A bola entrou ou não? Ciência desmistifica “o golo mais polémico da história do futebol”

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É um dos momentos mais emblemáticos da história do futebol inglês: o golo crucial de Geoff Hurst no minuto 101 da final do Campeonato do Mundo de 1966.

Este golo ajudou a garantir o único grande troféu de Inglaterra até à data. No entanto, durante quase seis décadas, a legitimidade deste golo foi objeto de um intenso debate.

Na dramática final, a Inglaterra estava a ganhar por 2-1 quando Wolfgang Weber, da Alemanha Ocidental, marcou o golo do empate no último minuto, levando o jogo para o prolongamento. Aos onze minutos do tempo extra, Alan Ball, de Inglaterra, cruzou a bola para Hurst, que disparou um tiro que bateu na parte de baixo da trave e ressaltou no relvado. Desde então, a questão de saber se a bola cruzou a linha tem sido muito contestada.

Hoje em dia, a tecnologia avançada, incluindo a tecnologia da linha de golo com sete câmaras, garante que esses debates são resolvidos em segundos. No entanto, em 1966, essa tecnologia não existia.

Apenas um número limitado de câmaras de televisão captou o momento, proporcionando ângulos insuficientes para determinar de forma conclusiva a posição da bola em relação à linha de golo.

“Francamente, não acredito em qualquer análise ou conclusão derivada do famoso vídeo do golo”, rebateu Key Bray, físico teórico e antigo consultor científico do Southampton FC, em declarações ao Daily Mail.

“Uma câmara é insuficiente e só é possível obter uma representação tridimensional com duas ou mais câmaras. A minha convicção é que não podemos dizer com certeza que a bola ultrapassou completamente a linha, mas os árbitros atribuíram o golo e pronto”, acrescentou.

Em meados da década de 90, Ian Reid e Andrew Zisserman, da Universidade de Oxford, tentaram resolver o debate com uma abordagem científica. Utilizando imagens de duas câmaras, criaram uma projeção 3D para estimar a posição da bola.

Os investigadores concluíram que a bola bateu no chão em cima da linha e estava “a pelo menos sete centímetros de ser golo“, mesmo tendo em conta possíveis erros.

“Quando trabalhámos nisto em 1996, determinámos que a bola não atravessou a linha”, disse o Zisserman ao jornal inglês. No entanto, os investigadores notaram que a falta de ângulos de visão e o potencial movimento da câmara poderiam ter influenciado as suas conclusões.

Kyle Ferguson, do Centro de Empresas Desportivas da Universidade de Ulster, observou que nenhuma investigação podia responder definitivamente à questão.

O próprio Geoff Hurst disse mais tarde que tinha a certeza de que a bola tinha ultrapassado a linha, baseando a sua convicção na reação do seu colega de equipa, Roger Hunt. Hunt, que estava perto da baliza, levantou imediatamente os braços para assinalar o golo, em vez de tentar marcar no ressalto.

“Instintivamente, se és um grande atacante, tentas marcar”, disse Hurst. “Mas ele [Hunt] levantou o braço e gritou ‘é golo’, e isso é suficiente para mim”.

Hurst ainda marcou mais um golo no jogo, tornando-se o único jogador a marcar três golos numa final do Campeonato do Mundo. Independentemente da controvérsia à volta do golo, o resultado do jogo manteve-se inalterado. E foi assim que a Inglaterra ganhou o seu único Campeonato do Mundo.

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