Acabou o sonho – com o sofrimento do costume. Portugal está fora do Euro 2024 depois de ter perdido nos pênaltis para a França nos quartos-de-final da prova.Na hora do adeus, fazem-se contas e análises.
“A transpiração eclipsou a inspiração”. É desta forma que o jornal inglês Daily Mail resume o Portugal-França dos quartos-de-final do Euro 2024 que só se decidiu nos penáltis, a favor dos gauleses, após um empate a 0-0 em 120 minutos de jogo.
O ansiado duelo entre Cristiano Ronaldo e Kylian Mbappé acabou por não ser o que se esperava – nenhum deles esteve à altura do nome que carregam no mundo do futebol.
O Daily Mail fala mesmo de um “não existente Cristiano Ronaldo” e diz que “Mbappé não parecia o mesmo, escondido atrás da sua máscara”. O francês acabou por sair a meio do prolongamento, alegadamente devido a problemas físicos, enquanto Ronaldo fez o jogo, como é habitual.
O fim de uma era
Desta vez, depois da eliminação de Portugal, quem chorou não foi Cristiano Ronaldo, mas “o grandioso Pepe” que se mostrou inconsolável após a eliminação, como destaca a Sky News.
Foi Ronaldo quem consolou Pepe num abraço simbólico entre os dois veteranos da Selecção que que se despediram de forma amarga dos Europeus – pelo menos, é o que se prevê considerando que têm 39 anos e 41 anos, respectivamente.
Pepe in tears after the match, consoled by Cristiano Ronaldo. 💔🇵🇹
What a touching moment. Both absolute warriors for their country.#EURO2024 pic.twitter.com/IJyXKmK7Pt
— Football Tweet ⚽ (@Football__Tweet) July 5, 2024
O próprio Ronaldo disse, numa entrevista há dias, que este seria o seu último Europeu. Quanto a Pepe, adiou para depois do Euro a conversa sobre o seu futuro.
Mas se Pepe sai em grande, como um dos melhores jogadores portugueses no Euro 2024 – o que é assinalável dada a sua idade -, CR7 é protagonista pelos piores motivos.
“Ronaldo arruinou a competição de Portugal”
Na hora de fazer contas e análises, Cristiano Ronaldo surge como o maior culpado pela eliminação de Portugal. Os adeptos não lhe perdoam a falta de golos no Euro 2024 após ter marcado sempre nos torneios anteriores.
Ronaldo foi um dos jogadores da Selecção Portuguesa com mais minutos na competição, alinhando desde início nos cinco jogos de Portugal e sem marcar qualquer golo. Aliás, só marcou dois pênaltis nas séries de grandes penalidades contra França e Eslovénia – mas ainda falhou um penálti contra os eslovenos.
Após o Portugal-França, o jornal gaulês L´Équipe deu uma classificação de 3 em 10 a Ronaldo – só Bruno Fernandes se saiu pior para o diário, com um 2 em 10.
“Cristiano arruinou a competição de Portugal“, não duvida o analista desportivo Daniel Riolo da Rádio francesa RMC Sports. O comentador repara que CR7 “é uma lenda, mas desde há anos que corta a projecção de outros jogadores” e “não traz nada à equipa”, diz.
Contra a França, “Portugal jogou com 10 jogadores” e foi Ronaldo quem “impediu que Portugal avançasse no Europeu”, conclui Riolo.
O jornal desportivo espanhol Mundo Deportivo, conotado com o Barcelona, também critica Ronaldo, salientando que se apresentou no Euro “sem faísca, sem recursos”, com “um total de 30 tentativas [de golo] entre faltas e remates, dentro e fora da área, que outrora teriam sido demolidoras, mas não agora”.
O que mais reflecte que Ronaldo “já não é uma ameaça para as grandes defesas da Europa” é o facto de não ter sofrido “sequer uma falta por jogo (0,6)”, analisa ainda o Mundo Deportivo.
“Contra a melhor defesa deste Europeu”, Ronaldo “parecia um boneco nas mãos de Upamecano e Saliba”, conclui o jornal.
Já o jornal espanhol Marca que é visto como mais ligado ao Real Madrid, destaca que Ronaldo teve poucas “bolas adequadas no tempo e no espaço” na zona “onde é letal”.
No final de contas, para a Marca, os “os defesas [de Portugal e França] foram melhores” do que os avançados de ambas as equipas.
“A França está nas meias-finais sem marcar qualquer golo em jogo“, lembra ainda a Marca antecipando as meias-finais contra a Espanha, o próximo adversário dos gauleses.
A fé (ou pouca fé) de Roberto Martínez
Entre os culpados pela eliminação das quinas, aparece também o nome do seleccionador – como não podia deixar de ser. E quem não entenda a “exagerada fé” de Roberto Martínez em Ronaldo, como repara o Mundo Deportivo.
Muitos adeptos portugueses também criticam a aposta insistente em Ronaldo. O treinador só deu 24 minutos de jogo a Gonçalo Ramos no jogo com a Geórgia, onde entrou aos 66 minutos para o lugar de Ronaldo.
Isto também pode revelar a pouca fé nas alternativas ofensivas que levou para o torneio.
As substituições de Martínez durante o Euro 2024 também não agradaram e há quem note que o seleccionador “tem medo”.
“Se aos 30 minutos tirasse o Cristiano Ronaldo, fizesse entrar o João Félix e o Jota, de certeza que teríamos outro resultado, mas para quem tem medo, aconselho que arranje um cão”, escreve a utilizadora da rede social X Carla Santos.
Martínez não entrou em análises profundas depois da derrota e sublinhou apenas que “o azar e a sorte fazem parte” do futebol. “Por cinco ou seis centímetros a bola entra ou não, bate no poste”, considerou numa referência ao penálti falhado por João Félix que acabou por determinar a eliminação portuguesa.
O erro de João Félix
“Infélix”. É desta forma que o desportivo Record destaca a derrota de Portugal contra a França, referindo-se ao penálti do ex-jogador do Benfica que acabou por ditar o desfecho do jogo.
O erro de João Félix também é destacado pelo jornal inglês The Sun que se refere ao actual jogador do Barcelona como o “flop do Chelsea”.
Entre os adeptos de Portugal também se recorda o percurso recente de Félix, notando-se que “continua a ser um flop por onde passa” e que “ajudou-nos a ser eliminados“.
“João Félix comporta-se como um autêntico menino mimado, sem ambição, sem humildade, julgando-se sempre melhor que os seus colegas, raramente joga pelos clubes que representa, mas parece ter lugar garantido na Selecção”, aponta ainda o utilizador do X José Joaquim Januário Jacinto.
Já Marco Vieira, outro adepto de Portugal, diz na mesma rede social que “se houvesse justiça no futebol, Félix nem tinha lá ido” depois de “uma época inteira” em que fez “meia dúzia de jogos a titular e mais meia dúzia a sair do banco”, embora também note que Ronaldo, Bernardo Silva e Bruno Fernandes estiveram “muito fracos no Europeu”.
Feitas as contas, afinal, são todos culpados – e nenhum tem culpas. No fim da história, talvez tenhamos sonhado demasiado alto – como vem sendo habitual na Selecção Portuguesa.
A verdade é que depois de termos sido campeões no Euro 2016, Portugal não voltou a ter grandes resultados nos torneios importantes.
[sc name=”assina” by=”Susana Valente, ZAP”]
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