milhões. Conceição deixa FC Porto e vai “contar a verdade”

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Sérgio Conceição durante jogo do FC Porto

O treinador Sérgio Conceição está de saída do FC Porto sete temporadas depois, após ter rescindido contrato com o terceiro classificado da edição 2023/24 da Liga portuguesa de futebol, confirmou à Lusa fonte ligada ao processo.

A desvinculação do técnico, de 49 anos, acontece alguns dias depois de uma polémica e mediatizada rutura com Vítor Bruno, seu adjunto há 13 anos, que, segundo a imprensa, será o potencial sucessor escolhido pela administração presidida por André Villas-Boas.

O acordo foi alcançado na tarde desta segunda-feira, numa reunião entre advogados da SAD ‘azul e branca’ e de Sérgio Conceição, no Porto, faltando as assinaturas para ficar consumado.

Em comunicado, o FC Porto confirmou a saída do treinador. Sérgio Conceição, que tinha renovado contrato, preferiu a “rescisão unilateral do mesmo, ao abrigo da faculdade que lhe foi concedida de acordo com o respetivo clausulado”.

O clube confirma que Sérgio Conceição não vai receber qualquer indemnização pela saída, e treinador só irá receber os valores a que tem direito – vencimentos e prémios referentes ao contrato ainda em vigor.

De acordo com a CMTV, Sérgio Conceição pediu inicialmente uma indemnização de 14 milhões de euros — contrariando a sua posição inicial de que sairia do clube “sem receber um tostão” — valor que o FC Porto não aceitou.

Como contra-proposta, diz a estação televisiva, o técnico portista aceitaria prescindir da indemnização a troco de o FC Porto ficar impedido de contratar como treinador qualquer dos seus adjuntos — condição que a direção dos azuis e brancos também não aceitou. Ou seja, uma espécie de “cláusula anti-Vítor Bruno”.

O acordo terá ficado fechado após a direção de André Villas-Boas ter aceitado prescindir de qualquer cláusula de confidencialidade em relação ao acordo atingido e aos acontecimentos ocorridos nas últimas semanas.

“Vou contar a verdade”

O próprio treinador também emitiu um comunicado, confirmando a rescisão do contrato.

Considera que estes 7 anos, com 11 títulos, foram um período de “sucesso”, de “grandes feitos desportivos” do FC Porto.

Mas logo a seguir lamenta: “A quebra de confiança num elemento da minha equipa técnica, a ingerência na integridade e coesão da mesma sem o meu conhecimento, deixam-me desgastado e desiludido. Sempre me regi pela frontalidade e pela lealdade”.

O técnico também deixa um aviso: “Em breve virei a público contar a verdade dos factos“, mais concretamente sobre a sua renovação em Abril, a renovação dos outros elementos da equipa técnica e a demora no processo.

Sérgio Conceição garante que sai devido à “lealdade” que tem com o FC Porto; a mesma lealdade que o “prendeu” ao Dragão.

Já na parte final, reforça que houve uma “quebra de valores e traição de outros”. E sai com “dignidade”, repetindo que nunca foi o dinheiro a segurar o treinador.

Era histórica

O ex-internacional português estava vinculado ao FC Porto por mais quatro temporadas, até junho de 2028, sendo que a sua última renovação foi revelada em 25 de abril, a dois dias da histórica derrota de Pinto da Costa, então presidente há 42 anos e 15 mandatos, frente ao atual líder ‘azul e branco’ no ato eleitoral mais participado de sempre do clube.

Em 26 de maio, Sérgio Conceição assinalou o último duelo ao leme dos ‘dragões’, com a conquista da Taça de Portugal, graças à vitória perante o recém-campeão Sporting por 2-1, após prolongamento, na final da 84.ª edição da prova, no Estádio Nacional, em Oeiras.

O FC Porto arrebatou o troféu pela 20.ª vez, e terceira consecutiva, enquanto o treinador ‘selou’ o quarto êxito nas últimas cinco decisões, repetindo 2019/20, 2021/22 e 2022/23, e ampliou os seus recordes de jogos (379), vitórias (274) e troféus (11) no banco do clube.

No fim da final da Taça de Portugal, o treinador portista adiantou aos jornalistas que já tinha uma decisão tomada em relação à sua continuidade à frente do comando da equipa, dando a entender que estaria inclinado a deixar o comando técnico da equipa azul e branca.

Também o discurso de André Villas-Boas, no dia seguinte, durante a cerimónia de entrega da Taça de Portugal no Museu do clube, soou a despedida do treinador.

“Uma palavra final ao míster Sérgio Conceição por sete anos maravilhosos e de títulos e um agradecimento especial a si e muito obrigado em nome do FC Porto por tudo o que fez pelo clube”, disse Villas-Boas.

Entretanto, o enredo complicou-se…

Recordista de jogos, vitórias e conquistas no comando do FC Porto, que orientava desde 2017/18, o técnico, de 49 anos, foi campeão nacional em 2017/18, 2019/20 e 2021/22 e tinha renovado pela última vez há três anos, ficando ligado até ao final desta temporada.

Além das conquistas alternadas de três edições da I Liga, o antigo extremo internacional português venceu quatro taças de Portugal (2019/20, 2021/22, 2022/23 e 2023/24), três supertaças Cândido de Oliveira (2018, 2020 e 2022) e uma Taça da Liga (2022/23).

O treinador natural de Coimbra foi contratado para suceder a Nuno Espírito Santo no verão de 2017, regressando ao clube no qual acabou a sua formação como jogador, tendo conquistado cinco troféus em duas passagens pelo conjunto principal (1996-1998 e 2004).

Antes do FC Porto, Sérgio Conceição treinou Olhanense (2012-2013), Académica (2013-2014), Sporting de Braga (2014/15), Vitória de Guimarães (2015/16) ou os franceses do Nantes (2016/17), iniciando a carreira nos bancos como adjunto dos belgas do Standard Liège (2010/11), um dos clubes representados durante uma década e meia como atleta.

[sc name=”assina” by=ZAP source=”Lusa” ]


Comentários

3 comentários a ““Cláusula anti-Bruno” ou 14 milhões. Conceição deixa FC Porto e vai “contar a verdade””

  1. Avatar de CromossomaXY
    CromossomaXY

    Está bela a transição… Que regabofe!

  2. Avatar de António Almeida
    António Almeida

    Mr. Tretas!!!
    Dr. BláBlá… os Catões Encarnados que viste até agora, dizem tudo ou quase tudo bobre as balelas de bom vendedor que usas… hja compradores!!!

  3. Ai, sou grande portista, não quero um tostão a mais . Mas não impediu de tentar ter uma clausula de 14 M anti adjuntos. pedir 14 milhões a um clube falido diz muito dos grandes principios que diz ter. A assinatura de um contracto de 4 anos a 2 dias das eleições a ganhar 7 M por época também são um excelente exemplo, principalmente quando tudo apontava para que Pinto da Costa ( o corrupto presidente do FCP ) e que manou dali toda a vida , ele e seus lacaios , a ponto de terem deixado o clube na falencia . Todos grandes portistas sim senhor. Quanto aos principios e educação apregoados, anos de expulsões e outras coisas parecidas são talvez prova do contrario .

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