Com um aviso a Martínez, capitão diz que as expectativas dos portugueses é que estavam muito altas. “A Seleção é uma família”, mas o “pai” nem se recorda do nome dos filhos. Este “complexo de Deus” também bate recordes.
Foi vista como um fiasco com o sofrimento do costume à mistura mas, para Cristiano Ronaldo, a participação de Portugal no Euro 2024 foi uma “vitória” — as expectativas dos portugueses é que estavam “demasiado altas”.
“Não houve qualquer desilusão” aos olhos do capitão da seleção nacional, um dos mais criticados pela eliminação das quinas frente à França: “Não foi excelente, mas foi bom. O passado é passado e há que viver o presente”.
“No Europeu, a expectativa que as pessoas colocaram na seleção foi demasiado alta. A meu ver, não foi uma desilusão, foi parte do crescimento de uma seleção em que o selecionador tem de ter tempo para meter a equipa a jogar à sua maneira. A meu ver foi positivo. Ninguém gosta de perder, mas para mim não foi fracasso, acho que foi uma vitória”, afirmou, em conferência de imprensa esta segunda-feira, em Oeiras.
Cada vez mais parece que Ronaldo tem carta branca para dizer tudo e mais alguma coisa — até para inventar dois golos como quem não quer a coisa.
“Em branco? Marquei 2”
Ronaldo talvez não seja o único a achar que nem tudo correu mal, mas fica quase de certeza sozinho quando defende que, afinal, não ficou em branco no Euro 2024.
À conversa com Rio Ferdinand no seu canal de Youtube, o avançado de 39 anos desvalorizou recentemente o facto de não ter marcado na competição e expressou uma opinião muito distante da de praticamente todos os portugueses: “Cristiano marcou golos” no Euro 2024.
Ronaldo referia-se aqui aos seus dois penáltis contra a Eslovénia e França… no desempate por grandes penalidades.
“Dizem que o Cristiano não marcou golos, mas eu marquei. Dois”, afirmou perante o ex-colega de equipa.
Sair da Seleção? “Sou uma mais-valia”
Sair da seleção “nunca passou pela cabeça” de Cristiano Ronaldo — especialmente depois do Euro na Alemanha.
“Nunca me passou pela cabeça. Antes pelo contrário, o Europeu ainda me deu mais motivação para continuar”, explicou. Acredita que é uma mais-valia nos comandados de Roberto Martínez.
“O que sinto é que, neste momento, ainda continuo a ser uma mais-valia na seleção. Quando sentir que não sou uma mais-valia, sou o primeiro a ir-me embora e vou com a consciência tranquila, como sempre. Sei o que sou, o que faço e o que continuarei a fazer”, frisou.
“Será uma decisão muito própria de mim e que não será muito difícil de tomar. Será uma decisão normal como outros jogadores a tomaram”, disse, dando o exemplo da “carreira excelente” de Pepe, que pendurou as chuteiras recentemente, aos 41 anos.
E o experiente defesa-central parece deter outro recorde que Ronaldo ambiciona. Questionado, o craque português admite não se retira já de uma participação no Mundial2026 e assumiu que para já é “impossível responder a essa pergunta”.
“Respeito o treinador, mas nem sempre”
Sobre as críticas que o apontaram como um dos principais culpados pela eliminação da Seleção portuguesa no Campeonato da Europa, afasta preocupações: “sem crítica, não há evolução”. E deixa o aviso prévio a Martínez: quer a titularidade.
“Eu sempre terei, até ao final da minha carreira, o pensamento de que serei titular. Eu respeitei sempre as decisões dos selecionadores e treinadores”, disse, antes de se corrigir: “Nem sempre, exceto uma outra vez, mas isso é porque também se portaram mal comigo”.
“Seleção é família” (mas o “pai” não sabe o nome dos filhos)
Capitão da Seleção pela primeira vez há 17 anos, Ronaldo é o mais internacional de sempre por Portugal e é, por essas duas e muitas outras razões, visto como um exemplo para os mais jovens. “Sou como um irmão mais velho, e mesmo como um pai para alguns”, admite.
O sportinguista Geovany Quenda, que pode tornar-se — se jogar na quinta-feira — o mais jovem de sempre a estrear-se pela Seleção A, é exemplo flagrante entre as caras novas, mas o “pai” parecia nem saber o nome do novo “filho” e colega de equipa.
“Ainda há bocado eu estava a subir para o quarto, vi o miudinho de 17 anos, fui ter com ele, mas vi que ficou um bocado envergonhado. Muitos deles têm vergonha de falar comigo”, disse.
“Quem me conhece sabe que na seleção sou sempre um irmão mais velho, ou pai para alguns. Ajudar na integração deles é fundamental, também já passei pelo mesmo. A seleção é uma família e quando alguém vem é sempre uma mais-valia para o futuro”, sublinhou.
Ronaldo conta como foi a primeira interação com Quenda 🤣 pic.twitter.com/SooYr8j6b7
— B24 (@B24PT) September 2, 2024
Golo 1.000? Não sabe. O youtuber tem novos objetivos
A apenas um de atingir a marca dos 900 golos na carreira, o madeirense não está preocupado em chegar aos redondos 1.000. “Se me sentir motivado, tentarei chegar à marca dos 1.000 golos”, disse.
Recém-chegado ao Youtube, o influencer Ronaldo já chegou aos 50 milhões de subscritores no espaço de uma semana, e aponta nos dias de hoje a um novo recorde: bater Mr. Beast, o maior youtuber do mundo.
“Os meus filhos já dizem que sou youtuber, não sou jogador”, brincou esta segunda-feira.
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A Seleção Portuguesa regressou ao trabalho esta segunda-feira para começar a preparar o jogo desta quinta-feira com a Croácia, na estreia na Liga das Nações. Três dias depois defronta a Escócia. Ambos os jogos terão lugar no Estádio da Luz, em Lisboa, pelas 19h45.
[sc name=”assina” by=”Tomás Guimarães, ZAP” url=”” source=”” ]
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