O Benfica e o seu presidente Luís Filipe Vieira anunciaram que vão processar a eurodeputada Ana Gomes depois de esta ter dito que “há um passado de delinquência ligado” ao presidente do clube.
A notícia foi avançado pelo Diário de Notícias, que cita uma fonte oficial do Benfica. De acordo com o jornal, Ana Gomes vai ser alvo de uma queixa por alegadas “calúnias, falsas declarações e difamação” após ter apontado o dedo a Luís Filipe Vieira e ter defendido o hacker Rui Pinto, que ficou em prisão preventiva pela alegada prática de seis crimes envolvendo o Sporting e a empresa Doyen.
Numa entrevista publicada pelo Record, Ana Gomes diz que “extraordinariamente, a SAD, o clube e o seu dirigente máximo não são acusados. Sabemos que o dirigente máximo do clube está referenciado em várias listas de grandes devedores do país por vários empréstimos não pagos. Há todo um passado de delinquência ligado a essa pessoa. Há inúmeros elementos que apontam para o facto de o Benfica poder ter especial interesse em que alguém que tem um acervo considerável de documentos de vários clubes não só possa ser posto sob controlo, mas inclusivamente o seu arquivo também o seja.”
Ana Gomes também se referiu a Rui Pinto, suspeito de alegadamente ter levado a cabo um ataque aos servidores informáticos do Benfica e de ter passado essa informação ao FC Porto e à comunicação social. Para a eurodeputada, Pinto faz parte de um grupo de pessoas que “faz um trabalho extraordinariamente importante na defesa do interesse público” e “no combate ao crime organizado”.
A diplomata diz que Rui Pinto “tem razão para temer pela sua vida” agora que foi extraditado para Portugal, mas que as autoridades portuguesas terão a obrigação de salvaguardar a segurança do arguido.
Ana Gomes comparou ainda dois processos que envolvem o Benfica (o caso e-toupeira) e o FC Porto (Apito Dourado). “O que eu percebo do Apito Dourado é que acabou por dar em muito pouco, não obstante ter ficado mais claro que havia uma podridão total nos circuitos do futebol. Penso que agora o e-toupeira vem confirmar isso”.
“Não é estranho que crimes graves de uma série de pessoas, como o corruptor de um funcionário judicial envolvido que tinha passwords de magistrados para ir ver processos para o dito clube, não ser acusada, estando ela ao corrente?”, pergunta, referindo-se a Luís Filipe Vieira, a quem Paulo Gonçalves – diretor jurídico do Benfica e acusado no caso e-toupeira – reportava.
“Mantenho tudo o que disse”
Em declarações à SIC Notícias, Ana Gomes garantiu que não retira uma palavra do que disse relativamente ao Benfica e ao presidente Luís Filipe Vieira.
“Mantenho o que disse. Aguardo desenvolvimentos com toda a tranquilidade”, disse a eurodeputada.
Esta não foi a primeira vez que Ana Gomes falou sobre o alegado envolvimento em situações menos claras no âmbito do processo e-Toupeira, sendo certo que nas anteriores situações o Benfica avançou com processos em tribunal.
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