FC Porto viu sair Conceição e apresentou esta sexta-feira o seu adjunto, Vítor Bruno, que sobe ao grande palco. A última vez que isso aconteceu, pouco podia ter corrido melhor: em duas épocas, o “ator secundário” só perdeu um jogo.
Corria o ano de 2011 quando o agora presidente do FC Porto deixava o banco azul e branco ainda frio — só lá se sentou uma época, antes de ir para o Chelsea a troco de 15 milhões de euros. Mas o museu dos dragões ficou, nesse ano, bem mais recheado.
André Villas-Boas foi campeão nacional invicto e venceu tudo o resto no comando técnico dos dragões: Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa.
Mas ao contrário da transição de agora, marcada pela rutura entre Sérgio Conceição e o agora treinador principal do Porto, a mudança de há 13 anos “foi uma decisão pensada pela direção”, garantia o sucessor Vítor Pereira na sua apresentação.
“Homem-sombra” de AVB
E Vítor Pereira, consta, estava de facto mais do que preparado para assumir o papel principal. Pinto da Costa garantiu-o.
“Na eventualidade de uma saída do treinador, o senhor está preparado para assumir a responsabilidade de chefiar esta equipa? Ele disse-me que sim”, disse, na altura, o presidente, cujo reinado de 42 anos chegou recentemente ao fim.
Só tinha experiência de um ano no plantel principal dos dragões, nas costas de Villas-Boas, mas o técnico, que tinha chegado do comando do Santa Clara, da segunda divisão, mostrava serviço — às vezes, mais do que o próprio Villas-Boas.
“No primeiro ano do André Villas-Boas, era Vítor Pereira que montava todos os treinos. Tinha mais influência no trabalho do que Villas-Boas“, lembra o jornalista Pedro Cunha no podcast Café do Setorista.
E o “homem-sombra” de Villas-Boas mostrou cedo o que valia. Em duas temporadas à frente do FC Porto, venceu os dois campeonatos e as duas supertaças. Na Liga só perdeu uma vez (contra o Gil Vicente, em Barcelos, por 3-1, em 2011/12).
Vítor Bruno promete apostar no “ouro da casa”
Agora será, numa situação bem mais delicada, o adjunto Vítor Bruno — que foi o braço direito de Sérgio Conceição desde que este treinava o Olhanense — a assumir o comando dos dragões, depois de ter assinado um contrato válido por duas épocas.
Sem qualquer experiência como treinador principal, o VB às ordens de VB assume o cargo após 13 anos nas costas de Conceição. Mas o ex-adjunto não se sente “nada confortável” em relação a esse assunto e não o quer alimentar, confessou na sua apresentação oficial, que teve lugar esta sexta-feira.
“Podemos olhar para isso como um elefante ou uma formiga na sala”, disse. “Para mim, não é um assunto. Adormeço todos os dias sob o aplauso da minha consciência”.
O novo treinador do Porto deixou ainda uma “dica” sobre a aposta que vai fazer nos jogadores da casa.
“Sangra-me o coração perceber que determinados talentos não aproveitam o que têm. Nisso eu vou fazê-los descansar. Não se tem de falar em prata da casa, mas sim em ouro da casa. Temos tendência a subestimar quem está connosco“, disse.
Como disse Vítor Pereira quando assumiu as rédeas: “é esperar para ver”.
Conversa com Conceição “terminou mal”
Villas-Boas também aproveitou a apresentação do novo treinador para explicar algumas pontas soltas, nomeadamente relacionadas com a saída abrupta de Sérgio Conceição.
“Falámos abertamente durante duas horas e gostava de lhe ter oferecido uma despedida condigna, mas a conversa terminou mal“.
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