De chefes de gabinetes de ministros a funcionários de tribunais e das Finanças, há uma teia de “cunhas” por bilhetes do Benfica e até um juiz a pedir um patrocínio para um filme. São novas revelações no âmbito do chamado caso dos emails.
Segundo detalhes revelados esta segunda-feira pela revista Sábado sobre os emails que têm sido divulgados pelo blogue Mercadodebenficapolvo, há figuras dos Serviços de Finanças, de gabinetes de ministros e até funcionários judiciais a pedir bilhetes para jogos do Benfica, suspeitando-se de uma alegada troca de favores prestados ao clube.
A publicação relata, nomeadamente, o caso do juiz Nuno Salpico, sublinhando que este tinha julgado “um processo cível que opunha o Benfica à Britalar, empresa do presidente do Sp. Braga, António Salvador”, que acabou com “um acordo extra-judicial”.
Num email trocado com um advogado do Benfica, Pedro Garcia Correia, da sociedade “Correia, Seara, Caldas, Associados” (CSCA), Nuno Salpico surge a pedir patrocínio para um filme sobre D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, revela a Sábado.
O juiz menciona uma cena do filme dedicada a um jogo de futebol, “escassas horas antes da Batalha de Aljubarrota”, frisando que nesse momento, com o patrocínio do Benfica, pode estar, “quem sabe, a génese de um Benfica grande“, caso “seja possível a participação dos craques do Benfica”.
Outro caso incide sobre um alegado funcionário judicial do Tribunal de Guimarães, identificado como Júlio Loureiro, que enviou, a 10 de Novembro de 2016, um email a Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, com uma notificação judicial para a audição do treinador Rui Vitória, como testemunha, num processo na Cidade-Berço.
“Para conhecimento antecipado, dado ser uma data que antecede a viagem à Turquia, remeto-lhe cópia de uma notificação para Rui Vitória. Agradeço discrição quanto ao assunto uma vez que nem sequer é da minha secção, ok?”, escreve esse funcionário judicial no email citado pela Sábado.
Esse funcionário judicial de Guimarães constará da lista das “cunhas” por bilhetes para jogos do Benfica, tal como o antigo delegado da Liga, Nuno Cabral, que é suspeito de passar ao Benfica informação privilegiada desta entidade.
Também a ex-chefe de gabinete do antigo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, terá pedido três bilhetes, através do chefe de gabinete do então secretário de Estado do Desporto e Juventude.
Há ainda pedidos de funcionários dos Serviços de Finanças 5 de Lisboa, segundo os emails consultados pela Sábado.
Recentemente, Mário Centeno foi alvo de um inquérito do Ministério Público depois de se saber que, através do seu gabinete no Ministério das Finanças, tinha pedido bilhetes para si e para o filho, para assistir a um jogo do Benfica, na tribuna VIP do Estádio da Luz.
O inquérito em causa foi arquivado pela Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, “por inexistência de crime” por parte do ministro das Finanças.
“Realizado o inquérito, recolhida a prova documental e pessoal necessária ao apuramento dos factos, o MP concluiu pela não verificação do crime de obtenção de vantagem indevida ou qualquer outro, uma vez que as circunstâncias concretas eram suscetíveis de configurar a adequação social e política própria da previsão legal“, adianta a PGDL.
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